“Ciúme: O Inferno Do Amor Possessivo” - Uma Análise Sob A Perspectiva Da Tríplice Contingência
Autor: Thiago de Almeida
Paulo Moralles Roveri*
UNIANCHIETA
Thiago de Almeida**
Instituto de Psicologia – Departamento de Psicologia Clínica - USP
Breves considerações acerca da obra “Ciúme: o inferno do amor possessivo”
O filme Ciúme: o inferno do amor possessivo (1994), do diretor francês Claude Chabrol, retrata a vida de um casal cujo relacionamento começa a ficar cada vez mais conturbado devido às conseqüências negativas do ciúme para a relação.
Paul é um homem jovem que constrói um hotel perto de onde já trabalhava há quinze anos. Conheceu Nelly e com o passar do tempo casaram-se e tiveram um filho chamado Vincent. Paul vive sempre “nervoso” e atarefado com a rotina do hotel. Por diversas vezes toma medicamentos para diminuir o estresse e doses de bebida alcoólica. Nelly, uma mulher muito bonita e vaidosa, ajuda Paul nos serviços do hotel e, por vezes, mostra-se uma mulher atenciosa com Paul.
A desconfiança de Paul começa dentro do próprio hotel, onde Nelly passa a dar indícios de que estaria tendo algum envolvimento com um hóspede chamado Martineau, o qual é mecânico do carro de Paul, mora perto da mãe de Nelly e foi flagrado por Paul mostrando slides com fotos para Nelly numa sala escura do hotel. A partir daí, Paul passa a perseguir Nelly por todos os lugares, buscar provas de que está sendo traído e ainda agindo de forma agressiva com ela. Enfim, Paul passa a exercer um papel extremamente agressivo e controlador no relacionamento com Nelly.
Paul e Nelly, inicialmente, viviam muito bem no hotel em que eram donos. Todos os anos recebiam vários hóspedes; muitos deles já eram clientes assíduos. Seu filho, Vincent, com aproximadamente sete anos de idade, não exerce um papel tão determinante no decorrer do filme, a não ser para, eventualmente, servir como sinal gerador de dúvida para Paul sobre “onde estaria sua mulher, se não cuidando de seu filho”.
Apesar de toda a busca por algum fato que possa comprovar essa suposta infidelidade de Nelly, não há no filme uma ocasião que verdadeiramente a condene. A questão que fica é: Nelly teria ou não culpa pela instalação e manutenção do padrão comportamental ciumento de Paul? Também podemos transpor esta questão para os relacionamentos ciumentos de hoje em dia: até que ponto somos responsáveis pelo ciúme do(a) parceiro(a) num relacionamento amoroso?
Para responder a essa questão e analisarmos as contingências do referido assunto (Ciúme e Violência) no filme estaremos partindo do ponto de vista da Análise do Comportamento e sua filosofia Behaviorista Radical, bem como, e não menos importante, a análise funcional como instrumento essencial para estudar o comportamento.
Sobre o Ciúme
Segundo ALMEIDA (2007a), o ciúme é um sentimento tão controvertido quanto complexo. Ele está presente em diversas situações da nossa vida, porém o ciúme qual iremos tratar neste trabalho será o que envolve uma relação afetiva entre casais, isto é, o ciúme romântico. Num contexto amoroso, ele geralmente surge quando uma das pessoas envolvidas na relação diádica percebe que não tem mais tanta importância para o parceiro e que esta atenção frequentemente está voltada para outra pessoa, o que caracteriza um rival na disputa pelos reforçadores que o parceiro oferece.
Para algumas pessoas o ciúme é qualificado como algo bom, uma prova de amor, porém, para outros ele é associado a brigas, desentendimentos, raiva, tristeza, angústia, entre outros e pode contribuir para o término de um relacionamento. ALMEIDA (2007b) faz menção à dificuldade de se chegar a um consenso sobre o entendimento do ciúme, sendo que ele pode ser compreendido de diferentes formas de acordo com sua respectiva cultura.
Geralmente, o ciúme surge num relacionamento amoroso quando há uma ameaça da perda do(a) parceiro(a) e de tudo que ele oferece para outra pessoa. Alguns sentimentos como medo, raiva, desconfiança, angústia, ansiedade podem estar presentes nessas situações, variando de pessoa pra pessoa (ALMEIDA; RODRIGUES; SILVA, 2008).
Num relacionamento, geralmente, o outro é tratado como objeto, deixa de fazer atividades que gosta, diminui o circulo de amizades, entre outras coisas que possam sinalizar uma ameaça para o relacionamento. ALMEIDA; RODRIGUES; SILVA, (2008) afirmam não haver uma aceitação recíproca e o que talvez possa parecer uma preocupação ou cuidado com o parceiro, como um sentimento “altruísta”, na verdade pode ser entendido por “egoísmo”, ou seja, o ciumento age de forma com que o parceiro não exerça seus direitos e seja controlado.
