quarta-feira, 28 de abril de 2010
É SEMPRE BOM SABER - PSICOLOGIZANDO E DAI !
UMA REFLEXÃO SOBRE O FILME "IDENTIDADE"
por Ademir Pascale - Crítico de Cinema e Editor do Portal Cranik - ademir@cranik.com
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IDENTIDADE -
"É incrível sabermos do que a mente humana é capaz de criar, sendo história ou realidade, o que me leva ao mundo dos estudos esotéricos, ufológicos e sobrenaturais[...]"
IDENTIDADE (IDENTITY): Assisti ontem pela terceira vez o longa Identidade (Identity) e tenho que dizer que essas histórias que tratam da mente humana, me chamam a atenção, assim como os filmes que comentei no especial "Filmes de Suspense". A dualidade retratada em filmes como "O Amigo Oculto" é demais interessante e, diferente do "O Clube da Luta" (1999) estrelado por Brad Pitt que David Fincher usa a dupla personalidade, mas, "Identidade" vai "bem" mais além, criando múltiplas personalidades. Imagine uma pessoa com múltiplas personalidades, sendo uma criança perversa, prostituta, bandido, detetive etc., e, sem ao menos saber quem realmente é? É isso que encontramos em Identidade, um filme que faria Sigmund Freud pensar por algumas horas, ou quem sabe, dias. Minha paixão por filmes iniciou-se quando comecei a estudá-los e observá-los com mais precisão, pois não acho que um filme é mera diversão. Bom, se você quiser se aprofundar no tema que trata da dualidade humana, recomendo os livros (tenho quase certeza que você já deve ter lido e, caso sim, releia), Frankenstein de Mary Shelley, O Médico e o Monstro de Robert Louis Stevenson e Clube da Luta de Chuck Palahniuk.
É incrível sabermos do que a mente humana é capaz de criar, sendo história ou realidade, o que me leva ao mundo dos estudos esotéricos, ufológicos e sobrenaturais. Muitos autores ou diretores buscaram e ainda buscam explicações sobre o desconhecido e, um deles foi o poeta e escritor português Fernando Pessoa, o qual exercia fortes ligações com o ocultismo e o misticismo, destacando o seu poema hermético "No Túmulo de Christian Rosenkreutz", além de ter criado os "Heterônimos" Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Bernardo Soares e Ricardo Reis. Heterônimo é bem diferente de pseudônimo, pois cada heterônimo tem uma personalidade diferente (identidade diferente). Enfim, nem todos apreciam filmes ou obras deste gênero, preferem a ação desenfreada misturada com os efeitos especiais hollywoodianos — respeito os gêneros e o gosto de cada um, afinal, somos diferentes em classes sociais e crença; o que me entristece é que muitos ainda não respeitam essa escolha, seja no quesito religião, política ou mesmo gêneros de filmes. A Cinematerapia deveria ser mais aprofundada e incentivada, pois é algo sério que lida com a massa, e quem sabe, estudada nas escolas e universidades como algo para aprimorar o conhecimento humano.
O roteiro do longa Identidade é muito bem trabalhado e rico em detalhes; gosto da cena em que um dos protagonistas estende a mão para sentir as gotas da chuva, sendo que na realidade, é tudo uma invenção da mente do criador das múltiplas personalidades, algo real para a sua mente(?). Assista o trailer abaixo:
IDENTIDADE (IDENTITY)
Crítico: Ademir Pascale é ativista cultural, crítico de cinema, editor e criador do portal Cranik www.cranik.com , www.divulgalivros.org e do projeto de inclusão social e cultural "Vá ao cinema!". Contatos para matérias em Jornais, Sites ou Revistas, e-mail: ademir@cranik.com
A RESPONSABILIDADE É SUA........ACEITE!
"“Freud sugere responsabilizar nossos pais por todas as falhas da nossa vida, e Marx sugere responsabilizar a classe social privilegiada. Mas o único responsável é o próprio indivíduo. É o que há de proveitoso na idéia hindu do carma. A sua vida é fruto do seu próprio fazer. Você não tem ninguém a quem se responsabilizar, exceto a você mesmo.”" — Joseph Campbell
terça-feira, 27 de abril de 2010
AUTO-CONTROLE X AUTOCONTROLE......
(Autocontrole é contagioso, sugere estudo)
Postado por Karina em 19, January, 2010
Quando você decide não consumir de alimentos insalubres ou aquele drink extra, outros podem merecer algum crédito. Os resultados de uma série de estudos realizados pelo Instituto de Psicologia da Universidade da Geórgia em um ambiente de laboratório sugerem que o autocontrole é contagioso. Nos estudos, os pesquisadores descobriram que quando as pessoas assistem ou até mesmo pensam em alguém com um bom autocontrole é mais provável que mostrem a mesma restrição. O novo estudo foi publicado na revista científica Personality and Social Psychology Bulletin site.
O estudo mostra que o contrário também é verdade – as pessoas com autocontrole ruim podem influenciar negativamente outros. De acordo com os pesquisadores, a influência é tão poderosa que apenas de ver o nome de alguém com bom ou mau autocontrole piscando na tela por 10 milissegundos, o comportamento dos voluntários mudou.
“A mensagem deste estudo é que escolher as influências sociais que são positivas podem melhorar o seu autocontrole“, disse ao site Live Science a cientista Michelle Vandelle, professora de psicologia na Universidade da Geórgia. “E com a exibição do seu autocontrole, você está ajudando outros ao seu redor a fazer o mesmo.”
No entanto, uma vez que os estudos foram realizados em um ambiente de laboratório, mais pesquisas em ambientes reais serão necessárias para verificar os resultados.
As pessoas tendem a imitar o comportamento dos que estão ao seu redor, e os maus hábitos – como o tabagismo e uso de drogas e alimentação desregrada – tendem a se espalhar através de redes sociais. Mas, de acordo os cientistas, o estudo em curso é pensado para ser o primeiro a mostrar que o autocontrole é contagioso entre os comportamentos.
Isso significa que pensar em alguém que exerce o autocontrole para se exercitar regularmente, por exemplo, pode fazer com que você cumpra metas que exigem sua dedicação – suas metas financeiras, de carreira ou qualquer outra.
Experiências
As conclusões são o resultado de cinco estudos independentes realizados ao longo de dois anos. Em um dos estudos, os pesquisadores designaram aleatoriamente 36 voluntários para pensar em um amigo com autocontrole bom ou ruim. Aqueles que tinham de pensar em um amigo com bom autocontrole persistiram por mais tempo em uma tarefa manual comumente utilizada para medir este comportamento, enquanto o outro grupo desistia com mais facilidade da tarefa.
Outro estudo envolveu 71 voluntários que assistiram um grupo de pessoas exercer autocontrole, escolhendo uma cenoura em vez de um cookie quando os dois alimentos eram oferecidos. Enquanto isso, outros participantes assistiram o grupo que comia biscoitos em vez da cenoura. Os voluntários não tinham nenhuma interação com o grupo que provava os alimentos, mas seu desempenho foi alterado mais tarde em um teste de autocontrole, dependendo de que grupo foram aleatoriamente designados a assistir.
E em um terceiro experimento, 42 voluntários listaram amigos com bom e mau autocontrole. Depois, foram convidados a completar um teste computadorizado concebido para medir a autocontenção. Durante a tarefa, a tela do computador piscava um dos nomes escolhidos aleatoriamente por 10 milissegundos – demasiado rápido para ser lido, mas tempo suficiente para trazer os nomes subliminarmente à mente. Aqueles que foram ‘imunizados’ com o nome de um amigo disciplinado alcançaram resultados melhores.
A cientista Michelle Vandelle disse que a magnitude da influência pode ser significativa o suficiente para ser a diferença entre comer um biscoito extra em uma festa ou não, ou decidir ir para a academia depois de um longo dia de trabalho. O efeito não é tão forte que absolva as pessoas de responsabilidade por suas ações, ela explicou, mas é um empurrão em direção ou para longe da tentação. “Esta não é uma desculpa para culpar os outros por nossas falhas. (…) A decisão é de cada um”, disse Vandelle.
Fonte: Terra
(Estudo: sonho tem papel importante na consolidação da memória)
Postado por Karina em 27, April, 2010 em Notícias, Psicologia
Um novo estudo coordenado por pesquisadores do Beth Israel Deaconess Medical Center, nos Estados Unidos, indica que os sonhos podem ser a forma que o cérebro adormecido tem de dizer que está ocupado em pleno trabalho de consolidação da memória. A pesquisa foi publicada na edição on-line da revista Current Biology.
De acordo com Robert Stickgold, um dos autores do estudo, os sonhos são a maneira de o cérebro processar, integrar e realmente compreender novas informações. Os cientistas examinaram 99 voluntários que foram submetidos a atividades em um videogame em três dimensões.
Sonhar...
Após o treinamento inicial, os participantes foram divididos em dois grupos: o primeiro tirou um cochilo com média de 90 minutos e o segundo permaneceu acordado em atividades tranquilas. Em diversos momentos, os integrantes do segundo grupo eram questionados sobre o que estavam pensando. Os que tiraram uma soneca diziam depois o que lembravam de seus sonhos.
Cinco horas depois, os participantes repetiram o procedimento completo, com o exercício virtual e a sequência com soneca ou atividade tranquila. Os que se mantiveram acordados não mostraram melhoria no rendimento dos exercícios feitos posteriormente, ainda que tivessem pensado no mesmo durante o período de descanso, o que, em teoria, daria mais chances de se sair melhor.
Dos que dormiram, aqueles que não descreveram sonhos relacionados ao mundo virtual no qual interagiram também não apresentaram melhoria no aproveitamento dos exercícios. Mas os que sonharam com os ambientes tridimensionais tiveram uma melhoria considerada dramática, dez vezes superior aos que dormiram e não sonharam com o exercício. Os resultados indicam que não apenas o sono foi necessário para consolidar as informações, mas que os sonhos se mostraram como uma espécie de reflexo da atividade cerebral intensa nas tarefas de consolidação da memória.
“Mas não estamos dizendo que quando se aprende algo é o sonho o responsável. Em vez disso, aparentemente, quando temos uma nova experiência ela dispara uma série de eventos paralelos que faz com que o cérebro consolide e processe as memórias”, disse Stickgold.
Com informações da agência Fapesp
Fonte: Terra
O PODER DA PEDRA FILOSOFAL, AMO A VIDA........
JUNGIANA ATÉ O FIM
OUTRAS TÉCNICAS PSICOTERÁPICAS
Manual de Psicoterapia
E. Miray López
Editora Mestre Jou
3º Edição - 1967
Princípios, técnica, indicações e limitações da psicoterapia complexa de Jung. - Estrutura da psique. - Os arquétipos. - Fases da individuação etc.
Se a psicologia individual adleriana pode ser criticada por não ser propriamente individual (ainda que de todas as escolas psicológicas modernas seja a que leva mais em conta a pressão que a comunidade social exerce sobre o indivíduo e construa a caracterologia deste de acordo com normas excessivamente simplistas e rígidas), o que nao impede seja manejável e atrativa quando enfrentamos casos de pouca complicação psicológica; a psicologia complexa de Jung - e ao sistema psicoterápico que dela deriva - não podemos fazer-lhe a censura de não corresponder em seu conteúdo ao que no título promete: é não só complexa, mas também confusa. Mais útil seria, como veremos, saber escolher e selecionar devidamente os casos a que devemos aplicá-la.
