As pessoas que mais falam são, geralmente, as que menos têm a dizer”. São João Maria Vianney Padroeiro dos Sacerdotes |
Os monges, os eremitas e os místicos de todos os tempos e de todas as religiões sempre procuraram a Deus no silêncio, na solidão dos desertos, das florestas, das montanhas. O próprio Senhor Jesus viveu quarenta dias em absoluta solidão, passando longas horas num coração a coração com o Pai, no silêncio da noite. Nós somos chamados de forma incomensurável a retirar-nos a espaços para um silêncio mais profundo, para um isolamento com Deus; a estar a sós com Ele, não com os nossos livros, nossos aparelhos eletrônicos, os nossos pensamentos, as nossas recordações, mas num despojamento perfeito; a permanecer na sua presença – silenciosos, vazios, imóveis, expectantes. Veja-se na natureza: as árvores, as flores e a erva dos campos crescem em silêncio, as estrelas, a lua, o sol movem-se em silêncio. O essencial não é o que possamos dizer, mas o que Deus nos diz e o que Ele diz a outros através de nós. Ele escuta-nos no silêncio; no silêncio fala às nossas almas. No silêncio é nos dado o privilégio de escutar Sua voz: Silêncio dos nossos olhos, silêncio dos nossos ouvidos, silêncio das nossas bocas, silêncio dos nossos espíritos. No silêncio do coração, Deus falará de maneira abissal. O silêncio de Deus é um grande mistério que em parte é revelado aos contemplativos. O grande místico e Doutor da Igreja São João da Cruz dizia: “Para se progredir, o que mais necessita é saber calar diante de Deus. A linguagem que Ele melhor ouve é a do silêncio de amor”. O silêncio é a ciência que faz o ser humano crescer na perfeição do conhecimento espiritual. O Poder do Silêncio “Procurai viver sempre no silêncio e na esperança” Santa Teresa de Ávila Doutora da Igreja Vejamos alguns exemplos do poder do silêncio e a derrota por falta dele. 1. O silêncio cortaria pela raiz todo projeto do diabo no Jardim do Éden. Eva deu ouvido a falação do pai da mentira e falou demais. 2. O jovem profeta deveria ter evitado ser morto pelo leão se ficasse calado e obedecido à ordem de Deus. Foi enganado pela falácia do profeta idoso. De Judá a Betel sua missão acabou na boca do leão (Ler 1 Reis capítulo 13). 3. O apóstolo Pedro não aprendeu a prática do silêncio com seu Mestre. Sua tagarelice lhe causou grandes constrangimentos e passou para história como o homem que negou três vezes o Filho de Deus. 4. O silêncio de Cristo no deserto foi à resposta via a palavra de Deus ao diabo, quebrando-o, evitando falação e contendas. O silêncio de Cristo dos 12 aos 30 anos, mostrou a prática e a sabedoria de grande Mestre. 5. O silêncio de Cristo diante dele Pilatos revelou a verdade sem palavras e sem prepotências. O silêncio dos três dias de Cristo no túmulo manifestou a primeira ressurreição. 6. O silêncio de Malaquias ao nascimento de Jesus Cristo não foi sufocando pelo barulho, gritos e agonia das batalhas sangrentas. O silêncio profético fez a esperança triunfar na contemplação da glória do Messias. As grandes vitórias provêm do silêncio que é invencível. 7. O silêncio de Maria e José foi a grande realização do SIM para Deus em prol da obra da salvação humana. A falação de Eva e Adão foi o sim para desgraça da humanidade. O mundo precisa aprender o glorioso silêncio da Sagrada Família. 8. Aproximadamente, a Bíblia levou XVI séculos para sua formatação e configuração. Isso significa que o silêncio de Deus falou mais tempo - e continua falando - do que a palavra impressa. A LINGUAGEM DO AMOR O bom Deus fala de várias formas, resta o ser humano estar para escutar-Lo. O silêncio é a forma abissal para Deus dialogar a alma Sua vontade. Vontade essa que vai além da felicidade e de tudo que é desejável. O nosso interior grita pelo silêncio comunicativo de Deus. A experiência do silêncio divino é o encontro radical da verdade libertadora. Tudo é despido rigorosamente. Caem todas as máscaras e tudo que é supérfluo. O silêncio é o fatal encontro consigo mesmo. Ninguém foge de si no silêncio. Ninguém pode ser outro. O silêncio revela tudo, absolutamente tudo de si mesmo. Aceitando a graça purificadora do silêncio, a alma se santifica e a vida tem sentido em abundância. RETIRO ESPIRITUAL DE SILÊNCIO O lugar – Seu Coração O pregador – Jesus Cristo O Retirante – Sua Alma O mistério – A revelação do silêncio A forma – A espiritualidade abissal. A matéria – A fome e a sede de Deus. O poder de o silêncio nos harmoniza conosco mesmo, com o nosso semelhante, com Deus e com a natureza. A ascese do silêncio é a verdadeira terapia para cura das emoções, da alma e do corpo. O silêncio faz parte da nossa intelectualidade. O bom senso ensina que falar pouco é a arte do sábio e silenciar é obra majestosa. Os sábios da antiguidade ensinavam que saber guardar o sagrado silêncio é tão importante quanto saber falar no momento certo. Para os Santos, a reverência do silêncio é a suave, bela e romântica linguagem do amor, pois os enamorados se comunicam com o silêncio do coração, e assim se realiza a virtude do contato entre o bom Deus e os seres humanos. Procure fazer um retiro espiritual de silêncio. Será uma experiência inesquecível e monumental. CONCLUSÃO Aprender com o exercício do silêncio passa-se a escutar de forma espetacular por quatro elementos: 1- Prestamos atenção indivisa ao que Deus está dizendo para nós pelo Seu Espírito Santo. Por uma decisão firme de nossa vontade, excluirmos todas as influências estranhas e distrativas. 2- Inclinamos os nossos ouvidos. Adotamos uma atitude humilde e aberta para com Deus. Renunciamos aos nossos próprios pré-julgamentos e preconceitos, e aceitamos o que Deus diz em seu significado mais claro e mais prático. 3- Focamos os nossos olhos sobre a palavra que Deus nos dirigiu. Não permitimos que nossos olhos vaguem para as declarações de outras fontes que podem entrar em conflito com o que Deus está nos dizendo. 4- Mesmo quando as palavras não estão mais diante de nossos olhos, nós continuamos a meditar sobre elas em nossos corações. Desta forma, mantemo-las constantemente no centro de nosso ser, e sua influência por meia todas as áreas da nossa vida. O silêncio ensina a mais alta educação para os sentidos e para todos os sentidos. É no silêncio que as quatro virtudes cardeais: temperança, prudência, justiça e fortaleza são vividas com plenitude. É o silêncio a via que adquire o mais profundo conhecimento e a sabedoria dos enigmas. Pe. Inácio José do Vale Professor de História da Igreja Pregador de Retiros Espirituais Especialista em Ciência Social da Religião E-mail: pe.inaciojose.osbm@hotmail.com |
sábado, 9 de julho de 2011
silencio divino
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