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O silêncio fala mais que mil palavras. O silêncio enche o ar de vibrações que nenhum som é capaz de produzir. Quando nos quedamos diante de nós mesmos e deixamos que a nossa alma flua, não necessitamos de palavras. O silêncio, que a tudo imobiliza, inunda o coração e fala por nós. Por mais que as palavras sejam maravilhosas, as rimas por vezes se quebram e se transformam em soluços. Então, o silêncio pode ser a máxima expressão do nosso íntimo. (Lisieux)

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O MITICO



 
O PENSAMENTO MÍTICO

«A Filosofia desponta num determinado momento específico da nossa cultura. Historicamente, esse momento situa-se nos princípios do século VI a. C. No entanto, a preceder esta data fora percorrido um longo caminho pelo homem, em que ele não tem ainda ideias claras sobre si mesmo, nem pensamentos distintos e bem definidos sobre as coisas, a vida e o mundo.

Naquele tempo, a comunicação entre os homens está impregnada de muitos mistérios. Todas as imagens primitivas do mundo chegam até nós envolvidas de uma atmosfera mística ou mágica, transmitindo ou sugerindo uma explicação do universo mais próxima dos nossos sonhos do que da realidade. Todavia, tais explicações que nos parecem irreais evidenciam já uma profunda criatividade da imaginação humana. E, daquela confusão primitiva, que é a vivência humana, emerge lentamente, durante milénios, o pensamento mítico.
A A
 
1. Que é o mito?

Os povos mais antigos procuravam responder às suas interrogações com histórias longínquas, sempre muito misteriosas, sobre a origem das coisas, o destino do homem, as causas do bem e do mal, sobre as divindades, etc. Estas histórias, designadas por “mitos”, foram consideradas, durante muito tempo, como lendas que eram transmitidas, quase sempre por via oral, pelos antepassados. Consideradas por alguns como simples ficção literária, aquelas narrativas revelam já uma preocupação do homem pré-filosófico em saber qual a sua posição no seio do universo, constituindo uma reflexão sobre toda a praxis humana.

 A palavra «Mito» (deriva do grego: muthos - μύθος -, fábula) significa relato dos tempos heróicos do passado. Esta definição encerra, em si, uma característica comum a todos os mitos daquele tempo: o seu carácter fabuloso, algo inventado, sem existência real, mas crível para os povos que viviam e praticavam o mito. Como escreve Mircea Eliade, «o mito conta uma história sagrada, quer dizer um acontecimento primordial que teve lugar no começo do Tempo, ab initio. Mas contar uma história sagrada equivale a revelar um mistério, porque as personagens do mito não são seres humanos: são Deuses ou heróis civilizadores, e por esta razão as suas gesta constituem Mistérios: o homem não poderia conhecê-los se lhos não revelassem» (Mircea Eliade, O Sagrado e o Profano – A Essência da Religiões, Lisboa, Edição Livros do Brasil, s.d., p. 107). O mito é, portanto, uma revelação.

O pensamento mítico é muito antigo e não pode, com rigor, ser datada a sua origem. Sabe-se, contudo, que começa a perder a sua influência por volta do século VI a.C. Mas o mito faz parte integrante da natureza humana e existe em todas as culturas. Todos os povos criaram os seus mitos da criação do universo e do próprio homem, e até mitos mais particulares que se reportam a coisas ou a acontecimentos menores. Sendo uma presença constante na mentalidade dos povos, o mito ilumina o seu mundo com espíritos ou deuses benfazejos e malfazejos, e com criações fabulosas, fruto da sua imaginação efabuladora.

Quando no homem desperta a consciência humana e verifica que no seu habitat coabitam outras espécies diferentes da sua, que lhe causam problemas, e que outros grupos humanos são hostis entre si; quando se sente aterrorizado pelas forças da natureza como o mar tempestuoso; quando as tempestades lhes destroem os seus bens, começa a intuir que existem causas que obedecem a leis misteriosas que desconhece; e tendo dificuldade em determinar que causas são essas, o homem passa a atribuí-las ao destino, à divindade e aos deuses da terra e dos céus, porque são estas forças misteriosas que explicam como tudo acontece. Inicia-se, então, um longo processo de organização dos espaços, nascendo, em simultâneo, o desejo de dominação entre grupos para afastar o medo e a insegurança face a ataques exteriores de animais ou pessoas. Perante esta realidade, os povos encontram nos mitos a força anímica bastante para os unir no seio das suas comunidades.

Sendo, essencialmente, populares e anónimos, estes relatos mitológicos põem em cena seres que encarnam, sob uma forma simbólica, forças da natureza ou aspectos da condição humana. Por isso, uma vez dito o mito, este passa a ser considerado verdade absoluta e indiscutível: «É assim, porque é assim». E, desta forma, os transmissores do mito sustentam a validade das suas histórias sagradas e das suas tradições religiosas. Porquanto, o mito proclamando a aparição de uma nova situação cósmica ou de um acontecimento primordial é sempre uma criação sagrada. Mas o mito não é uma explicação que satisfaça a curiosidade científica, é sim um relato que faz reviver uma realidade original, respondendo a uma necessidade religiosa e a aspirações morais e práticas que todos comungam.

Sem que se possa ter a certeza, o mito terá surgido quando a religião procurou assenhorear-se de tudo o que a fantasia humana divinizou, e o homem nele encontrou o modo apropriado para explicar o Mundo e os seus fenómenos naturais. Para formar um mito, bastaria o aparecimento de um fenómeno natural estranho, assombroso e insólito. E, quanto menos fosse compreensível a sua estrutura, melhor para excitar a imaginação criativa dos homens, provocando, ao mesmo tempo, o medo, a insegurança ou a sua curiosidade.

Daí que as primeiras “interrogações” humanas tenham recaído, não propriamente sobre o mundo restrito do homem, mas sobre realidades mais complexas para pensamento humano: a origem do mundo e das suas partes, os fenómenos da natureza – realidades que lhe são exteriores – foram, muito provavelmente, os primeiros motivos a que os míticos prestaram a sua atenção. O Mito constitui, portanto, uma primeira forma de explicação do universo e de tudo que nele ocorre. Mas esta primeira “explicação” e ideias desenvolvidas são ainda muito impregnadas da ordem sentimental; no entanto, esta forma de pensar é já o princípio que conduz o pensamento humano a novos modos de apreensão e explicação da realidade cósmica.

Sendo, embora, uma explicação “irracional”, já se faz um esforço para estabelecer alguma correlação entre o efeito e a sua causa, na tentativa de descobrir nexos de causalidade entre as coisas, isto é, entre as coisas e a sua origem. Enfim, o mito é uma história tradicional que corporiza as crenças de um povo no que concerne à criação, aos deuses, ao universo, à vida e à morte.
Talvez se possa dizer que os mitos foram as primeiras tentativas de formulação de uma “filosofia” e de uma “ciência”. Todavia, neste labor mítico, a reflexão pessoal não é ainda perceptível. O pensamento dos mais esclarecidos vai ainda limitar-se, por muito tempo, a interpretar e a comentar o mito, única via por que se desenvolve a sua vida espiritualCaixa de texto:  
.»António A. B. Pinela, Para que serve a Filosofia, 1ª ed. (eBook), 2010, pp. 24-28, in www.eurosophia.com 
Postado por Liliam Padilha Ferreira às 00:39

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