Em linhas gerais vimos que as concepções de Adler serviam de um modo especial - ainda que esta não seja a opinião de seus fiéis adeptos - para o trato com personalidades infantis, imaturas que, com falta de auto-suficiência e de segurança, tentam produzir impressão a qualquer preço. Ao contrario, a zona de ação da psicoterapia junguiana, é a das pessoas maduras próximas da crise evolutiva ou submergidas nela, que, ao reverem a sua vida e seus fins, se dão conta de que se equivocaram em seu caminho e não acertam em encontrar a sua rota ou acreditam que seja demasiado tarde para segui-la. Tais pessoas requerem, muito mais que as jovens, perspectivas que as consolem de seu desgosto íntimo pelo "tempo perdido e que já não voltara" e, de outra parte, as preparem para enfrentar a idéia de sua morte próxima, idéia esta que se apresenta cada vez mais clara. Quando de um modo espontâneo não existe nelas um sentimento religioso suficientemente intenso para lograr a sua transcendência nêle, falham os princípios psicoterápicos correntes; o ceticismo e o pessimismo não propiciam em tais enfermos uma relação fácil, nem tampouco é possível oferecer-lhes grandes coisas nem satisfações a sua libido, em plena regressão hormonal. E então precisamente que essa espécie de credo religioso-científico, sem maiores pretensões, pode alcançar a sua máxima eficácia curativa: se a psicanálise freudiana gira em redor do descobrimento do complexo edipiano e da liquidação dos sentimentos de culpa, a psicoterapia junguiana leva ao descobrimento da anima materna e à realização, embora tardia, da própria vocação (voz interior) que nela acha suas raízes. Tudo isso pressupõe a posse de um sistema complicado de conceitos, alguns dos quais têm um conjunto de raízes empírico-experiências e outros, infelizmente, são meras abstrações mítico-especulativas.
Vamos tentar uma síntese de tal sistema, ajudando-nos com alguns esquemas elaborados por uma das discípulas prediletas do mestre de Zurique, a Dra. Jacobi:
ESSÊNGIA E ESTRUTURA DA PSIQUE
Para Jung, a psique tem tanta realidade quanto o soma (corpo) e apresenta uma "estrutura" não menos complexa que a deste, ainda que suas dimensões sejam virtuais. A psique (termo com que Jung designa o aparelho psíquico freudiano) acha-se dividida em zonas ou estratos, dos quais,
a maior parte corresponde a processos que não tem a propriedade de refletir-se sobre si e, portanto, são inconscientes, ao passo que a outra parte possui tal característica.
Quatro são as zonas que se devem distinguir na psique:
a) a zona do ego (também chamada egótica, em que nasce e atua a consciência da existência;
b) a zona do conhecimento geral;
c) a zona do inconsciente pessoal;
d) a zona do Inconsciente coletivo. Esta ultima subdivide-se em duas : a dos processos que se podem fazer emergir da consciência (e são portanto cognosciveis) e a dos que sempre permanecerão ignorados, por não terem a dita possibilidade.
O inconsciente com esses três estratos (pessoal, coletivo, cognoscível e coletivo incognoscível) é mais antigo que a consciência, a qual procede dele e representa apenas uma parte superficial e inconstante do funcionamento psíquico. Esse inconsciente tende a compensar as atitudes da zona consciente para conservar tanto quanto possível a síntese individual, a qual, além disso, é determinada e mantida pelo ajustamento adequado das funções fundamentais da psique, que são quatro: pensar, intuir, sentir e sensacionar (Denken, Intuieren., Fuhlen, Empfinden). Com o nome de "função psíquica" designa Jung "uma atividade psíquica completamente independente de seus conteúdos circunstanciais e persistentes de sua natureza através do tempo". As duas mais conhecidas dessas funções (pensar e sentir) são denominadas racionais; o pensar serve para a distinção entre o verdadeiro e o falso, ao passo que o sentir permite a avaliada do agradável (prazer) e desagradável (desprazer). Ambas as funções excluem-se como atitude e compensam-se na individualidade, (pela oposição consciente-inconsciente, isto e, quanto mais aparece uma no piano consciente, mais se reprime e entra em tensão a outra no inconsciente).
As outras duas (intuir e sensacionar) são consideradas irracionais : a sensação "objetiva" serve à chamada fonction du réel dos franceses. A intuição apreende ou capta essa realidade imediata - não reacional, mas vital - podem sem a ajuda do aparelho sensorial corrente, isto e, em virtude de uma peculiar percepção interna (ou cripltestésica). Enquanto o possuidor de um tipo sensorial (ou sensacionista) nota os detalhes de um conteúdo real, o possuidor do tipo intuitivo não dá atenção a eles, porém vivencia, de chôfre (d'emblée) o seu sentido íntimo ou essência e suas projeções na existência temporal e espacial. Também esse par funcional se exclui e ao mesmo tempo se compensa reciprocamente na dinâmica psico-individual. Para representar esquematicamente o imbricamento dessas quatro funções, as suas possíveis interferências e combinações, Jung as integra no chamado sinal "Taigitu" dos chineses, na forma seguinte:
Geralmente predomina em cada individuo uma delas (função superior) e a oposta (inferior) permanece mais ou menos latente no inconsciente. No esquema transcrito, a zona branca indica o território plenamente consciente e a raiada assinala o campo inconsciente; de acordo com a representação gráfica, a função superior é, neste caso, o pensar, achando-se reprimido o sentir. Intuir e sensacionar - para esse suposto indivíduo - funções auxiliares (a primeira aparece aqui latente, ao passo que a segunda é manifesta). São poucos os indivíduos que pertencem a um tipo puro (caracterizado pelo predomínio absoluto de uma dessas funções sobre o resto), sendo o comum achar tipos mistos (pensadores empíricos, pensadores especulativos, afetivo-intuitivos, afetivo-sensoriais etc.).
Ao complexo funcional que se forma no seio da individualidade como resultado de um compromisso entre esta e a sociedade, chama Jung persona (dando a esta palavra o seu. primitivo significado de máscara). O eu parece assim intercalado entre ela e o inconsciente, oscilando entre os dois mundos (subjetivo e objetivo), entre os quais se consome o seu vivenciar. A esse respeito Jung coincide parcialmente com Stern, de cujas concepções difere, contudo, em aspectos básicos, como veremos adiante.
Outra semelhança entre ambos os psicólogos no-la dá o fato de que admitem eles, em relativa oposição a Freud, uma causalidade psíquica fechada, de sorte que a energia psíquica individual aparece em suas concepções como uma quantidade constante, susceptível, porém, de transformar-se e de deslocar-se no espaço (introversão e extroversão) e no tempo (progressão e regressão), criando assim um sistema de coordenadas pessoais inteiramente superponível, mas distinto das coordenadas físicas.
Jung volta a sua originalidade quando admite, além disso, que o processo de individuação a uma síntese de contrários, e que em sua dinâmica intervem (como ocorre na física) a lei de entropia, porém a diferencia do mundo inanimado, no da alma (que a uma realidade independente ou coisa em si para Jung), existindo a possibilidade de uma transformação reversível (consciência-inconsciente) graças ao eixo das chamadas funções auxiliares. No curso da vida individual - e nisto coincide agora a psicologia complexa com as idéias de Kretschmer - observa-se, geralmente entre os 40 e 50 anos, isto e, em tome da crise involutiva, a inversão da fórmula do equilíbrio psico-individual, em virtude da qual o introvertido se extroverte e vice-versa, ao mesmo tempo que a função reprimida passa a ser guia.
Os "complexos" - cujo estudo designa ou qualifica esta psicologia - são partes desprendidas da personalidade psíquica, grupos de conteúdos mentais que se fizeram independentes da ação do eu e funcionam autônoma e intencionalmente, com um núcleo submerso no inconsciente e uma parte secundária que emerge na consciência. Quando desce o nível desta a possível que se mostre também a parte oculta, mas então o indivíduo experimenta sua aparição como algo alheio a ele, como um corpo estranho, perturbador de sua liberdade e de seus propósitos voluntários. Jung sustenta que nem todos os complexos são patológicos nem tampouco derivam de uma regressão inicial da libido (como pensa Freud) e que às vezes são formações primitivamente inconscientes (talvez pré-individuais, isto é, provenientes do inconsciente herdado ou coletivo-ancestral) que não chegaram a escalar totalmente o pináculo da zona claramente consciente.
A via régia para a exploração do inconsciente é o sonho, mas também o é a análise das visões, devaneios e fantasias. Jung admite a existência de vivencias, denominadas "revelação", nas quais, subitamente, e quase com força alucinatória, aparece diante do indivíduo uma imagem ou uma idéia totalmente sem conexão habitual com sua corrente de pensamento e apresentada nele à maneira de um aerólito (que houvesse seguido uma rota invertida) ; tais conteúdos psíquicos são quase sempre expressões ou símbolos representativos dos arquétipos, os quais por sua vez, nos introduzem no domínio da chamada psique objetiva (em oposição à psique subjetiva ou egótica). Tais símbolos são multívocos (condensam muitas significações) e tem, freqüentemente, um caráter profético (H).
OS ARQUÉTIPOS JUNGUIANOS
Muito escreveu Jung acerca de tais arquétipos (talvez demasiado, pois com freqüência incorre em contradições sobre eles); o certo é que sua delimitação conceptual constitui um dos pontos mais obscuros dessa doutrina. Em sua conhecida obra "A integração da personalidade" dedica um extenso capitulo, de 43 paginas, a sua descrição sem que em nossa modesta opinião consiga esclarece-la. Afirma em tal trabalho que seus arquétipos constituem uma paráfrase do eidos (idéias) platônico e são les eternelles incrées, determinados formalmente e não em conteúdo material. O arquétipo é tão imanente como o sistema axial que potencialmente determina a formação de um cristal, sem ter uma existência concreta. Constitui uma "presença eterna que pode ou não ser percebida pelo conhecimento" e apresentar-se ante ele sob diversas formas concretas. Levy Bruhl designa algo parecido com suas "representations collectives", que concernem a sucessos e vivências típicas, primitivas, que mais tarde serão a base de fábulas e mitos tradicionais. Jung denominou os primeiros "imagens arcaicas" porem preferiu depois tomar o termo arquétipo (de Stº. Agostinho) por não prejulgar a natureza de sua representação concreta. A soma dos arquétipos constitui a soma de todas as possibilidades latentes da psique humana.
Imperativa obrigação de cada um é a de enfrentar a si mesmo e de olhar para si, interrogando os seus próprios mistérios e surpreendendo a riqueza incomensurável de seu mundo interior, tão grande que o indivíduo pode perder-se nele. Para que isso não ocorra, isto e, para evitar que alguém "se extravie em sua própria mesmidade", a psicologia complexa trabalha sem descanso e nos oferece um segundo fio de Ariadne: a interpretação das formas representativas dos arquétipos individuais, através do estudo paciente da pré-história, da mitologia, do folclore, das religiões, da alquimia e das concepções das antigas filosofias e cosmogonias...
