REVISITANDO A LINGUAGEM CORPORAL
Alessandro Loiolaalessandroloiola@yahoo.com.br
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© Dr. Alessandro Loiola
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Pesquisas realizadas nas últimas décadas mostraram que, quando você está falando, apenas 7% da mensagem está sendo transmitida para os outros através das palavras. Outros 38% estão relacionados à entonação do que é dito.
Um bom exemplo da importância da entonação está no treinamento de cães de guarda: eles não interpretam a gramática das frases, mas o seu tom de voz. Um comando de conteúdo imperativo, emitido em um timbre de voz baixou ou trêmulo, transparece insegurança e dificilmente será obedecido. Porém, se emitido em tom mais alto e firme, transmite o sentimento adequado de liderança e resulta na ação esperada. O mesmo principio pode ser aplicado às crianças em casa e em salas de aula cheias de adolescentes.
Bom, mas 7% de um, somados a 38% de outro, são iguais a 45%. Onde se meteram os outros 55% do que você queria dizer? Fácil: eles estão espalhados pelo seu corpo todo. É a famigerada Linguagem Corporal.
A Linguagem Corporal é um instrumento de comunicação tão antigo e bem sucedido que se incrustou em nossos genes: crianças que nasceram cegas sorriem, ainda que elas jamais tenham visto um sorriso para reconhecer seu significado. Somos todos geneticamente programados para emitir e interpretar esta comunicação silenciosa. E dominar seus sinais pode fazer toda a diferença.
As estatísticas mostram que pessoas que sabem como controlar voluntariamente o tom de voz e a linguagem corporal são consideradas mais atraentes que aquelas que deixam tudo por conta do instinto. Isso ocorre porque a primeira impressão que os outros fazem de você não começa no momento em que você começa a falar. Esta impressão começou a ser construída muito antes, a partir da sua postura, padrão respiratório, aparência e movimentos.
Não existe um conselho universal sobre como utilizar a linguagem corporal, mas algumas recomendações básicas devem ser conhecidas. Procure estar sempre ciente do que seu corpo está dizendo enquanto você se senta, anda, permanece em pé ou gesticula.
Uma boa dica é vencer a timidez e praticar um pouco na frente do espelho. Eu sei, parece tolice, mas quem estará olhando afinal de contas? O espelho lhe dará uma boa idéia de como analisar a linguagem corporal dos outros e o que seu corpo pode estar dizendo enquanto você permanece em silêncio.
Observe seus amigos, artistas, políticos, e qualquer pessoa que você considere possuir uma boa linguagem corporal. Estude como estas pessoas agem e copie um ou outro padrão de linguagem. É provável que você exagere no começo e pareça artificial, mas a prática leva à perfeição – se você não começar um dia, então quando?
Para facilitar seu treinamento, eu selecionei algumas situações rotineiras onde você pode empregar o conhecimento da Linguagem Corporal a seu favor. Veja só:
INSPIRANDO CONFIANÇA
Para transmitir uma imagem de confiança (p.ex.: durante uma reunião de trabalho), mantenha braços e pernas descruzados, e relaxe os ombros. Se estiver sentado, procure uma posição relaxada e confortável, mas não escorregue pela cadeira até o fundo da mesa.
Nada de ficar contemplando o chão ou a tampa da sua esferográfica: faça contato visual com as pessoas. Olhe seus interlocutores nos olhos. Se possível, vire um pouco seu corpo, incline-se na direção da pessoa e balance a cabeça discretamente, de modo afirmativo. Isso irá mostrar que você está prestando total atenção ao que está sendo dito. Quando for sua vez de falar, seja firme porém mantenha a calma.
E cuidado com alguns sinais que podem detonar sua imagem. Tocar seu rosto significa irritabilidade, nervosismo ou indecisão. Dedos tamborilando denotam distração, falta de sintonia com o grupo ou com as idéias outro. Braços cruzados sobre o peito podem indicar defesa, tédio ou reprovação.