O ciúme exagerado, chamado de ciúme patológico, faz referência à obra literária de Shakespeare, em 1603, passando também a ser chamado de Síndrome de Otelo. Tanto na literatura e no presente filme quanto na realidade estão presentes diversos comportamentos - públicos ou encobertos – irracionais, perturbadores, inaceitáveis e bizarros. Geralmente, segundo TODD; DELLWURST (1955) há um medo grande de perder a pessoa amada para um rival, aumentando a desconfiança excessiva e infundada, o que também fica provável um fim dessa relação.
Para ALMEIDA; RODRIGUES; SILVA (2008) é muito comum uma pessoa esperar que o parceiro demonstre ciúme de vez em quando, averiguando se ainda existe um afeto recíproco, por exemplo. Dessa forma, toda relação se pressupõe que haja certa intensidade de ciúme saudável. A partir disto, muitos casais passam a investir mais em si mesmo e no outro quando percebem que existe alguma ameaça para o relacionamento.
O modelo da Análise do Funcional do Comportamento para o entendimento das emoções
Quando falamos em Análise Funcional do Comportamento estamos querendo descobrir as variáveis das quais o comportamento é função; identificar os determinantes do comportamento, isto é, identificar as relações funcionais entre os comportamentos dos indivíduos e suas conseqüências. Segundo MOREIRA; MEDEIROS (2007), os eixos fundamentais de uma análise funcional são os paradigmas respondente (principalmente no que diz respeito às emoções) e operante. MATOS (1999) aponta que o primeiro passo para a realização de uma análise funcional é a identificação do comportamento de interesse. O segundo passo seria identificar e descrever o efeito comportamental, isto é, a freqüência em que ocorre, a duração e a intensidade desse comportamento. E o terceiro diz respeito às relações entre variáveis comportamentais e ambientais de interesse, ou seja, descrevermos a situação que antecede e que sucede o comportamento em questão, em seguida, identificarmos sob quais condições ou conseqüências o comportamento é função.
Para explicar as causas de um comportamento, SKINNER (1989) afirma existir três níveis que influenciam o comportamento. O primeiro nível é filogenético, advindo dos traços genéticos, fisiológicos e comportamentais próprios da nossa espécie, como os reflexos, por exemplo. O segundo se dá a partir das contingências ontogenéticas, ou seja, da atuação direta do organismo com o meio em que vive durante sua história de vida (e.g.: deixo de falar em público devido a más experiências antes vividas, como vaias, humilhações por parte dos colegas de classe, entre outras). E o último é o nível cultural, como as práticas sociais de uma cultura, a moda, estilo de vida, religião, valores, preconceitos, alimentação, entre outros.
Como já foi dito, a relação de dependência entre eventos ambientais e comportamentais é chamada de Contingência; é uma regra “se..., então...”. Segundo Souza (2001) é importante fazer uma análise de contingências para identificar os elementos envolvidos numa situação e se há uma relação de dependência entre eles. Se houver, podemos dizer que o comportamento foi reforçado ou punido, havendo aprendizagem.
Para SKINNER (1953) as conseqüências são reforçadoras quando aumentam a probabilidade do comportamento contingente ocorrer novamente, e punitivas quando diminuem essa probabilidade. Ambas podem consistir na apresentação de um estímulo no ambiente (positivo) ou da remoção de um estimulo no ambiente (negativo).
CATANIA (1999) afirma que uma resposta reforçada tem a probabilidade aumentada de ocorrer novamente, porém, esse aumento não é permanente. Assim que o reforço for suspenso, o determinado comportamento volta aos níveis originais antes de ter sido reforçado.
“A operação de suspender o reforço é chamada de extinção; quando o responder retorna aos seus níveis prévios como resultado dessa operação, diz-se que foi extinto. Esse retorno do comportamento aos seus níveis anteriores ao reforço demonstra que os efeitos de reforço são temporários. O responder é mantido apenas enquanto o reforço continua, e não depois que ele é suspenso.” (Catania, 1999, p. 92).
Tanto a punição negativa quanto a extinção têm como efeito a diminuição de um comportamento através da impossibilidade do contato com o reforçador antes disponível. Na punição positiva acrescenta-se um estímulo aversivo como conseqüência (um tapa, por exemplo) ao invés de retirar um estímulo reforçador. Através da imediaticidade da conseqüência, da eficácia independente de privação e da facilidade de se aplicar, a maioria das pessoas utiliza a punição no seu cotidiano (MOREIRA; MEDEIROS, 2007). O que muitas pessoas não têm consciência é que punição traz conseqüências emocionais ruins, como sentimento de culpa, vergonha, medo, ansiedade, frustração, raiva, vingança, entre outros (SKINNER, 1953).
Como alternativas, SKINNER (1953) indica os procedimentos de esquecimento, extinção e reforço diferencial, passando a não dar atenção aos comportamentos inadequados e reforçando os adequados, criando assim um processo de modelagem do comportamento esperado.