Ocupada em tal tarefa, a psicologia complexa propende a conseguir que cada qual consiga construir e reconstruir a sua individualidade criando, mediante a aplicação de seu eu em certas zonas de seu inconsciente, um núcleo energético de poder superior que seja capaz de superar a autonomia existente entre a consciência e o inconsciente, integrando as diversas forças instintivas que se acham concentradas nos arquétipos, tantas vezes citados. A esse eu ampliado e superpotente, resultante do laborioso processo da procura e do encontro consigo mesmo, chama-lhe Jung "Selbst" e nós propomos traduzi-lo por mesmo ou mim; isto e, pois, o eu inicial e mais uma série de tendências e conteúdos gnósticos que, ao se englobarem nele, deslocam o centro da atividade psíquica, colocando-o em um ponto equidistante do âmbito individual. Se o eu se acha no centro da consciência, o mesmo encontra-se no centro do indivíduo; sua esfera fera território de ação se chama mesmidade (Selbstheit). Para obter-se este mesmo ou mim é necessário percorrer um longo caminho no qual achamos sucessivamente as instâncias dos arquétipos fundamentais da humanidade (*).
O primeiro deles e a sombra. Jung define-a como o "irmão oculto", como a "invisível cauda de sáurio que todo homem tem atrás de si" ou como "a parte inferior e menos recomendável" do indivíduo. Com isto quer exprimir que a sombra correspondente ao conjunto de nossas reações primárias procede da época selvagem da humanidade; o seu significado a demoníaco e sinistro: e o Mefistófeles de Fausto.
(*) A tarefa de autoformação da individualidade é chamada por Jung "processo de individuação", enquanto que ao esforço para conseguir destacá-la de entre as demais que integram o corpo social, é por ele designado como "trabalho de individualização".
O segundo arquétipo, já mais profundo e separado normalmente do eu, é denominado por Jung anima no sexo masculino e animus no feminino.
Acerca dele e de suas formas expressivas é muito mais explícito que a respeito do anterior, que a verdadeiramente apenas esboçado em suas descrições. A anima corresponde à imagem da mãe primitiva ou ancestral e simboliza quanto de feminino tem o individuo. Não deve identificar-se com a alma, se bem que pareça formar parte dela. Constitui "uma fonte de vida por trás da consciência, que não pode ser integrada nesta e que contudo a condiciona" (Jung, ob. cit.) ; esse caráter vital ou energético - fons et origo da criação psíquica - que se atribui ao dito arquétipo, explica a multiformidade e complexidade das imagens que utiliza para mostrar-se ante o indivíduo - Vênus ou uma bruxa, frágil donzela, ou enérgica amazona, anjo ou demônio, mãe ou prostituta... Em qualquer dessas formas contraditórias é capaz de aparecer nas visões e sonhos. Na literatura e Kundry (Parsifal) ou Andrómeda (Perseu), Beatriz (Divina Comédia) ou "Ella" (R. Haggard), Antinea (Atlântida) ou Helena de Tróia (Erskine)... como mãe, inspira nosso primeiro sopro e recolhe o nosso último alento; como a vida, é, ao mesmo tempo, absurda (irracional) e significativa (lógica). Note-se, além disso, que Jung se compraz em destacar a cada passo esse caráter ambivalente e antinômico de todos os produtos e fatos psíquicos; nesse arquétipo encontra uma das melhores ocasiões para desenvolver tal gosto a critério. Na terceira fase desta viagem as profundidades do inconsciente coletivo aparece o arquétipo de saber primitivo, isto a do mago, que no sexo masculino pode apresentar-se sob a forma de profeta, caudilho etc., e no sexo feminino o faz com magna mater sob a aparência de deusa da fecundidade, pitonisa, sibila, sacerdotisa etc. Em Nietzsche esse setor da individualidade personifica-se em Zaratustra. Essas imagens são designadas por Jung com o comum qualificativo de personalidade maná e seu descobrimento coloca o indivíduo em frente a um núcleo de forças que lhe injeta confiança em seu saber e lhe permite tornar-se independente da influência que sobre ele exerciam as imagens de seus progenitores. Em suma, esse velho homem sábio, espécie de Jeová, Júpiter, Wotan, Grande Espírito ou Mago, a uma figura híbrida que possui todos os segredos e arcanos do mundo: à medida que o indivíduo se deixa levar por ela, sente-se seguro e onipotente. Em alguns delírios de grandeza e estados oniróides da esquizofrenia vemo-la em ação, dirigindo todo o pensamento do indivíduo que adquire categoria de homo divinans.
Deixando de lado as representações pessoais dos três arquétipos até agora mencionados, existem muitas imagens impessoais dos mesmos, mas estas não os representam em seu estado de pureza e sim no processo de transformação que operará no seio da individualidade para a criação de seu novo centro diretor: o mesmo. Na medida em que este se precisa e condensa aparece então uma nova categoria de símbolos arquétipos que denotam sua existência e mostram, como característica comum, uma forma circular (correspondente em Jung ao circulo mágico empregado no lamaismo e no ioga tântrico como intra). Estes símbolos, reveladores do processo formador da mesmidade, isto é, símbolos mésmicos (!) são designados pela psicologia complexa com o qualificativo de mandalas.
O próprio Jung escreve acerca deles as seguintes e desencorajantes linhas (Ob. cit. pág. 178) : "o que podemos dizer hoje sobre o simbolismo mandálico e o seguinte: que representa um fato psíquico autônomo, conhecido pelas manifestações que se repetem continuamente, e se encontram sempre idênticas. Parece uma espécie de núcleo atômico acerca de cuja íntima estrutura e significado último não sabemos nada. Podemos, pois, considerá-lo como a imagem espetral real, isto é, afetiva, de uma atitude de consciência que não pode formular nem o seu objeto nem o seu propósito e cuja atividade por tal renúncia se acha completamente projetada no centro virtual da mandala. Este só pode suceder par compulsão e a compulsão sempre chega a uma situação na qual o indivíduo não conhece o meio de auxiliar-se de outra maneira". Evidentemente esse parágrafo não esclarece o conceito que visamos alcançar.
Porém, outras dificuldades maiores vem somar-se às já encontradas por quem deseje seguir até o fim a peregrinação que impõe Jung para chegar a ser um indivíduo redondo e completo, isto é, possuidor de um grande mesmo e capaz de integrar tudo quanto traga em si. Tais dificuldades nascem da emergência, cada vez maior, de outros arquétipos ainda mais obscuros que os já assinalados. Com efeito, junto aos símbolos mandálicos se apresentam também as tétradas que, segundo parece, também simbolizam a mesmidade, dando-lhe forma tetrassômica ou quadricorpórea, - correspondente às quatro funções fundamentais antes descritas.
Daí, diz Jung, o prestigio universal da Cruz, dos pontos cardiais, do carbono (quadrivalente) ...
Sendo nosso propósito o de apresentar somente os pontos essenciais de cada doutrina, acreditamos que o já exposto bastará para fazer-se uma idéia do caráter distinto da atuai obra junguiana. Como síntese gráfica da mesma permitimo-nos transcrever em seguida o esquema XVII, com que Jacobi ilustra a posição que tem nos diversos pianos da individualidade os seus principais elementos, de acordo com essa doutrina:
TÉCNICA, INDICAÇÕES E LIMITAÇÕES DA PSICOTERAPIA JUNGUIANA
Pelo exposto acerca das idéias que presidem a concepção atual de Jung sobre a individualidade humana concebe-se sua afirmação de que seu sistema curativo não é tanto de ordem terapêutica (medica) quanto de natureza mística (religiosa) : não se trata tanto de curar o indivíduo de sua relativa miséria existencial, fazendo-o subir de seu miópico estado psíquico e descobrir o manancial inesgotável de reservas que encerra, em potência, o seu inconsciente ancestral ou coletivo. Ao incorporar ao seu núcleo egótico estas forças propulsoras e criar assim uma robusta mesmidade - que tenha em conta suficientemente a vocação (voz interior) individual - obtém-se uma síntese psíquica que permite ao indivíduo individuado, isto é, ao indivíduo que terminou o seu processo de individuação, superar todos os conflitos, tanto internos como externos e gozar de uma paz e de uma satisfação ate então desconhecidas dele.
A exploração dessas misteriosas zonas em que reinam os arquétipos antes descritos faz-se principalmente utilizando o material onírico que o paciente deve liberar intacto ao psicoterapeuta. E, além disso, as chamadas vivências de revelação, constituídas por súbitas emergências de imagens na consciência, de sonhos, fantasias ou impulsos de expressão artística (plástica ou literária) que ao serem devidamente analisados demonstram possuir um caráter simbólico e revelar, portanto, as fontes de que emanam.
Com isto já se deduz que pessoas que possam ser submetidas a essa terapêutica deverão ter não escassa cultura e uma rica vida interior; não podem ser imaginativamente secas e deverão estar propensas a submergir em qualquer momento nesse particular estado de divagação ou devaneio que e a chave de exploração psicanalítica.
É incompreensível, porém certo, que Jung conceda cada vez menos importância a sua prova das associações condicionadas na exploração de seus enfermos; sem dúvida, a isso devido à nova orientação de suas concepções.
Se agora nos perguntamos que tipo de doentes a mais tributário de seguir esse Heilweg (caminho da cura) que constitui a psicoterapia junguiana, dar-nos-emos conta de que são antes de tudo, os que, chegando a idade madura, sofrem ao ver o insucesso de suas vidas: tratam de reviver suas existências e se compenetram de que é demasiado tarde para isso; procuram consolar-se com a promessa de um venturoso alem e falta-lhes a fé religiosa, tentam resignar-se vivendo como até então e não tem a energia para conformar-se. Tudo isso os leva ao suicídio, à neurose ou à perversão, mas em todo caso os desvia progressivamente e os priva de paz e de satisfação. Em tais condições, ao psicoterapeuta resta proporcionar-lhes uma doutrina que tenha encanto de alguma bela criação artística, força sugestiva de uma tese religiosa e o poder de convicção persuasiva de uma obra científica. - Que importa que tudo isso não seja verdade, se o indivíduo chega a aceitá-lo como coisa real, que se lhe impõe como um ato de fé?
O psicoterapeuta impele então o enfermo ao desprezo de seus sintomas; estes equivalem ao preço de sua expiação pela ignorância de si mesmo. Já não diz, como o faziam Freud ou Adler, que são o preço que paga pela realização (deformada) de seus desejos inconfessáveis ou o preço de sua covardia. Em todo o caso, são algo que é necessário desentender na medida em que o enfermo se interessa pelo verdadeiro problema que tem diante de si e que é, nada mais nada menos, que o de seu destino e o da sua própria formação e autodeterminação. Assim como Freud leva certos indivíduos a um pessimismo e cepticismo e Adler os aguilhoa e estimula censurando-lhes suas faltas de sinceridade e de coragem, Jung os reanima e alegra assegurando-lhes "que ainda não haviam chegado a ser o que eram" e convencendo-os de que abrigam "infinitas possibilidades criadoras".
