domingo, 4 de julho de 2010
NO DIVÃ COM LILIAM BOARATI
Lilian Boarati
Psicóloga Clínica - Analista do Comportamento
Transtorno da Personalidade Borderline
A característica essencial do Transtorno da Personalidade Borderline é um padrão global de instabilidade dos relacionamentos interpessoais, da auto-imagem e dos afetos, e acentuada impulsividade que começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos.
Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline fazem esforços frenéticos para evitar um abandono real ou imaginário.
A percepção da iminência da separação ou rejeição ou perda da estrutura externa pode ocasionar profundas alterações na auto-imagem, no afeto, na cognição e no comportamento.
Esses indivíduos são muito sensíveis às circunstâncias ambientais. Eles experimentam intensos temores de abandonos e raiva acentuada, mesmo diante de uma separação real de tempo limitado ou quando existem mudanças inevitáveis em seus planos.
Eles podem acreditar que este “abandono” implica que eles são “maus”. Esse medo do abandono está relacionado a uma intolerância à solidão e a uma necessidade de ter outras pessoas consigo. Seus esforços no sentido de evitar o abandono podem incluir ações impulsivas, tais como comportamentos de automutilação ou suicidas.
Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline têm um padrão de relacionamentos instáveis e intensos. Eles podem idealizar potenciais cuidadores ou amantes já no primeiro ou segundo encontro, exigir que passem muito tempo juntos e compartilhar detalhes extremamente íntimos na fase inicial de um relacionamento.
Pode haver, entretanto, uma rápida passagem da idealização para a desvalorização, por achar que a outra pessoa não se importa o suficiente, não dá o bastante de si na relação e não está ao seu lado o suficiente.
Esses indivíduos podem sentir empatia e carinho por outras pessoas, mas apenas com a expectativa de que a outra pessoa esteja presente, para também atender às suas próprias necessidades.
Estão inclinados a mudanças súbitas e dramáticas em suas opiniões sobre os outros. Tais mudanças são observadas na auto-imagem, caracterizadas por objetivos, valores e aspirações profissionais em constante mudança. Da mesma forma, podem exibir subitamente mudanças de opiniões acerca de carreira, identidade sexual, valores e tipos de amigos.
Estes indivíduos, por vezes, possuem o sentimento de não existirem em absoluto. Tal experiência ocorre em situações nas quais o indivíduo sente a falta de um relacionamento significativo, carinho e apoio.
Exibem impulsividade em pelo menos duas áreas prejudiciais para si próprios: jogar, fazer gastos irresponsáveis, comer em excesso, abusar de substâncias, engajar-se em sexo inseguro ou dirigir de forma imprudente.
Apresentam, frequentemente, comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou comportamento automutilante. Tais atos, autodestrutivos, geralmente são precipitados por ameaças de separação ou rejeição ou por expectativas de que assumam maiores responsabilidades.
Apresentam instabilidade afetiva, devido a uma acentuada reatividade do humor (irritabilidade ou ansiedade). Expressam raiva intensa e inadequada ou têm dificuldade para controlar sua raiva. Tais expressões de raiva, frequentemente, são seguidas de vergonha e culpa e contribuem para o sentimento de ser mau. Esses episódios podem refletir a extrema reatividade do indivíduo a estresses interpessoais.
Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline podem ser incomodados por sentimentos crônicos de vazio. Facilmente entediados, podem estar sempre procurando algo para fazer.
Estes indivíduos podem ter um padrão de boicote a si mesmos, quando uma meta está prestes a ser alcançada (abandonar a escola antes da formatura, destruir um relacionamento quando este poderia ser duradouro).
Perdas recorrentes de empregos, interrupção dos estudos e casamentos rompidos são comuns.
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