E por que respondemos na presença de um estímulo e não na presença de outro? Para facilitar a pergunta, por que dizemos com maior freqüência que amamos o(a) parceiro(a) quando suas expressões faciais demonstram “felicidade”, como no dia dos namorados, por exemplo, do que quando estamos no meio de uma briga? Com certeza, porque a primeira situação indica que a probabilidade desse nosso comportamento verbal ser bem aceito e até retribuído pelo outro é bem maior do que num momento de discussões. A esse fato damos o nome de discriminação. Millenson (1975) a define como “... o responder diferencial na presença de situações diferentes... pela habilidade de ‘distinguir uma coisa da outra’” (p. 205). Essa discriminação se desenvolve através da generalização. O contrário, quando um estímulo indica uma baixa probabilidade de o comportamento ser reforçado, damos a ele o nome de estímulo delta (por exemplo, não ousamos atravessar a rua se o semáforo estiver verde para os carro).
Schoenfeld & Keller (1966) definem a generalização “quando um organismo está condicionado para responder a um estímulo, responderá da mesma maneira a certos outros” (p. 131). Provavelmente, o fato anterior de dizer que ama o(a) namorado(a) na presença de um sorriso, por exemplo, foi aprendido desde criança quando o rosto “bravo” do pai significava que não adiantaria pedir nada pois não receberia e que o rosto “feliz” aumentaria as chances de ser reforçado. A partir daí passamos a emitir determinados comportamentos na presença de sorrisos (seja qual for a pessoa).
Mas, por que algumas pessoas são mais persistentes que outras? Por que costumamos sair de casa pra pegar um ônibus perto do horário que ele passa no ponto e não ficamos o dia inteiro esperando-o? Por que não apertamos incansavelmente o botão do elevador até ele chegar ao andar desejável? Por que nos tornamos viciados em jogos de azar? Essas e outras questões fazem parte do que chamamos Esquemas de Reforçamento.
Esses esquemas são as condições em que os comportamentos são reforçados, as regras estabelecidas entre respostas e reforços. SKINNER (1969, citado por MACHADO, 1986) afirma que cada esquema é uma contingência de reforçamento, é uma exigência a qual deve ser cumprida para que uma resposta seja reforçada. Inicialmente, Skinner identificou o esquema de reforçamento contínuo (a cada resposta emitida o organismo ganha um reforço) e o esquema de reforçamento intermitente (um reforço que depende da variável freqüência de respostas ou intervalos de tempo). Sabemos que há outros tipos de esquemas como o não-contingente (supersticioso), o de tempo (fixo e variável), reguladores de velocidade, diferencial, compostos (MOREIRA; MEDEIROS, 2007). Porém, vamos nos ater apenas aos esquemas básicos de razão e intervalo.
MACHADO (1986) afirma que dois pontos fundamentais para a definição desses esquemas são a passagem de tempo e a ocorrência de determinada quantidade de respostas. De modo bem simples a autora define o esquema de intervalo sendo um reforço liberado para a primeira resposta que ocorra após a passagem de certo período de tempo desde o reforço anterior. Se esse período entre um reforço e outro for sempre o mesmo (invariável), então se chama esquema de intervalo fixo (FI). Porém, se esse intervalo variar, for diferente de uma ocasião para outra, então o chamamos de esquema de intervalo variável (VI). Nesses exemplos o reforço torna-se mais provável à medida que o tempo passa, bastando uma única resposta.
Outro exemplo é o esquema de razão, ou seja, o reforço só é apresentado após um número sucessivo de respostas serem emitidas a partir do último reforço. Portanto, depende da quantidade de resposta que o indivíduo emite, e não do tempo, como visto anteriormente. Se a quantidade de respostas for sempre a mesma para a obtenção de reforço, então damos o nome de esquema de razão fixa (FR). Contudo, se a quantidade de respostas necessárias para a obtenção de reforço variar de uma ocasião para a outra, então diz respeito ao esquema de razão variável (VR).
Para SKINNER (1989) o sentimento é um tipo de ação sensorial, assim como o ver e o ouvir. As respostas verbais que denominam os sentimentos são produto de contingências especiais de reforçamento. A análise experimental do comportamento favorece o entendimento e o esclarecimento na compreensão do ciúme por esclarecer os papéis dos ambientes passado e presente.
Quando falamos em emoção, costumamos identificá-la através das nossas experiências que carregamos desde criança, sem contar o fator cultural que passa despercebida. Por exemplo, se vemos uma pessoa correndo de um cachorro, logo falamos que ela está correndo de medo. Todavia, isso é apenas uma forma popular de se explicar um comportamento, uma vez que a identificação das emoções está longe de se chegar num consenso, assim como Skinner(1953) afirmou quando disse que:
“as expressões emocionais podem ser imitadas pelo comportamento operante, como no teatro, e frequentemente são modificadas pelo ambiente social para se conformarem a especificações culturais. Até certo ponto, uma dada cultura tem seu próprio modo de rir, de chorar de dor, e assim por diante. Não tem sido possível especificar conjuntos dados de respostas expressivas como característicos de emoções particulares, e em nenhum caso se diz que essas respostas sejam a emoção.” (p. 161).