Facilmente se adivinham as limitações deste objetivo: deixando de lado a escassa cultura ou o excessivo realismo dos pacientes, ainda prescindindo de se são ou não jovens e céticos, a evidente que Jung não pode ajudar de um modo efetivo nem aos enfermos de psicoses propriamente ditas, nem tampouco aos de psiconeuroses complicadas como são, por exemplo, as de tipo impulsivo e obsessivo, pois nestas a mesma estrutura dos sintomas impossibilita o tipo de exploração necessária para chegar à interpretação prevista. Não tendo então um modo de vencer a resistência individual - pois isto equivale a pressupor no indivíduo uma atitude demoníaca que a negada por sua doutrina - o psicoterapeuta junguiano é incapaz em tais casos de "romper a fachada sintomática" : a religião privada do neurótico. A tais enfermos importa um descobrimento de seu anima ou conhecer as expressões de seu velho mago : desejam ser aliviados de sua angústia, ou quando menos, uma prova palpável e evidente de que estão na pista para consegui-lo. Nem uma nem outra estão à mão neste tipo de psicoterapia.
E o mesmo poderíamos dizer dos inúmeros casos de "organo-neuroses" e de transtornos em que se imbricam as causas somáticas e psíquicas produzindo um complicado quadro mórbido que justifica um ataque pluridimensional em todas as frentes e com todas as armas. Dada a real independência que Jung concede ao território da psique (para o que admite uma causalidade fechada, do mesmo modo que Freud, em seus primeiros ensaios) vê-se adstrito, forçosamente, a renunciar ao use de meios e recursos que se podem integrar comodamente num plano terapêutico menos rígido que o imposto pelo seu credo.
Isso explica a escassa difusão que logrou esta escola existem poucos psicoterapeutas junguianos nos países latinos, quase nenhum na América do Norte, e também o próprio autor do sistema parece interessar-se hoje muito mais em resolver problemas relacionados com a astrologia, alquimia, arte, religião e cosmologia, do que com a prática médica.
Contudo, ainda que trazendo consigo a euforiante esperança de uma troca estrutural baseada na incorporação de novos elementos, até então mantidos em estado potencial, é indubitável que alguns dos conceitos dessa doutrina podem e devem integrar-se na psicoterapia clínica: são mais efetivos, e até, se quisermos, mais sugestivos para o indivíduo que a "consciência da culpa" ou "complexo de castração" ou 0 "instinto tânico" que se podem manejar a torto e a direito, e requerem uma longa atuação educativa no enfermo por parte do psicanalista.
BIBLIOGRAFIA
CARL G. JUNG. - The Integration of the Personality, Farrar, Nova Iorque.
C. JUNG. - Metamorphoses et symboles de la Libide, Ed. Montaigne, Paris, 1931.
C. JUNG. - La Realidad del Alma, Ed. Losada, Buenos Aires, 1940.
C. JUNG. - Modern Man in Search of a Soul, Ed. K. Paul, Londres, 1933 (ver os capítulos: Problems of Psychoterapy e Psychotherapists or the Clergy. A. Dilema).
C. JUNG. - Psychology and Religion. Yale Univ. Press. 1938.
J. JACOBI. - Die Psychologie von C. G. Jung. Racher, Zilrique, 1940.
Manual de Psicoterapia
E. Miray López
Editora Mestre Jou
3º Edição - 1967
Princípios, técnica, indicações e limitações da psicoterapia complexa de Jung. - Estrutura da psique. - Os arquétipos. - Fases da individuação etc.
Se a psicologia individual adleriana pode ser criticada por não ser propriamente individual (ainda que de todas as escolas psicológicas modernas seja a que leva mais em conta a pressão que a comunidade social exerce sobre o indivíduo e construa a caracterologia deste de acordo com normas excessivamente simplistas e rígidas), o que nao impede seja manejável e atrativa quando enfrentamos casos de pouca complicação psicológica; a psicologia complexa de Jung - e ao sistema psicoterápico que dela deriva - não podemos fazer-lhe a censura de não corresponder em seu conteúdo ao que no título promete: é não só complexa, mas também confusa. Mais útil seria, como veremos, saber escolher e selecionar devidamente os casos a que devemos aplicá-la.
Em linhas gerais vimos que as concepções de Adler serviam de um modo especial - ainda que esta não seja a opinião de seus fiéis adeptos - para o trato com personalidades infantis, imaturas que, com falta de auto-suficiência e de segurança, tentam produzir impressão a qualquer preço. Ao contrario, a zona de ação da psicoterapia junguiana, é a das pessoas maduras próximas da crise evolutiva ou submergidas nela, que, ao reverem a sua vida e seus fins, se dão conta de que se equivocaram em seu caminho e não acertam em encontrar a sua rota ou acreditam que seja demasiado tarde para segui-la. Tais pessoas requerem, muito mais que as jovens, perspectivas que as consolem de seu desgosto íntimo pelo "tempo perdido e que já não voltara" e, de outra parte, as preparem para enfrentar a idéia de sua morte próxima, idéia esta que se apresenta cada vez mais clara. Quando de um modo espontâneo não existe nelas um sentimento religioso suficientemente intenso para lograr a sua transcendência nêle, falham os princípios psicoterápicos correntes; o ceticismo e o pessimismo não propiciam em tais enfermos uma relação fácil, nem tampouco é possível oferecer-lhes grandes coisas nem satisfações a sua libido, em plena regressão hormonal. E então precisamente que essa espécie de credo religioso-científico, sem maiores pretensões, pode alcançar a sua máxima eficácia curativa: se a psicanálise freudiana gira em redor do descobrimento do complexo edipiano e da liquidação dos sentimentos de culpa, a psicoterapia junguiana leva ao descobrimento da anima materna e à realização, embora tardia, da própria vocação (voz interior) que nela acha suas raízes. Tudo isso pressupõe a posse de um sistema complicado de conceitos, alguns dos quais têm um conjunto de raízes empírico-experiências e outros, infelizmente, são meras abstrações mítico-especulativas.
Vamos tentar uma síntese de tal sistema, ajudando-nos com alguns esquemas elaborados por uma das discípulas prediletas do mestre de Zurique, a Dra. Jacobi:
ESSÊNGIA E ESTRUTURA DA PSIQUE
Para Jung, a psique tem tanta realidade quanto o soma (corpo) e apresenta uma "estrutura" não menos complexa que a deste, ainda que suas dimensões sejam virtuais. A psique (termo com que Jung designa o aparelho psíquico freudiano) acha-se dividida em zonas ou estratos, dos quais,
a maior parte corresponde a processos que não tem a propriedade de refletir-se sobre si e, portanto, são inconscientes, ao passo que a outra parte possui tal característica.
Quatro são as zonas que se devem distinguir na psique:
a) a zona do ego (também chamada egótica, em que nasce e atua a consciência da existência;
b) a zona do conhecimento geral;
c) a zona do inconsciente pessoal;
d) a zona do Inconsciente coletivo. Esta ultima subdivide-se em duas : a dos processos que se podem fazer emergir da consciência (e são portanto cognosciveis) e a dos que sempre permanecerão ignorados, por não terem a dita possibilidade.
O inconsciente com esses três estratos (pessoal, coletivo, cognoscível e coletivo incognoscível) é mais antigo que a consciência, a qual procede dele e representa apenas uma parte superficial e inconstante do funcionamento psíquico. Esse inconsciente tende a compensar as atitudes da zona consciente para conservar tanto quanto possível a síntese individual, a qual, além disso, é determinada e mantida pelo ajustamento adequado das funções fundamentais da psique, que são quatro: pensar, intuir, sentir e sensacionar (Denken, Intuieren., Fuhlen, Empfinden). Com o nome de "função psíquica" designa Jung "uma atividade psíquica completamente independente de seus conteúdos circunstanciais e persistentes de sua natureza através do tempo". As duas mais conhecidas dessas funções (pensar e sentir) são denominadas racionais; o pensar serve para a distinção entre o verdadeiro e o falso, ao passo que o sentir permite a avaliada do agradável (prazer) e desagradável (desprazer). Ambas as funções excluem-se como atitude e compensam-se na individualidade, (pela oposição consciente-inconsciente, isto e, quanto mais aparece uma no piano consciente, mais se reprime e entra em tensão a outra no inconsciente).
As outras duas (intuir e sensacionar) são consideradas irracionais : a sensação "objetiva" serve à chamada fonction du réel dos franceses. A intuição apreende ou capta essa realidade imediata - não reacional, mas vital - podem sem a ajuda do aparelho sensorial corrente, isto e, em virtude de uma peculiar percepção interna (ou cripltestésica). Enquanto o possuidor de um tipo sensorial (ou sensacionista) nota os detalhes de um conteúdo real, o possuidor do tipo intuitivo não dá atenção a eles, porém vivencia, de chôfre (d'emblée) o seu sentido íntimo ou essência e suas projeções na existência temporal e espacial. Também esse par funcional se exclui e ao mesmo tempo se compensa reciprocamente na dinâmica psico-individual. Para representar esquematicamente o imbricamento dessas quatro funções, as suas possíveis interferências e combinações, Jung as integra no chamado sinal "Taigitu" dos chineses, na forma seguinte:
Geralmente predomina em cada individuo uma delas (função superior) e a oposta (inferior) permanece mais ou menos latente no inconsciente. No esquema transcrito, a zona branca indica o território plenamente consciente e a raiada assinala o campo inconsciente; de acordo com a representação gráfica, a função superior é, neste caso, o pensar, achando-se reprimido o sentir. Intuir e sensacionar - para esse suposto indivíduo - funções auxiliares (a primeira aparece aqui latente, ao passo que a segunda é manifesta). São poucos os indivíduos que pertencem a um tipo puro (caracterizado pelo predomínio absoluto de uma dessas funções sobre o resto), sendo o comum achar tipos mistos (pensadores empíricos, pensadores especulativos, afetivo-intuitivos, afetivo-sensoriais etc.).
Ao complexo funcional que se forma no seio da individualidade como resultado de um compromisso entre esta e a sociedade, chama Jung persona (dando a esta palavra o seu. primitivo significado de máscara). O eu parece assim intercalado entre ela e o inconsciente, oscilando entre os dois mundos (subjetivo e objetivo), entre os quais se consome o seu vivenciar. A esse respeito Jung coincide parcialmente com Stern, de cujas concepções difere, contudo, em aspectos básicos, como veremos adiante.
Outra semelhança entre ambos os psicólogos no-la dá o fato de que admitem eles, em relativa oposição a Freud, uma causalidade psíquica fechada, de sorte que a energia psíquica individual aparece em suas concepções como uma quantidade constante, susceptível, porém, de transformar-se e de deslocar-se no espaço (introversão e extroversão) e no tempo (progressão e regressão), criando assim um sistema de coordenadas pessoais inteiramente superponível, mas distinto das coordenadas físicas.
Jung volta a sua originalidade quando admite, além disso, que o processo de individuação a uma síntese de contrários, e que em sua dinâmica intervem (como ocorre na física) a lei de entropia, porém a diferencia do mundo inanimado, no da alma (que a uma realidade independente ou coisa em si para Jung), existindo a possibilidade de uma transformação reversível (consciência-inconsciente) graças ao eixo das chamadas funções auxiliares. No curso da vida individual - e nisto coincide agora a psicologia complexa com as idéias de Kretschmer - observa-se, geralmente entre os 40 e 50 anos, isto e, em tome da crise involutiva, a inversão da fórmula do equilíbrio psico-individual, em virtude da qual o introvertido se extroverte e vice-versa, ao mesmo tempo que a função reprimida passa a ser guia.
