terça-feira, 22 de junho de 2010
LA LUNA DE BERTOLUCCI
Artigos
edição 200 - Setembro 2009
Sob o encanto da Lua
Em diferentes culturas, variações do comportamento humano foram atribuídas às fases lunares; para pesquisadores, a teoria pode ser considerada um “fóssil cultural”
por Scott O. Lilienfeld e Hal Arkowitz
STEFAN SEIP/ASTRO MEETING/NASA
Scott O. Lilienfeld e Hal Arkowitz são professores de psicologia; o primeiro, da Universidade Emory, e o segundo, da Universidade do Arizona. – Tradução de Julio Oliveira
“Ela aproxima-se mais da Terra agora do que de hábito e deixa os homens loucos.”
Otelo, de William Shakespeare
Ao longo dos séculos, muitos já disseram: “Deve ser noite de lua cheia”, numa tentativa de explicar acontecimentos estranhos. E até hoje, o nome da deusa romana da Lua continua sendo familiar: Luna, prefixo da palavra lunático (um dos sinônimos para louco). O filósofo grego Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) e o historiador romano Plínio (23 – 79 d.C.), o Velho, sugeriram que o cérebro era o órgão mais úmido do corpo e, desse modo, mais suscetível às influências perniciosas da Lua, responsável também pelas marés. A crença no efeito lunar persistiu na Europa durante a Idade Média, se acreditava que alguns seres humanos se transformavam em lobisomens ou vampiros durante madrugadas de lua cheia.
SESSÃO DE CINEMA E PSICANALISE, sábado 19.06. 2010
La Luna – Bernardo Bertolucci – 1979 (DVD)
Do cinema de Bertolucci, La Luna é sua obra mais polêmica e obscura. O tema (o incesto) é também o mais controverso de sua carreira. Jill Clayburgh tem o papel mais desafiador e a melhor interpretação da sua filmografia.
La Luna é um roteiro escrito por Bertolucci, seu irmão mais novo, Giuseppe, Franco Arcalli e Clare Peploe e foi adaptado para a língua inglesa por George Malko. Muitas passagens do filme são homenagens, incluindo a cena onde um italiano interpretado por Franco Citti, o guarda-costas de Michael Corleone em O Poderoso Chefão (1972), leva Joe a um bar e dança com ele. A cena lembra Pier Paolo Pasolini, o cineasta e poeta italiano homossexual assassinado, que era um grande amigo de Bertolucci.
Caterina Silveri (Jill Clayburgh) é uma cantora de ópera, uma diva cujo difícil temperamento cria problemas com o filho, Joe (Matthew Barry) que só aumenta com a morte do pai e a mudança de Nova Iorque para a Itália. Vivendo praticamente sozinho em Roma, o adolescente Joe passa a usar heroína. A descoberta do vício do filho, leva Caterina a reaproximar-se do filho e externar o seu amor por ele.
Apesar do tema e das cenas de sexo, o modo como o diretor italiano o tratou é incrivelmente delicado e sensível. O filme tem uma pequena participação de Roberto Benigni como um instalador de cortinas.
A trilha do filme é muito bem feita, bem produzida misturando algumas óperas com clássicos pop como Night Fever dos BeeGees e a canção italiana San Tropez Twist, do famoso Peppino di Capri.
posted by Museu do Cinema at 10:39 PM
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