Portanto, é por meio dos determinantes do comportamento já mencionados (filogenéticos, ontogenéticos e, pricipalmente, culturais) é que somos facilmente impulsionados a dizer que uma pessoa que franze a testa, aproxima as pálpebras e chora está triste, por exemplo. Cometemos esse erro a partir da discriminação, já explicada, uma vez que nem sempre um sorriso do pai é sinal de que ele realmente está feliz. Ele pode estar sorrindo para ser simpático com a visita que está em casa, por exemplo. É a partir do mesmo exemplo que costumamos falar que as pessoas estão com raiva, com medo, ansiosas, amando, entre outros.
SKINNER (1953) afirma que uma pessoa “que ama” mostra uma grande tendência para auxiliar, favorecer, estar com, e cuidar de, e apenas uma pequena inclinação para comportamentos de ofensa, insultos. Aquele que emite comportamentos de esquiva, fuga, seja correndo, escondendo-se ou cobrindo os olhos ou os ouvidos e tem menor probabilidade de partir contra os estímulos que estão presentes nesse momento ou evita ter contato com algo desconhecido, dizemos que a pessoa “está com medo”. A forma mais segura é manter a forma adjetiva, por exemplo, amedrontado, afetuoso, tímido, para que não caiamos na tentação de “procurar coisas chamadas emoções”, não as tratando como um estado conceitual e não sendo causa de uma resposta. Portanto, emoção, definida como um impulso, não deve ser identificada com condições psíquicas ou fisiológicas, segundo Skinner, as reações fisiológicas não podem servir para diferenciar as emoções, distinguido-as com um padrão particular de respostas das mesmas, pois essas reações podem ocorrer também em outras circunstâncias.
Para SKINNER (1953), parte do comportamento público que define uma emoção é condicionado. Por exemplo, respostas que aumentam de força na raiva resultam em dano em pessoas ou objetos e, a partir desse processo biologicamente útil frente a uma competição com outros organismos, o comportamento que gere dano é reforçado e mantido durante as condições que controlam a raiva. Assim como comer “mata a fome”, o dano infligido é reforçador para o colérico. E parte é incondicionada em termos de conseqüências evolutivas, quando um comportamento público é fortalecido durante a emoção antes que um condicionamento possa ser estabelecido.
Assim como outros exemplos, podemos descobrir de quais variáveis os estados emocionais são funções apenas procurando-as, afirma SKINNER (1953). Pode haver vários motivos pelos quais uma pessoa se comporta e agrupá-los todos juntos dando-lhes um nome de determinada emoção pode ser um grande erro. Uma pessoa, por exemplo, pode se sentir sozinha tanto pelo fato de não ter ninguém ao seu redor como pelo fato de estar rodeada de gente, porém não conhece (discrimina) ninguém e não possui repertório comportamental para estabelecer novas amizades. Assim como também o medo, a raiva e a tristeza podem ser confundidas dependendo da circunstância em que ocorrem. Da mesma forma, se formos considerar o ciúme segundo Parrot (1991, p. 72) como sendo o “medo de perda, desconfiança, ansiedade e raiva”, então estaríamos explicando uma emoção a partir de quatro outras emoções (ciúme a partir de medo, desconfiança, ansiedade e raiva). Na verdade, ciúme seria uma emoção ou o conjunto de várias emoções? Portanto, deve-se evitar a conceituação das diversas emoções através de explicações simplistas, as quais comumente são tidas como causa de comportamentos. LEITE (2001) afirma que um dos fatores que explicam a ausência de várias pesquisas acerca do ciúme é o fato dele ser tão comum e as atuais explicações serem tão bem aceitas que “seria como pesquisar o óbvio”.
Para finalizar os conceitos inicialmente propostos, comportamentos encobertos são aqueles observáveis somente àquele que se comporta, assim como pensamentos, sentimentos, sonhos, desejos e outros “estados subjetivos”. DELITTI; MEYER (1995) apontam que estes conceitos foram de grande interesse para Skinner, principalmente suas críticas a respeito dos sentimentos como causa de comportamentos proposto pelos mentalistas. Em 1974, referindo-se a esta proposta mentalista de não atribuir importância ao papel desempenhado pelo ambiente, Skinner afirmou que as explicações mentalistas apenas acalmavam a curiosidade e levavam a indagação à imobilidade (Skinner, 1974, p. 17).
SKINNER (1953), diferentemente da posição cognitivista, também afirma que podemos pensar antes do agir no sentido de que podemos agir encobertamente (pensar) antes de agir abertamente (falar o que pensa), porém enfatiza que a ação não é uma expressão da resposta encoberta ou sua conseqüência. Tanto o pensar quanto o falar são atribuíveis às mesmas variáveis ambientais.