Os "complexos" - cujo estudo designa ou qualifica esta psicologia - são partes desprendidas da personalidade psíquica, grupos de conteúdos mentais que se fizeram independentes da ação do eu e funcionam autônoma e intencionalmente, com um núcleo submerso no inconsciente e uma parte secundária que emerge na consciência. Quando desce o nível desta a possível que se mostre também a parte oculta, mas então o indivíduo experimenta sua aparição como algo alheio a ele, como um corpo estranho, perturbador de sua liberdade e de seus propósitos voluntários. Jung sustenta que nem todos os complexos são patológicos nem tampouco derivam de uma regressão inicial da libido (como pensa Freud) e que às vezes são formações primitivamente inconscientes (talvez pré-individuais, isto é, provenientes do inconsciente herdado ou coletivo-ancestral) que não chegaram a escalar totalmente o pináculo da zona claramente consciente.
A via régia para a exploração do inconsciente é o sonho, mas também o é a análise das visões, devaneios e fantasias. Jung admite a existência de vivencias, denominadas "revelação", nas quais, subitamente, e quase com força alucinatória, aparece diante do indivíduo uma imagem ou uma idéia totalmente sem conexão habitual com sua corrente de pensamento e apresentada nele à maneira de um aerólito (que houvesse seguido uma rota invertida) ; tais conteúdos psíquicos são quase sempre expressões ou símbolos representativos dos arquétipos, os quais por sua vez, nos introduzem no domínio da chamada psique objetiva (em oposição à psique subjetiva ou egótica). Tais símbolos são multívocos (condensam muitas significações) e tem, freqüentemente, um caráter profético (H).
OS ARQUÉTIPOS JUNGUIANOS
Muito escreveu Jung acerca de tais arquétipos (talvez demasiado, pois com freqüência incorre em contradições sobre eles); o certo é que sua delimitação conceptual constitui um dos pontos mais obscuros dessa doutrina. Em sua conhecida obra "A integração da personalidade" dedica um extenso capitulo, de 43 paginas, a sua descrição sem que em nossa modesta opinião consiga esclarece-la. Afirma em tal trabalho que seus arquétipos constituem uma paráfrase do eidos (idéias) platônico e são les eternelles incrées, determinados formalmente e não em conteúdo material. O arquétipo é tão imanente como o sistema axial que potencialmente determina a formação de um cristal, sem ter uma existência concreta. Constitui uma "presença eterna que pode ou não ser percebida pelo conhecimento" e apresentar-se ante ele sob diversas formas concretas. Levy Bruhl designa algo parecido com suas "representations collectives", que concernem a sucessos e vivências típicas, primitivas, que mais tarde serão a base de fábulas e mitos tradicionais. Jung denominou os primeiros "imagens arcaicas" porem preferiu depois tomar o termo arquétipo (de Stº. Agostinho) por não prejulgar a natureza de sua representação concreta. A soma dos arquétipos constitui a soma de todas as possibilidades latentes da psique humana.
Imperativa obrigação de cada um é a de enfrentar a si mesmo e de olhar para si, interrogando os seus próprios mistérios e surpreendendo a riqueza incomensurável de seu mundo interior, tão grande que o indivíduo pode perder-se nele. Para que isso não ocorra, isto e, para evitar que alguém "se extravie em sua própria mesmidade", a psicologia complexa trabalha sem descanso e nos oferece um segundo fio de Ariadne: a interpretação das formas representativas dos arquétipos individuais, através do estudo paciente da pré-história, da mitologia, do folclore, das religiões, da alquimia e das concepções das antigas filosofias e cosmogonias...
Ocupada em tal tarefa, a psicologia complexa propende a conseguir que cada qual consiga construir e reconstruir a sua individualidade criando, mediante a aplicação de seu eu em certas zonas de seu inconsciente, um núcleo energético de poder superior que seja capaz de superar a autonomia existente entre a consciência e o inconsciente, integrando as diversas forças instintivas que se acham concentradas nos arquétipos, tantas vezes citados. A esse eu ampliado e superpotente, resultante do laborioso processo da procura e do encontro consigo mesmo, chama-lhe Jung "Selbst" e nós propomos traduzi-lo por mesmo ou mim; isto e, pois, o eu inicial e mais uma série de tendências e conteúdos gnósticos que, ao se englobarem nele, deslocam o centro da atividade psíquica, colocando-o em um ponto equidistante do âmbito individual. Se o eu se acha no centro da consciência, o mesmo encontra-se no centro do indivíduo; sua esfera fera território de ação se chama mesmidade (Selbstheit). Para obter-se este mesmo ou mim é necessário percorrer um longo caminho no qual achamos sucessivamente as instâncias dos arquétipos fundamentais da humanidade (*).
O primeiro deles e a sombra. Jung define-a como o "irmão oculto", como a "invisível cauda de sáurio que todo homem tem atrás de si" ou como "a parte inferior e menos recomendável" do indivíduo. Com isto quer exprimir que a sombra correspondente ao conjunto de nossas reações primárias procede da época selvagem da humanidade; o seu significado a demoníaco e sinistro: e o Mefistófeles de Fausto.
(*) A tarefa de autoformação da individualidade é chamada por Jung "processo de individuação", enquanto que ao esforço para conseguir destacá-la de entre as demais que integram o corpo social, é por ele designado como "trabalho de individualização".
O segundo arquétipo, já mais profundo e separado normalmente do eu, é denominado por Jung anima no sexo masculino e animus no feminino.
Acerca dele e de suas formas expressivas é muito mais explícito que a respeito do anterior, que a verdadeiramente apenas esboçado em suas descrições. A anima corresponde à imagem da mãe primitiva ou ancestral e simboliza quanto de feminino tem o individuo. Não deve identificar-se com a alma, se bem que pareça formar parte dela. Constitui "uma fonte de vida por trás da consciência, que não pode ser integrada nesta e que contudo a condiciona" (Jung, ob. cit.) ; esse caráter vital ou energético - fons et origo da criação psíquica - que se atribui ao dito arquétipo, explica a multiformidade e complexidade das imagens que utiliza para mostrar-se ante o indivíduo - Vênus ou uma bruxa, frágil donzela, ou enérgica amazona, anjo ou demônio, mãe ou prostituta... Em qualquer dessas formas contraditórias é capaz de aparecer nas visões e sonhos. Na literatura e Kundry (Parsifal) ou Andrómeda (Perseu), Beatriz (Divina Comédia) ou "Ella" (R. Haggard), Antinea (Atlântida) ou Helena de Tróia (Erskine)... como mãe, inspira nosso primeiro sopro e recolhe o nosso último alento; como a vida, é, ao mesmo tempo, absurda (irracional) e significativa (lógica). Note-se, além disso, que Jung se compraz em destacar a cada passo esse caráter ambivalente e antinômico de todos os produtos e fatos psíquicos; nesse arquétipo encontra uma das melhores ocasiões para desenvolver tal gosto a critério. Na terceira fase desta viagem as profundidades do inconsciente coletivo aparece o arquétipo de saber primitivo, isto a do mago, que no sexo masculino pode apresentar-se sob a forma de profeta, caudilho etc., e no sexo feminino o faz com magna mater sob a aparência de deusa da fecundidade, pitonisa, sibila, sacerdotisa etc. Em Nietzsche esse setor da individualidade personifica-se em Zaratustra. Essas imagens são designadas por Jung com o comum qualificativo de personalidade maná e seu descobrimento coloca o indivíduo em frente a um núcleo de forças que lhe injeta confiança em seu saber e lhe permite tornar-se independente da influência que sobre ele exerciam as imagens de seus progenitores. Em suma, esse velho homem sábio, espécie de Jeová, Júpiter, Wotan, Grande Espírito ou Mago, a uma figura híbrida que possui todos os segredos e arcanos do mundo: à medida que o indivíduo se deixa levar por ela, sente-se seguro e onipotente. Em alguns delírios de grandeza e estados oniróides da esquizofrenia vemo-la em ação, dirigindo todo o pensamento do indivíduo que adquire categoria de homo divinans.
Deixando de lado as representações pessoais dos três arquétipos até agora mencionados, existem muitas imagens impessoais dos mesmos, mas estas não os representam em seu estado de pureza e sim no processo de transformação que operará no seio da individualidade para a criação de seu novo centro diretor: o mesmo. Na medida em que este se precisa e condensa aparece então uma nova categoria de símbolos arquétipos que denotam sua existência e mostram, como característica comum, uma forma circular (correspondente em Jung ao circulo mágico empregado no lamaismo e no ioga tântrico como intra). Estes símbolos, reveladores do processo formador da mesmidade, isto é, símbolos mésmicos (!) são designados pela psicologia complexa com o qualificativo de mandalas.
O próprio Jung escreve acerca deles as seguintes e desencorajantes linhas (Ob. cit. pág. 178) : "o que podemos dizer hoje sobre o simbolismo mandálico e o seguinte: que representa um fato psíquico autônomo, conhecido pelas manifestações que se repetem continuamente, e se encontram sempre idênticas. Parece uma espécie de núcleo atômico acerca de cuja íntima estrutura e significado último não sabemos nada. Podemos, pois, considerá-lo como a imagem espetral real, isto é, afetiva, de uma atitude de consciência que não pode formular nem o seu objeto nem o seu propósito e cuja atividade por tal renúncia se acha completamente projetada no centro virtual da mandala. Este só pode suceder par compulsão e a compulsão sempre chega a uma situação na qual o indivíduo não conhece o meio de auxiliar-se de outra maneira". Evidentemente esse parágrafo não esclarece o conceito que visamos alcançar.
Porém, outras dificuldades maiores vem somar-se às já encontradas por quem deseje seguir até o fim a peregrinação que impõe Jung para chegar a ser um indivíduo redondo e completo, isto é, possuidor de um grande mesmo e capaz de integrar tudo quanto traga em si. Tais dificuldades nascem da emergência, cada vez maior, de outros arquétipos ainda mais obscuros que os já assinalados. Com efeito, junto aos símbolos mandálicos se apresentam também as tétradas que, segundo parece, também simbolizam a mesmidade, dando-lhe forma tetrassômica ou quadricorpórea, - correspondente às quatro funções fundamentais antes descritas.
Daí, diz Jung, o prestigio universal da Cruz, dos pontos cardiais, do carbono (quadrivalente) ...
Sendo nosso propósito o de apresentar somente os pontos essenciais de cada doutrina, acreditamos que o já exposto bastará para fazer-se uma idéia do caráter distinto da atuai obra junguiana. Como síntese gráfica da mesma permitimo-nos transcrever em seguida o esquema XVII, com que Jacobi ilustra a posição que tem nos diversos pianos da individualidade os seus principais elementos, de acordo com essa doutrina:
TÉCNICA, INDICAÇÕES E LIMITAÇÕES DA PSICOTERAPIA JUNGUIANA
Pelo exposto acerca das idéias que presidem a concepção atual de Jung sobre a individualidade humana concebe-se sua afirmação de que seu sistema curativo não é tanto de ordem terapêutica (medica) quanto de natureza mística (religiosa) : não se trata tanto de curar o indivíduo de sua relativa miséria existencial, fazendo-o subir de seu miópico estado psíquico e descobrir o manancial inesgotável de reservas que encerra, em potência, o seu inconsciente ancestral ou coletivo. Ao incorporar ao seu núcleo egótico estas forças propulsoras e criar assim uma robusta mesmidade - que tenha em conta suficientemente a vocação (voz interior) individual - obtém-se uma síntese psíquica que permite ao indivíduo individuado, isto é, ao indivíduo que terminou o seu processo de individuação, superar todos os conflitos, tanto internos como externos e gozar de uma paz e de uma satisfação ate então desconhecidas dele.