DETECTANDO MENTIRAS
Obviamente, o simples fato de alguém exibir alguns dos comportamentos descritos a seguir não significa que está mentido descaradamente. Estes padrões devem ser comparados com o jeito de ser da pessoa e jamais considerados de modo isolado. Certo até aqui? Então vamos lá:
De um modo geral, o primeiro sinal emitido pelo mentiroso é a falta de contato visual – nada de “olhos nos olhos”. Se você observar melhor, verá que antes de responder às suas perguntas, o mentiroso desvia o olhar para a sua esquerda. Isso significa o uso de áreas do cérebro envolvidas com imaginação – ele está “criando” uma lembrança, ao invés de relatar o que realmente aconteceu e está guardado em sua memória. O olhar desviado para a sua direita significa a ativação de áreas cerebrais responsáveis pela memória, e tende a significar que ele está relatando uma lembrança verídica.
Ao contar uma mentira, movimentamos pouco os braços e pernas. Os movimentos são pouco expansivos, evitando chamar ainda mais a atenção. Toques sutis no nariz e na região atrás das orelhas são comuns, assim como colocar inconscientemente objetos (p.ex.: um livro, uma xícara de café) entre você e a outra pessoa.
Os mentirosos costumam repetir o que você disse quando respondem algo. Por exemplo, ao perguntar ao seu filho “você já fez o dever de casa?”, ao mentir ele tende a responder “Já, mãe, eu já fiz o dever de casa”. Uma resposta mais honesta consistiria em um simples “Já”.
Finalmente, pessoas culpadas costumam agir na defensiva, enquanto que os inocentes quase sempre assumem um comportamento agressivo quando acusados. Um modo prático de verificar este comportamento consiste em mudar repentinamente de assunto. O mentiroso irá seguir a mudança, agradecido e relaxado por se ver livre a saia justa. O inocente acusado insistirá no tópico anterior, buscando esclarecer e mostrar sua ausência de culpa.
FLERTANDO
Na arte da conquista, a linguagem corporal pesa mais que as palavras. Quando gostamos de algo que estamos vendo, nossas pupilas se dilatam e piscamos os olhos mais que o habitual. Mas existem outros sinais típicos e de fácil detecção.
Quando estão flertando, os homens tendem a posicionar as mãos sobre a fivela do cinto ou pendurada com os polegares nos bolsos da frente (é a “postura de moldura”, chamando atenção para a região genital). Eles também se esticam, espreguiçam, respiram profundamente e tencionam os músculos – tudo para parecerem maiores e mais fortes do que realmente são.
As mulheres emitem sinais semelhantes: para assumir um flerte, elas mexem nos cabelos, jogando-os de um lado para o outro e expondo o pescoço. Outro gesto bastante utilizado é a posição de pernas cruzadas com uma mão sobre a coxa. Esta atitude dá às pernas uma aparência torneada e é considerada uma indicação clara de interesse.
Alguns sinais funcionam para ambos os sexos. Por exemplo, a Triangulação do olhar. Primeiro, fazemos contato visual com um dos olhos da pessoa que temos interesse, então com o outro olho, e em seguida observamos sua boca enquanto fala. A alternância do olhar entre estes 3 pontos denota admiração e interesse sexual.
A Imagem em Espelho é outro padrão freqüente. Duas pessoas em sintonia costumam manter seus corpos em posições semelhantes enquanto conversam. Se você deseja despertar interesse em alguém, este é um recurso bastante útil, podendo ser utilizado em quase todas as situações. Espelhar o posicionamento do corpo do outro durante um bate-papo cria um sentimento instantâneo de empatia, passando a mensagem de que você compreende e respeita o ponto de vista daquela pessoa.
Se você está em uma festa ou reunião informal e se aproximou de alguém interessante, não segure nada na frente do seu coração. Se estiver com um drinque, coloque-o sobre um apoio ou simplesmente segure-o do seu lado e mantenha uma distância um pouco maior que 1 passo daquela pessoa. Respeitar o espaço individual do outro é sinal de sofisticação e autoconfiança. Se houve receptividade, você pode ir se aproximando, mas sempre aos poucos.
Por último e não menos importante: esqueça aquele olhar sexy entediado que treinou por horas no espelho do banheiro. Pessoas sorridentes são sempre mais atraentes e sedutoras. Sobre o Autor
Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura, 496 pág.) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza, 430 pág.). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.
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