Análise do Funcional do Comportamento ciumento apoiada no Filme “L’enfer”
Elaborar uma análise funcional dos comportamentos de Paul torna-se um grande exercício para o bom entendimento e a busca das causas dos comportamentos. A causalidade dos comportamentos de uma determinada pessoa numa sociedade é sempre discutida, porém desprovida de respostas concretas. Por exemplo, se ouvimos a notícia de morte por dívida, logo dizemos que um matou o outro por “sede de vingança”, ou porque estava “tomado de raiva” naquele momento. Isso, como anteriormente discutido, torna-se totalmente amplo e ao mesmo tempo não explica nada. Aliás, apenas se tenta explicar um comportamento por meio de outro. Contudo, essa análise vem nos mostrar o quão difícil se torna identificar, nomear e diferenciar as emoções. Conforme Skinner já havia dito em 1953, emoção nada mais é do que tornar determinados comportamentos (orgânicos, reflexos, aprendidos) mais prováveis que outros e em apropriadas circunstâncias. Reforçando a idéia, quem ama tem maior tendência em ajudar, aproximar-se de alguém a agredir verbal ou fisicamente. Um ciumento, portanto, tem maior tendência a perseguir, questionar, vasculhar, atentar a cada movimento do parceiro e menor tendência em viver distante do parceiro.
No decorrer do filme, podemos notar que os comportamentos de Paul são manifestados tanto de forma encoberta quanto aberta. De forma aberta, podemos observar seus comportamentos de busca de fundamentos para seu ciúme, seu comportamento verbal, suas agressões físicas, entre outras. Por comportamentos encobertos podemos notar, por várias vezes, Paul tendo pensamentos como se fosse até mesmo uma segunda voz dentro dele o impulsionando a agir de forma ciumenta, e também idéias e imaginações de Nelly tendo relações com outros homens.
Podemos entender o comportamento verbal de Paul conversando consigo próprio a respeito de seus pensamentos, associando à teoria de Skinner (1953), da seguinte forma:
“Explicamos o comportamento verbal que descreve a resposta discriminativa de ver X da seguinte maneira. O comportamento é adquirido quando o organismo está, não apenas na presença de X, mas também emitindo uma resposta discriminativa a X. Uma resposta discriminativa semelhante pode vir a ocorrer na ausência de X como resultado de condicionamento operante ou respondente. A resposta verbal que descreve a resposta discriminativa não é inevitável, mas onde quer que ocorra, pode-se supor que as mesmas variáveis estejam ativas. Não alteramos a inacessibilidade do evento privado por este tratamento, mas fomos bem-sucedidos ao trazer o comportamento que descreve o evento sob certo tipo de controle funcional.” (p. 265).
Para terminar e podermos entender a variabilidade e também falta de sensibilidade a alguns reforçadores presentes no meio, SKINNER (1953) afirma que os estímulos aversivos eliciam reflexos e geram algumas predisposições emocionais que podem acabar interferindo e atrapalhando algum comportamento a ser reforçado.
Como se pôde observar no filme, alguns comportamentos de Paul estão de acordo com uma pesquisa feita por MULLEN (1994, citado por LEITE, 2001) que encontrou dados de uma amostra na Inglaterra que pessoas que bebem são muito mais pródigas com relação a ciúme; a violência é voltada ao parceiro e não ao rival e os homens são responsáveis pela maioria de mortes e ferimentos graves resultantes do ciúme.
Também ficaram notáveis as diversas situações em que o comportamento ciumento de Paul era reforçado indevidamente através de esquema de reforçamento, vindo de encontro com o que MENEZES; CASTRO (2001, citado por COSTA, 2005) afirmaram ao notar que o ciúme é reforçado em esquema intermitente e, quanto mais reforçado e mantido, mais difícil se torna para ser extinto.
COSTA (2005) cita como exemplo o parceiro que demonstra ciúme apela parceira, que, por sua vez, reforça esse comportamento ciumento dizendo que o parceiro não precisa ser preocupar, que ela nunca faria isso com ele, que ela o ama muito e no final ainda dá-lhe um beijo. Exatamente aconteceu no filme e o reforço final, por hora, era relação sexual.
Para FERREIRA-SANTOS (1998) o ciúme implica em uma depreciação do outro, pois o parceiro ciumento acaba interferindo nesse comportamento e na sua liberdade, tornando-se possessivo e controlador. ALMEIDA (2007) afirma, em seu estudo, a possibilidade de que o ciúme romântico tenha sido uma forma de precaver um relacionamento amoroso dos malefícios de uma eventual infidelidade.
No que diz respeito à respiração ofegante de Paul, podemos nos basear associando aos escritos de SKINNER (1989/1991) afirmando que o condicionamento reflexo explicaria as reações fisiológica, por exemplo, um aperto no peito, sensação de nó na garganta ou sensação de perda de controle.
Para um entendimento mais concreto dos comportamentos agressivos de Paul serão analisadas cinco cenas importantes do filme:
CENA 13 – Paul mexe nas compras de Nelly
Paul demonstra tentar testar a probidade de Nelly e também dá início a um comportamento ciumento típico:vasculhar pertences do(a) parceiro(a).