A exploração dessas misteriosas zonas em que reinam os arquétipos antes descritos faz-se principalmente utilizando o material onírico que o paciente deve liberar intacto ao psicoterapeuta. E, além disso, as chamadas vivências de revelação, constituídas por súbitas emergências de imagens na consciência, de sonhos, fantasias ou impulsos de expressão artística (plástica ou literária) que ao serem devidamente analisados demonstram possuir um caráter simbólico e revelar, portanto, as fontes de que emanam.
Com isto já se deduz que pessoas que possam ser submetidas a essa terapêutica deverão ter não escassa cultura e uma rica vida interior; não podem ser imaginativamente secas e deverão estar propensas a submergir em qualquer momento nesse particular estado de divagação ou devaneio que e a chave de exploração psicanalítica.
É incompreensível, porém certo, que Jung conceda cada vez menos importância a sua prova das associações condicionadas na exploração de seus enfermos; sem dúvida, a isso devido à nova orientação de suas concepções.
Se agora nos perguntamos que tipo de doentes a mais tributário de seguir esse Heilweg (caminho da cura) que constitui a psicoterapia junguiana, dar-nos-emos conta de que são antes de tudo, os que, chegando a idade madura, sofrem ao ver o insucesso de suas vidas: tratam de reviver suas existências e se compenetram de que é demasiado tarde para isso; procuram consolar-se com a promessa de um venturoso alem e falta-lhes a fé religiosa, tentam resignar-se vivendo como até então e não tem a energia para conformar-se. Tudo isso os leva ao suicídio, à neurose ou à perversão, mas em todo caso os desvia progressivamente e os priva de paz e de satisfação. Em tais condições, ao psicoterapeuta resta proporcionar-lhes uma doutrina que tenha encanto de alguma bela criação artística, força sugestiva de uma tese religiosa e o poder de convicção persuasiva de uma obra científica. - Que importa que tudo isso não seja verdade, se o indivíduo chega a aceitá-lo como coisa real, que se lhe impõe como um ato de fé?
O psicoterapeuta impele então o enfermo ao desprezo de seus sintomas; estes equivalem ao preço de sua expiação pela ignorância de si mesmo. Já não diz, como o faziam Freud ou Adler, que são o preço que paga pela realização (deformada) de seus desejos inconfessáveis ou o preço de sua covardia. Em todo o caso, são algo que é necessário desentender na medida em que o enfermo se interessa pelo verdadeiro problema que tem diante de si e que é, nada mais nada menos, que o de seu destino e o da sua própria formação e autodeterminação. Assim como Freud leva certos indivíduos a um pessimismo e cepticismo e Adler os aguilhoa e estimula censurando-lhes suas faltas de sinceridade e de coragem, Jung os reanima e alegra assegurando-lhes "que ainda não haviam chegado a ser o que eram" e convencendo-os de que abrigam "infinitas possibilidades criadoras".
Facilmente se adivinham as limitações deste objetivo: deixando de lado a escassa cultura ou o excessivo realismo dos pacientes, ainda prescindindo de se são ou não jovens e céticos, a evidente que Jung não pode ajudar de um modo efetivo nem aos enfermos de psicoses propriamente ditas, nem tampouco aos de psiconeuroses complicadas como são, por exemplo, as de tipo impulsivo e obsessivo, pois nestas a mesma estrutura dos sintomas impossibilita o tipo de exploração necessária para chegar à interpretação prevista. Não tendo então um modo de vencer a resistência individual - pois isto equivale a pressupor no indivíduo uma atitude demoníaca que a negada por sua doutrina - o psicoterapeuta junguiano é incapaz em tais casos de "romper a fachada sintomática" : a religião privada do neurótico. A tais enfermos importa um descobrimento de seu anima ou conhecer as expressões de seu velho mago : desejam ser aliviados de sua angústia, ou quando menos, uma prova palpável e evidente de que estão na pista para consegui-lo. Nem uma nem outra estão à mão neste tipo de psicoterapia.
E o mesmo poderíamos dizer dos inúmeros casos de "organo-neuroses" e de transtornos em que se imbricam as causas somáticas e psíquicas produzindo um complicado quadro mórbido que justifica um ataque pluridimensional em todas as frentes e com todas as armas. Dada a real independência que Jung concede ao território da psique (para o que admite uma causalidade fechada, do mesmo modo que Freud, em seus primeiros ensaios) vê-se adstrito, forçosamente, a renunciar ao use de meios e recursos que se podem integrar comodamente num plano terapêutico menos rígido que o imposto pelo seu credo.
Isso explica a escassa difusão que logrou esta escola existem poucos psicoterapeutas junguianos nos países latinos, quase nenhum na América do Norte, e também o próprio autor do sistema parece interessar-se hoje muito mais em resolver problemas relacionados com a astrologia, alquimia, arte, religião e cosmologia, do que com a prática médica.
Contudo, ainda que trazendo consigo a euforiante esperança de uma troca estrutural baseada na incorporação de novos elementos, até então mantidos em estado potencial, é indubitável que alguns dos conceitos dessa doutrina podem e devem integrar-se na psicoterapia clínica: são mais efetivos, e até, se quisermos, mais sugestivos para o indivíduo que a "consciência da culpa" ou "complexo de castração" ou 0 "instinto tânico" que se podem manejar a torto e a direito, e requerem uma longa atuação educativa no enfermo por parte do psicanalista.
BIBLIOGRAFIA
CARL G. JUNG. - The Integration of the Personality, Farrar, Nova Iorque.
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C. JUNG. - La Realidad del Alma, Ed. Losada, Buenos Aires, 1940.
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C. JUNG. - Psychology and Religion. Yale Univ. Press. 1938.
J. JACOBI. - Die Psychologie von C. G. Jung. Racher, Zilrique, 1940.
O CORPO
A CONSTRUÇÃO DO CORPO E SEUS DESTINOS
Uma visão Psicanalítica
Yara Dalva Simão
“Suportar as verdades desnudadas, e enfrentar as
circunstâncias com calma absoluta,
eis o ápice da soberania.”
Ernst Jones
INTRODUÇÃO
No reino animal, o ser humano constitui a espécie que apresenta o maior grau de complexidade na escala evolutiva. Ele ocupa uma posição especial na natureza, tem sua inteligência e sua capacidade de raciocínio desenvolvidas, faz uso da linguagem articulada e é o que nasce em maior estado de desamparo e dependência. Por causa dessa dependência, o bebê humano precisará, desde o primeiro momento de vida, de cuidado e proteção. Esses virão pela relação do bebê com um adulto, mais especificamente com a mãe, com quem será estabelecida uma importante relação afetiva. A alimentação e os cuidados com o corpo do bebê serão os elementos responsáveis pelas suas primeiras experiências de prazer e desprazer.
Aconchegado no colo materno e levado ao seio para se alimentar, mais que saciada a fome, ele experimentará um momento pleno de satisfação que, a partir de então, tentará repetir inúmeras vezes, contudo sem jamais consegui-lo. Aquele primeiro momento único é irremediavelmente perdido é denominado por Freud de primeira experiência de satisfação.
A privação, oriunda dessa experiência, marca-o então com falta, a incompletude e abre as portas do desejo humano. Ele tentará reviver essa primeira vivência de satisfação por meio de alucinação. Dessa forma instaura-se a matriz do psiquismo humano, cuja evolução e desenvolvimento serão sempre marcados por percalços e vicissitudes.
É na lida com o filho que a mãe, pelo ritual de amamentação, higiene, limpeza, carinho e brincadeiras, começará a marcar, a pontuar o corpo da criança, dando suporte ao desenvolvimento psicossexual, que resultará, entre outras coisas, na constituição do corpo erógeno.
Corpo erógeno é o corpo investido libidinalmente, sabendo-se que a libido é a energia da pulsão sexual.
O desenvolvimento psicossexual humano se dá no entrelaçamento das fases oral, anal, fálica e genital, havendo uma predominância na organização da libido, característica a cada uma delas. (É importante não considerar esse acontecimento como uma sucessão gradativa e rígida, onde as etapas seriam excludentes umas das outras.) Nesse movimento constitutivo, a relação com a mãe é da maior importância, porque é ela quem fornece ao filho informações que permitirão a construção, pela criança, da imagem e percepção de si mesma. As palavras ou os significantes virão sempre carregados de conotação (fornecidas e interpretadas pela mãe e pela criança).
Na seqüência evolutiva do desenvolvimento psíquico da criança, alguns momentos se destacam pela importância de suas conseqüências. A capacidade de representação, adquirida com a aquisição da linguagem e do pensamento, é um desses momentos.
A criança aprende a representar o que vê em imagens e o que ouve em palavras. A representação do que é visto é registrada em imagens; quando esses registros acontecem muito precocemente são denominados de traço mnésico, que posteriormente poderão se articular com representação de palavras.
A possibilidade para a criança de representar psiquicamente o que vê e o que ouve lhe permitirá a conquista consecutiva da simbolização. A simbolização é a representação indireta de uma idéia, de um pensamento, de um desejo. É a aquisição dessa possibilidade que permitirá ao ser humano, entre outras coisas, lidar com a angústia por meio de representantes simbólicos que a abrandem ou dissipem. Exemplificando, se a presença materna significa amparo e proteção, sua ausência mergulha o bebê em angústia. Ele, então, inventa um representante ou substituto para sua mãe, com que lidará para aplacar sua angústia na falta dela. Winnicott, psicanalista e pediatra inglês, denomina essa primeira criação infantil de "objeto transicional". A chupeta, a ponta do dedo, a beiradinha da fronha, a dobrinha do cobertor, com as quais a criança se apega para dormir, constituem a representação simbólica da ausência da mãe.
Para que ocorra essa substituição, é feita uma passagem que implica em um deslocamento e uma metáfora.
Adquirida essa capacidade, deslocamentos e condensações, metáforas e metonímias serão recursos sempre utilizados para lidar com a angústia e os conflitos psíquicos. Os sintomas neuróticos serão oriundos desse movimento. Nesse sentido, portanto, a neurose é uma conquista positiva, constituindo-se em uma saída na luta do conflito psíquico. O maior ou menor grau de sucesso nessas passagens serão responsáveis pela melhor ou pior resposta do indivíduo em seu comportamento e em sua relação com as pessoas e com a vida.
MEDICINA E PSICANÁLISE
De maneira geral, quando alguém adoece ou é acometido de qualquer dor física, procura um médico. É examinado, procura-se fazer um diagnóstico e é proposto um tratamento. A cura é a expectativa e a tentativa de ambas as partes. O médico examina o indivíduo lidando com seu corpo biológico, de carne e osso, organismo vivo onde a harmonia da saúde foi quebrada.
Ele tem acesso a inúmeros recursos, que lhe possibilitam uma maior aproximação do diagnóstico, como radiografias, exames laboratoriais, ultra-sonografias, endoscopias, cintilografia, isótopos radioativos, tomografia computadorizada, ressonância magnética etc.
Foi o diagnóstico, outros recursos são usados para o tratamento, que incluem os tratamentos clínicos, os tratamentos cirúrgicos convencionais, os tratamentos cirúrgicos com auxílio de fibra ótica, laser, os tratamentos radioterápicos, quimioterápicos, todos eles contando sempre com um arsenal de drogas e novas tecnologias que, a cada dia, avançam mais na busca do sucesso do tratamento das doenças, possibilitando a recuperação da saúde do paciente.
Há, todavia, um segundo tipo de paciente. Sua dor e seu sofrimento são de outra ordem. Fobias, inibições, depressões, angústias, são de modo geral, as queixas mais comuns de quem procura a psicanálise. São indivíduos que trazem, junto com o sofrimento psíquico, questões existenciais com as quais gostariam de lidar. São atendidos pelos psicanalistas e a psicanálise pode ser indicada e praticada como possibilitadora de diminuir o sofrimento e conduzir o indivíduo a responder algumas questões que ele faz sobre si mesmo e sobre sua relação com a vida.
Grande parte do primeiro tipo de pacientes, aqueles que sofrem de males físicos e buscam a cura na medicina, fica satisfeita. Também um número considerável de pacientes do segundo tipo, que recorre à psicanálise como tentativa de ajuda consegue um resultado satisfatório.
Portanto, a medicina, com seus milhares de usuários, vem cumprindo bem seu papel científico e seu compromisso social. A psicanálise, bem mais restrita quanto ao seu número de praticantes e diferente em sua proposta final, sendo marginal e por isso ainda mal compreendia, por sua vez corresponde aos princípios teóricos e éticos do seu genial criador, Sigmund Freud, 100 anos após sua criação.
PSICOSSOMÁTICA
Um terceiro tipo de paciente é responsável pelo surgimento da psicossomática, uma nova abordagem médica. São pacientes que não encontram lugar definido junto aos médicos, nem junto aos analistas.
Por quê Porque nem o atendimento médico convencional, nem a psicanálise clássica, são de grande valia.
O que pretende, então, a psicossomática, e qual é o interesse da psicanálise nessa questão?
Aumenta a cada dia o número de pacientes nos consultórios de psicanálise encaminhados por médicos, querendo se tratar de doenças de fundo psíquico.
Tem sido comum, também, o irrompimento de fenômenos psicossomáticos de pacientes em análise. Esses fatos fazem com que a psicanálise se interesse cada vez mais pelo mecanismo responsável pelo desvio para o corpo do que deveria ser da ordem do psicológico.
Se a psicanálise se interessa por tudo que diz respeito ao humano, sem colocar barreira demarcando o que é normal e o que é patológico, buscando as determinações dos atos e motivações inconscientes, o adoecer não pode estar fora dos interesses dessa disciplina.
Cabe à medicina psicossomática explicar a maneira como o corpo responde a partir de conflitos rejeitados pela consciência.
Cabe ao psicanalista levar o paciente a dar nome à lesão ou à doença segundo seu código pessoal. O paciente precisa encontrar uma palavra que simbolize algo representado na lesão. Se essa lesão ou doença não puder ser traduzida ou simbolizada, não interessa à psicanálise sua explicação.
O conhecimento da origem e da causa dos fenômenos psicossomáticos facilitaria, para médicos e psicanalistas, o estabelecimento do campo de ação e do tipo de intervenção de cada profissional, respectivamente.
O ponto comum entre médicos psicossomáticos e psicanalistas está nos pacientes, que os procuram em função de um sofrimento.
Todavia, as duas disciplinas têm visões, abordagens e propostas opostas. A medicina psicossomática pretende a cura visando ao indivíduo como um todo, em que as partes se completam.
Um dos pilares da teoria psicanalítica é a incompletude do indivíduo, que já nasce marcado pela falta, daí sua condição de desejante. A psicanálise faz dessa incompletude sua possibilidade de trabalho.
Essa oposição, porém, não impede que psicossomáticos e psicanalistas tentem aproximações conceituais e práticas que possibilitem um trabalho conjunto.
A resposta positiva, já constatada, da psicanálise no tratamento de fenômenos psicossomáticos, não é, entretanto, exclusiva dessa abordagem; inúmeras outras práticas psicoterápicas também têm obtido resultados favoráveis. Isso nos autoriza a admitir um lado de sugestionabilidade nessas manifestações no corpo, o que reforça seu aspecto psíquico, justificando o interesse da psicanálise.
CORPO E IMAGEM CORPORAL
Partindo do princípio de que o objetivo de Freud foi demonstrar a íntima estrutura de uma perturbação neurótica e a determinação de seus sintomas, a suspeita de que a manifestação desses sintomas possa ocorrer no corpo nos parece, cada dia mais, uma hipótese viável. Obviamente que com uma estrutura diferente do sintoma neurótico.
O que será, então, que levaria alguém a substituir um sintoma neurótico por um fenômeno psicossomático?
Se o corpo é a estrutura física do homem, é também o lugar da vida e da morte. A lesão no corpo é um ataque à imagem corporal e o indivíduo se vê violado em seus direitos do corpo que tem e do corpo que é.
A medicina lida com o corpo que temos; corpo que se movimenta, objeto de julgamento e valorização; corpo mensurável, comparável, de competição.
A psicanálise lida com o corpo que somos; é o nosso vivido. Corpo carnal que não é apenas um instrumento, mas também um lugar. Lugar pelo qual o mundo atinge um mistério; aquilo que cada um de nós é. Não é um corpo que pede prótese, mas que pede significação e sentido. Corpo que habita a linguagem; lugar do desejo e lugar do gozo.
Cada um de nós possui um registro psíquico do próprio corpo e qualquer lesão ou mutilação desse corpo é vivida também em nível psíquico.
A criança recém-nascida é inicialmente um ego corporal que se relaciona com o mundo por meio de sensações e percepções. Os registros dessa relação constituirão pequenos núcleos de ego rudimentar que vão se integrando lentamente pela experiência cotidiana do bebê. Essa interação resulta das descobertas parciais que ele vai fazendo de seu corpo, mãos, pés, pernas, barriga, genitais, somadas à percepção que ele tem da forma como a mãe o vê e como ele se relaciona com ela. Gradativamente, em função do seu desenvolvimento físico e emocional, somados à sua interação com o meio ambiente, esses registros irão "tomando corpo", na acepção literal do termo, isto é, vão constituindo a representação psíquica que a criança (e posteriormente o adulto) terá de si mesma, formando sua primeira identidade, à qual denominamos imagem corporal. Essa representação psíquica está ligada à qualidade da relação da criança com seu mundo e seu corpo e, em função disso, estará melhor ou pior registrada, mais forte ou mais frágil. Essas nuanças têm suas raízes oriundas das experiências mais arcaicas vividas pelo bebê e sua mãe. Isso significa que cada órgão ou membro representado psiquicamente é investido de libido e passa a fazer parte de um código pessoal e particular de significação.
CORPO SIMBÓLICO, CORPO IMAGINÁRIO, CORPO REAL
O campo da psicanálise é delimitado pela linguagem e pelo sexo. Isso permite estabelecer dois estatutos do corpo: o corpo falante e o corpo sexual, ou que goza.
J.D. Násio define o corpo falante como "o corpo que interessa à psicanálise, não por ser um corpo de carne e osso, mas um corpo tomado como um conjunto de elementos significantes". Corpo falante é, portanto, aquele onde os significantes falam entre si.
O corpo simbólico é o conjunto ou corpo de significantes que insere o indivíduo numa ordem simbólica, preestabelecida e veiculada pela linguagem. As leis da cultura e da linguagem onde o indivíduo se insere são designadas pela ordem simbólica. Nesse sentido, o simbólico é a cultura, que é anterior ao indivíduo. A articulação cultura/indivíduo é fundada e constituída pela dimensão simbólica.
Para Lévi-Strauss, "toda cultura pode ser considerada como um conjunto de sistemas simbólicos, no topo dos quais se situam a linguagem, as regras matrimoniais, as relações econômicas, a arte, a ciência e a religião”.
O corpo imaginário é a imagem externa que desperta o sentido em um indivíduo. A imagem que eu tenho do meu corpo me foi dada a perceber a partir de fora, vista pelo outro. Portanto, eu me vejo como fui vista. Minha imagem foi projetada e me foi devolvida. Preciso, então, do outro para me constituir enquanto imagem e para ter acesso à linguagem e aos significantes.
O corpo real é o lugar do gozo. Gozo, em psicanálise, significa dor, desgaste, gasto, exigência. Corpo real é sinônimo de gozo. A lesão psicossomática traz sempre um traço do real.
O campo da psicanálise está delimitado pela articulação do simbólico, do imaginário e do real, que nunca se apresentam isoladamente por estarem atravessados uns pelos outros.
Há uma disjunção entre o corpo com que a medicina lida e o corpo que interessa à psicanálise. Eles pertencem a campos diferentes. O campo da medicina é da ordem da objetividade. Se o cliente reclama do braço, da perna ou do tumor, o médico, a partir de um parâmetro anatômico, cuidará do braço, da perna ou do tumor. Já o campo da psicanálise é da ordem da subjetividade. Braço, perna ou qualquer outro membro ou órgão pode, por deslocamento ou condensação, representar outra coisa ou simbolizar uma fantasia. É por isso que o corpo anatômico ou biológico não interessa à psicanálise. A descoberta de que o sintoma neurótico é oriundo de um salto do físico para o psíquico, por meio de representações inconscientes e suas respectivas simbolizações, ocorreu porque a psicanálise fez esse movimento. Freud, médico neurologista, a partir de uma escuta que foi além do corpo biológico, fez essa passagem, deslocando a linguagem de suas clientes do seu corpo anatômico para outro corpo, onde os significantes tentavam dar conta de um sofrimento que as aprisionava numa fantasia sexual infantil. É por essa trilha aberta por Freud que a psicanálise tem tentado fazer o caminho de volta no estudo dos fenômenos psicossomáticos. Parece que é exatamente nesse trecho de passagem, do salto do físico para uma representação fora do corpo, que acontece um curto-circuito e essa passagem não acontece. É nesse ponto e lugar que se encontram, psicossomáticos e psicanalistas, debruçados sobre o mesmo fenômeno e cheios de indagações.
Como a psicanálise pode iluminar essa área sombria do comportamento humano?
CONSTRUÇÃO DO CORPO E SEUS DESTINOS
O desenvolvimento psíquico e emocional do indivíduo está, numa primeira etapa da vida, inteiramente vinculado ao seu desenvolvimento, físico e biológico. O corpo oferece as condições indispensáveis, por meio das necessidades de autoconversação, para o movimento de constituição do aparelho psíquico.
Fome, sono, sede e frio são responsáveis pelos movimentos iniciais que inauguram a primeira inter-relação que o ser humano constitui em sua vida: mãe e bebê.
Atenta desde o início às necessidades físicas do filho, cabe à mãe interpretar e socorrer os apelos infantis. Ela vai nomeando os desejos do bebê e as partes de seu corpo.