Paul questiona Nelly a respeito de sua ida à casa de sua mãe e do pagamento do impressor, Nelly responde com palavras curtas. O comportamento questionador de Paul pode ter como função o conhecimento sobre o que Nelly faz na sua ausência. Em todas as perguntas de Paul, Nelly deixa um “suspense no ar”. Primeiramente diz ter ido pagar o impressor depois do almoço, porém, ele ligou para Paul às 15:00 cobrando. Então, ela responde que deve ter passado, logo em seguida, ao telefonema do cobrador. Depois, diz que não foi almoçar com a mãe por causa da aula de piano da mãe, indo almoçar com Marilyn (retomando, sinal de aversividade).
Para finalizar pergunta se o movimento estava fraco, por ela estar até essa hora fora do hotel. Para isso Nelly diz que não passa o dia olhando a hora. Então, podemos concluir que, embora todas as respostas de Nelly estejam dentro de uma provável verdade, também podem estar dentro de uma provável mentira. Então, Nelly estaria comportando-se de forma a contracontrolar o questionamento de Paul ou estaria cada vez mais reforçando esse padrão de comportamento dele? Com o desenrolar da história, fica mais evidente esta segunda alternativa.
É neste momento que o comportamento ciumento de Paul é altamente (e indevidamente) reforçado por Nelly. Ela se aproxima de Paul, olha para ele e afirma que ele está “com ciúme”. Paul confirma a conclusão de Nelly. Então, como se Nelly assinasse sua sentença de um término de paz, diz a Paul que seu ciúme é bem-vindo a ela, que seu ciúme é sinal que ele a ama. Em outras palavras, o seu comportamento de demonstrar ciúme é altamente reforçado (conseqüência), tornou-se a partir deste momento, mais que um ato, uma prova de amor. Com isso, não somente o comportamento questionador foi reforçado, mas toda a classe comportamental que deriva dessa contingência de insegurança. Como se não bastasse, entrando no banheiro, Nelly olha sorrindo para Paul e chama-o de ciumento.
Com Nelly no banheiro, Paul vai até a cama onde estão as compras. Para Paul, neste momento, “som de chuveiro ligado” seria um estimulo discriminativo para vasculhar a bolsa de Nelly, pois a probabilidade de ser reforçado (achar uma prova de infidelidade) sem a presença de Nelly (tomando banho) é bem maior. Podemos comprovar isso quando o som de chuveiro cessa (estimulo delta), Paul guarda todos os objetos dentro da bolsa novamente. Outro estimulo discriminativo ocorre quando Nelly liga o secador no banheiro, ou seja, é uma nova oportunidade de encontrar algo que possa “incriminar” Nelly. Paul desembrulha uma bolsa, porém, Nelly desliga o secador e sai do banheiro em seguida, não dando tempo de Paul guardá-la novamente. Se o comportamento de vasculhar de Paul era mantido na ausência de Nelly, podemos dizer que ele foi punido quando Nelly abriu a porta do banheiro e viu Paul com a bolsa nas mãos (ainda assim, vale lembrar que um comportamento só é punido se ele diminui em freqüência). Paul diz que abriu o embrulho por curiosidade e Nelly afirmou ter pagado $1.500 (preço fictício, o que mais tarde vem a ser descoberto por Paul, tornando mais uma prova contra Nelly).
É importante ressaltar neste momento que quando se fala em ciúme, geralmente não é preciso haver provas para incriminar o parceiro, muito menos concluir a partir de fatos que atestem os pensamentos sobre infidelidade. As pessoas ciumentas tendem a se basear parcialmente na realidade e vão juntando fatos que lhes conduzem a uma conclusão baseada numa forma distorcida do que realmente estão vivendo e presenciando (Almeida et al., 2008).
CENA 23 – Conversa de Nelly e Paul na madrugada
Sozinho no seu apartamento, Paul demonstra estar arrependido quando conversa consigo mesmo, pedindo perdão. Quando Nelly chega no apartamento e exige uma explicação, a resposta que Paul dá é que sente ciúme. Nelly diz não entender o porquê do ciúme, ou seja, o mesmo comportamento ciumento de Paul, que antes era reforçado por ser um sinal de amor a Nelly, agora já não faz sentido para ela.
Paul também deixa clara sua vontade de se auto-agredir ou até mesmo se matar jogando-se pela janela. Esse seu comportamento é, mais uma vez inadequadamente, reforçado por Nelly que conseqüência dizendo que prefere que ele a esbofeteie, bata nela do que se sinta assim e até se “jogue pela janela”. Mais uma vez, assim como Nelly agiu muito mal reforçando o ciúme de Paul na cena 13, agora ela reforça o comportamento agressivo de Paul. Podemos pensar, por que Paul agiria de outra forma se essa é tão aceita por Nelly? E o pior, essa forma é aceita (reforçada) intermitentemente.
No meio da noite, Paul acorda Nelly perguntando-lhe sobre Martineau. Paul fala que tem lógica ele não vir mais ao hotel, porém Nelly pode encontrá-lo na cidade. Este comportamento de Paul é novamente reforçado inadequadamente quando pede uma prova a Nelly de que ela não está traindo-o. Nelly diz que se Paul acha melhor assim, então ela nunca mais irá mais à cidade. Em outras palavras, o comportamento de questionar, controlar, não deixar que Nelly saia sozinho é altamente reforçado com a aceitação de Nelly.
Algum tempo depois, ainda no quarto, há um controle muito grande de Paul sobre Nelly. Paul volta a falar das ocasiões em que Nelly, supostamente, havia-o traído. Nelly encontra-se sentada no chão, encolhida, enquanto Paul anda pelo quarto e toma bebida alcoólica. Nelly nega as afirmações de Paul sobre traição. Quando se levanta, Paul encosta-a na parede e agressivamente coloca uma mão na garganta de Nelly e a outra, com o punho fechado, acima de sua cabeça. Nelly, pressionada contra a parede por Paul dizendo para contar a verdade, com uma grande possibilidade de apanhar dele novamente, diz que transou com Martineau na ilha, no carro, na casa dele e até no quarto em que estão, na ausência de Paul. Então, Nelly afasta-se de Paul e tranca-se no banheiro.
Esse comportamento de Nelly parece aliviar Paul. Parece ser a resposta que ele tanto queria ouvir. Ele pede para Nelly abrir a porta, porém, ela não o faz. Nelly só abre a porta quando Paul está sentado, na cama, esperando-a. Então, Nelly chama-o de idiota. Na verdade, Nelly só havia falado que transou com Martineau para conseguir fugir da pressão de Paul. Com esse comportamento de Nelly pode só ter aumentado ainda mais a insegurança de Paul.
Cena 24 – Nelly ameaça trair Paul
Paul, dentro do hotel, vê pela janela Nelly acendendo um cigarro com um hóspede. Paul vai até Nelly, já afastada do hóspede, e pergunta se ela está passeando. Então, Nelly diz que há quinze dias não agüenta mais essa opressão de Paul sobre ela, sua falta de liberdade (que, como se pôde observar, ela mesma a ocasionou). Nesse momento, mais uma vez Nelly “alimenta” os comportamentos ciumentos (tanto públicos quanto privados) de Paul, jurando que irá traí-lo de alguma forma com alguém. Por motivos como esse que a variabilidade comportamental de Paul é grande com relação à Nelly. Através de comportamentos semelhantes, Nelly hora reforça tais questionamentos de Paul, hora pune-os, dificultando a discriminação por parte de Paul e aumentando seus comportamentos inadequados.
CENA 25 – Nelly entrega velas aos hóspedes
Novamente, nesta cena, Nelly age “inadequadamente” quando há um apagão no hotel. Ao chegar no hotel e não encontrar Nelly, Paul conversa na recepção com Clotilde. Estão presentes neste momento estímulos semelhantes ao dia em que encontrou Nelly e Martineau na sala. A porta da sala estava fechada, sala escura, funcionários não sabiam onde Nelly estava e clarões eram refletidos na porta da sala (porém, dessa vez o clarão era dos relâmpagos). Paul, possivelmente, generaliza esses estímulos e, como da outra vez, vai até a sala para averiguar o que acontece, com probabilidade aumentada pela experiência anterior de ter encontrado Nelly na sala. No entanto, na sala só encontra Vincent e Duhamel, que diz que Nelly “desapareceu nas trevas”. Frase pensada por Paul como “trevas oportunas” para o juramento de Nelly em traí-lo.
Em busca de Nelly, no andar de cima, Paul esconde-se atrás de uma parede, observando os comportamentos de Nelly de entregar velas nos quartos dos hóspedes. Em cada quarto que Nelly passa, há um evento em que pode aumentar a probabilidade de Nelly realmente estar traindo seu parceiro. Em um quarto, o hóspede convida Nelly para entrar; em outro a mulher diz que Nelly deveria saber onde Paul está, pois estavam juntos na garagem; e em outro, Nelly entra no quarto para entregar a vela a um hóspede recente no hotel. Nesse tempo, enquanto Nelly entrega as velas, uma mulher esbarra em Paul e diz que os hóspedes “são muito tarados, talvez por causa do temporal”. Mais um evento que reforça o pensamento de Paul em se certificar de que Nelly o trai.
Como se ainda não fosse o bastante, quando Nelly encontra-se com Paul e este pergunta por que ela entrou no quarto de um hóspede, e ela responde que ele estava deitado, por isso pediu que entrasse. E perguntada sobre o que ele fazia deitado, ela (reforçando ainda mais o comportamento ciumento de Paul) diz que o hóspede a estava esperando. Em seguida, Nelly diz a Paul que o ama (inadequadamente frente aos comportamentos ciumentos de Paul). Para FISHER(2006) o ciúme pode contribuir para que o afetado acalme o parceiro desconfiado através de declarações de fidelidade, amor, vinculação, entre outros garantindo uma durabilidade do relacionamento. Porém, mesmo com o intuito de fortalecer a relação, este comportamento reforça os comportamentos do ciumento, que provavelmente demonstrará cada vez mais ciúme.
CENA 26 – Paul procura Nelly nos quartos
Paul imagina o garçom e Nelly fazendo sexo no porão ao irem ver os fusíveis na hora do “apagão”. Paul vai até o sótão para fechar uma janela que está aberta e lá encontra a pulseira de ouro, que deu para Nelly, no chão. E quando o clarão de um relâmpago clareia o sótão, ilumina uma cama. Todos esses estímulos, escuridão, pulseira de Nelly no chão, cama no sótão, flashes de luz (relâmpagos) produzem o padrão comportamental de Paul em imaginar Nelly seduzindo todos os hóspedes do hotel.
Questionada por Paul sobre a pulseira, Nelly diz que a perdeu há uns três dias. Paul manda-a calar a boca, dizendo que só abre a boca para mentir, não acreditando nas respostas que Nelly dá a ele. Nesse momento, Nelly também reforça o comportamento investigativo e duvidoso de Paul. Ela afirma que mente, e mente para colocar fim às perguntas de Paul, e que não se importa em mentir para ele. Com isso, Nelly só aumentou a probabilidade de mentir sempre para Paul e também faz com que Paul passe a perguntar e duvidar ainda mais das respostas dela. Na seqüência da discussão, Nelly diz que só está com Paul porque não consegue sustentar sua mãe e Vincent sozinha, havendo a possibilidade de estar com Paul por interesse. Mais uma vez, Paul toma bebida alcoólica.
De madrugada, Paul acorda e não encontra Nelly na cama. A ausência de Nelly torna-se um estimulo para a procura da mesma, existindo uma possibilidade dela o estar traindo enquanto ele dormia. Paul anda pelo corredor, colocando o ouvido nas portas dos quartos. Entra no quarto de Duhamel, que se encontra com a porta aberta. Dentro, há duas taças e uma garrafa. Então, Paul acusa Duhamel de estar se relacionando com Nelly. Há mais uma idéia de suicídio, quando Paul responsabiliza Duhamel caso se mate com um tiro.
De volta ao quarto, Paul acusa Nelly de ter se relacionado com Duhamel. Diz que se todos podem ter relação com ela, ele também terá. Este é um momento em que a agressão de Paul se torna muito evidente. Ele segura Nelly à força no chão e força a fazer sexo com ele. Usa da violência para controlá-la e força a fazer sexo como uma forma punitiva, de vingança frente ao comportamento “infiel” dela. Mais uma vez, a agressão é voltada para Nelly, e não para Duhamel.
Considerações Finais
Por meio da perspectiva da Análise do Comportamento sobre o filme analisado pôde-se verificar a constante influência que o ambiente exerce sobre o ser humano, havendo uma relação sine qua non entre ambos (organismo-ambiente). Por meio da análise funcional constatou-se que os comportamentos de Nelly tiveram capital importância na instalação e manutenção dos comportamentos ciumentos de Paul. À medida que ela reforçava tais comportamentos, não só estes eram reforçados, mas dava-se início a generalização a vários outros comportamentos que fizessem parte desse padrão específico de uma pessoa ciumenta.
Respondendo ao questionamento proposto no início do trabalho, baseado na análise funcional, Nelly com certeza teve grande influência sobre o “inferno” que se instalou em sua vida, passando a ser controlada, vigiada e agredida diversas vezes pelo seu marido, que por diversas vezes se alcoolizava nos momentos próximos ou durante os comportamentos ciumentos. Fato que corrobora com a pesquisa de MULLEN (1994), a qual os homens são os maiores responsáveis pelos casos de violência devido o ciúme, a agressão é voltada ao parceiro(a) e também que o álcool tem papel importante na manifestação desse sentimento.
Por meio desta análise evidencia-se a importância de pesquisas que enfatizem a importância do ambiente neste sentimento, o qual é produto de fatores hereditários, ontogenéticos e culturais, sendo um tema de difícil estudo frente a gama de definições em que é citado. Essa tarefa torna-se necessária aos analistas do comportamento que desejam ir à raiz dos problemas para encontrar sua verdadeira causa e não se aquietam frente às explicações superficiais.
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*Discente do 5º ano do curso de Psicologia do Centro Universitário Padre Anchieta. E-mail: pauloroveri@hotmail.com
** Psicólogo pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Mestre pelo Departamento de Psicologia Experimental do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP) e doutorando do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP). E-mail de contato com o autor: thalmeida@usp.br Home Page: www.thiagodealmeida.com.br
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Perfil do Autor
Autoria: Thiago de Almeida Psicólogo (CRP: 06/75185). Mestre pelo Departamento de Psicologia Experimental do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo e doutorando do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. SIte: www.thiagodealmeida.com.br Seu consultório, em São Paulo, fica situado à Avenida Pedroso de Morais, n. 141. Cep: 05419-000 Pinheiros-SP Tel (11) 3812-5717 (atendimento de quintas e sextas-feiras, com hora marcada). Seu novo consultório, na cidade de São Carlos, fica situado à rua Dom Pedro II, n. 2066 (atendimentos às quartas-feiras, com hora marcada) fone (16) 3374-7534 ou (16) 3376-1129.
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