O bebê, por sua vez, vai se descobrindo e esboçando os rudimentos da constituição de sua primeira identidade. É com intenso júbilo que, por volta dos 18 meses, ele conquista sua alteridade, se percebendo como outro, separado da sua mãe. A conquista da individuação não é tranqüila. O protótipo biológico da vida intra-uterina deixa suas marcas no recém-nascido, buscado na fantasia primordial do ser humano de um só corpo para ambos. As necessidades vitais de ambos são atendidas pelo corpo da mãe. Reeditar essa fantasia de unidade paradisíaca é criar a ilusão de completude, da não-separação.
Cabe à mãe propiciar condições ao bebê de separar-se dela, gradativamente, constituindo-se em um outro ser, com corpo e identidade próprias.
Nos momentos de angústia e solidão, o bebê tentará mergulhar na ilusão de unidade corporal, evitando a ameaça da separação. A mãe será responsável pela maior ou menor possibilidade de o bebê lidar com esses movimentos com menos angústia.
Para que haja separação e individuação, o bebê precisa que a mãe mantenha com ele uma distância afetiva e tranqüilizadora, que seja ideal no sentido de nem muito perto nem muito distante. É esse espaço, que Winnicott denomina de "espaço transicional", que o bebê poderá simbolizar suas representações lidando com a angústia da ausência. A aquisição da linguagem é também um ganho que possibilita à criança abrir mão da linguagem corporal para fazer uso de uma nova forma de comunicação. No estádio não-verbal, ainda nos primórdios da vida psíquica, o corpo é parte inseparável da constituição do psiquismo. Gradativamente, com a aquisição do pensamento, a capacidade de representação, com a linguagem e a possibilidade de simbolizar, o bebê lança mão de mecanismos de incorporação, introjeção, projeção e, finalmente, identificação. Ele consegue, então, distinguir o que é como ele e o que é diferente dele. A partir de então, psiquismo e soma começam a se diferenciar, constituindo diferentes contextos do ser humano.
A construção do corpo erógeno não está desvinculada da construção do corpo anatômico, uma vez que percalços em um deixam marcas no outro. Dores, doenças, distúrbios alimentares ou do sono, tropeços do corpo biológico poderão interferir nos destinos da constituição do corpo erógeno com suas fantasias subjacentes e vice-versa: angústias, pânico, inseguranças poderão levar o bebê a adoecer fisicamente. Realidade material e realidade psíquica se entrecruzam e, a partir de uma insatisfação, a realidade psíquica se forma, resultando em uma montagem simbólica e imaginária, constituída, portanto, de imagens e significantes.
Se o que interessa à psicanálise é a realidade psíquica, o que nos interessa no fenômeno psicossomático é a sua desmontagem imaginária e simbólica. A ferida, o caroço, a urticária, a asma ou qualquer outro fenômeno psicossomático são uma metáfora grosseira que não finalizou sua tarefa de simbolização; faltam palavras que, circulando no discurso, "descolem" do corpo anatômico o que pertence ao corpo erógeno.
O trabalho de análise precisa possibilitar ao paciente criar um "espaço transicional" que não houve, para que ele prossiga no seu trabalho de representações e simbolizações, onde os "objetos transicionais" percam sua materialidade e ganhem o estatuto de fantasias inconscientes, deslocando para o corpo erógeno e que está no corpo biológico. Isso implica transformar em sintoma neurótico um sintoma físico.
Os tropeços e obstáculos na construção do corpo provocam desvios e conseqüências posteriores. Os fenômenos psicossomáticos constituem uma parte dessas conseqüências. A renúncia à materialidade é decorrente da possibilidade de representar e simbolizar, aquisição indispensável ao desenvolvimento do psiquismo humano. A impossibilidade de descolagem da materialidade é responsável, entre outros percalços, pelo fenômeno psicossomático.
O fenômeno psicossomático geralmente eclode numa circunstância que mobiliza de forma excessiva as emoções do indivíduo. São emoções muito fortes, como ódio, angústia, separações, perdas, que vão além da capacidade de o paciente lidar com essas situações. O adoecer é a "saída" que eles encontram como solução, assim como o sintoma neurótico é a saída encontrada pelo conflito psíquico.
Como acreditamos que as manifestações psicossomáticas estão ligadas também ao psiquismo humano, imaginário, real e simbólico se articulam em sua encenação. Corpo anatômico e corpo erógeno estão aprisionados um no outro e a lesão seria o traço do real entrelaçado imaginariamente numa manifestação que poderíamos denominar de "real do corpo".
Os desvios na sexualidade humana em sua constituição podem ainda resultar nos invertidos sexuais, travestis, transexuais, fetichistas etc. Este texto pretende explorar apenas o viés da psicossomática.
Trabalhar no sentido de desvendar os mistérios e artifícios psíquicos do fenômeno psicossomático me parece ser mais do que um interesse da psicanálise; é um compromisso ético.
REFERÊNCIAS
1. Benoit P. Psicanálise e Medicina. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1989.
2. Cardoso e Cunha B. Psicanálise e Estruturalismo. Assirio e Ahim Editora, 1981 .
3. Freud S. "Três ensaios sobre a teoria da sexualidade". Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Vol XII. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1972.
4. Greps. Le Phénomène Psychosomatique et la Psychanalyse. Navarin Editeur, 1986.
5. Lacan J. Écritis. Paris: Édition du Seuil, 1966.
6. McDougall J. Théâtres du Je. Paris: Éditions Gallimard, 1982.
7. _____. Théatres du Corpos. Paris: Editions Gallimard, 1989.
8. Násio J.D. Cinco Lições sobre a Teoria de Jacques Lacan. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1983.
9. _____. Psicossomática. As Formações do Objeto a. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1992.
10. Pelicier I. Conferência no Congresso Internacional sobre o Corpo. Rio de Janeiro, 1983.
11. Winnicott D. Da Pediatria à Psicanálise. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves Editora, 1978.
Uma visão Psicanalítica
Yara Dalva Simão
“Suportar as verdades desnudadas, e enfrentar as
circunstâncias com calma absoluta,
eis o ápice da soberania.”
Ernst Jones
INTRODUÇÃO
No reino animal, o ser humano constitui a espécie que apresenta o maior grau de complexidade na escala evolutiva. Ele ocupa uma posição especial na natureza, tem sua inteligência e sua capacidade de raciocínio desenvolvidas, faz uso da linguagem articulada e é o que nasce em maior estado de desamparo e dependência. Por causa dessa dependência, o bebê humano precisará, desde o primeiro momento de vida, de cuidado e proteção. Esses virão pela relação do bebê com um adulto, mais especificamente com a mãe, com quem será estabelecida uma importante relação afetiva. A alimentação e os cuidados com o corpo do bebê serão os elementos responsáveis pelas suas primeiras experiências de prazer e desprazer.
Aconchegado no colo materno e levado ao seio para se alimentar, mais que saciada a fome, ele experimentará um momento pleno de satisfação que, a partir de então, tentará repetir inúmeras vezes, contudo sem jamais consegui-lo. Aquele primeiro momento único é irremediavelmente perdido é denominado por Freud de primeira experiência de satisfação.
A privação, oriunda dessa experiência, marca-o então com falta, a incompletude e abre as portas do desejo humano. Ele tentará reviver essa primeira vivência de satisfação por meio de alucinação. Dessa forma instaura-se a matriz do psiquismo humano, cuja evolução e desenvolvimento serão sempre marcados por percalços e vicissitudes.
É na lida com o filho que a mãe, pelo ritual de amamentação, higiene, limpeza, carinho e brincadeiras, começará a marcar, a pontuar o corpo da criança, dando suporte ao desenvolvimento psicossexual, que resultará, entre outras coisas, na constituição do corpo erógeno.
Corpo erógeno é o corpo investido libidinalmente, sabendo-se que a libido é a energia da pulsão sexual.
O desenvolvimento psicossexual humano se dá no entrelaçamento das fases oral, anal, fálica e genital, havendo uma predominância na organização da libido, característica a cada uma delas. (É importante não considerar esse acontecimento como uma sucessão gradativa e rígida, onde as etapas seriam excludentes umas das outras.) Nesse movimento constitutivo, a relação com a mãe é da maior importância, porque é ela quem fornece ao filho informações que permitirão a construção, pela criança, da imagem e percepção de si mesma. As palavras ou os significantes virão sempre carregados de conotação (fornecidas e interpretadas pela mãe e pela criança).
Na seqüência evolutiva do desenvolvimento psíquico da criança, alguns momentos se destacam pela importância de suas conseqüências. A capacidade de representação, adquirida com a aquisição da linguagem e do pensamento, é um desses momentos.
A criança aprende a representar o que vê em imagens e o que ouve em palavras. A representação do que é visto é registrada em imagens; quando esses registros acontecem muito precocemente são denominados de traço mnésico, que posteriormente poderão se articular com representação de palavras.
A possibilidade para a criança de representar psiquicamente o que vê e o que ouve lhe permitirá a conquista consecutiva da simbolização. A simbolização é a representação indireta de uma idéia, de um pensamento, de um desejo. É a aquisição dessa possibilidade que permitirá ao ser humano, entre outras coisas, lidar com a angústia por meio de representantes simbólicos que a abrandem ou dissipem. Exemplificando, se a presença materna significa amparo e proteção, sua ausência mergulha o bebê em angústia. Ele, então, inventa um representante ou substituto para sua mãe, com que lidará para aplacar sua angústia na falta dela. Winnicott, psicanalista e pediatra inglês, denomina essa primeira criação infantil de "objeto transicional". A chupeta, a ponta do dedo, a beiradinha da fronha, a dobrinha do cobertor, com as quais a criança se apega para dormir, constituem a representação simbólica da ausência da mãe.
Para que ocorra essa substituição, é feita uma passagem que implica em um deslocamento e uma metáfora.
Adquirida essa capacidade, deslocamentos e condensações, metáforas e metonímias serão recursos sempre utilizados para lidar com a angústia e os conflitos psíquicos. Os sintomas neuróticos serão oriundos desse movimento. Nesse sentido, portanto, a neurose é uma conquista positiva, constituindo-se em uma saída na luta do conflito psíquico. O maior ou menor grau de sucesso nessas passagens serão responsáveis pela melhor ou pior resposta do indivíduo em seu comportamento e em sua relação com as pessoas e com a vida.
MEDICINA E PSICANÁLISE
De maneira geral, quando alguém adoece ou é acometido de qualquer dor física, procura um médico. É examinado, procura-se fazer um diagnóstico e é proposto um tratamento. A cura é a expectativa e a tentativa de ambas as partes. O médico examina o indivíduo lidando com seu corpo biológico, de carne e osso, organismo vivo onde a harmonia da saúde foi quebrada.
Ele tem acesso a inúmeros recursos, que lhe possibilitam uma maior aproximação do diagnóstico, como radiografias, exames laboratoriais, ultra-sonografias, endoscopias, cintilografia, isótopos radioativos, tomografia computadorizada, ressonância magnética etc.
Foi o diagnóstico, outros recursos são usados para o tratamento, que incluem os tratamentos clínicos, os tratamentos cirúrgicos convencionais, os tratamentos cirúrgicos com auxílio de fibra ótica, laser, os tratamentos radioterápicos, quimioterápicos, todos eles contando sempre com um arsenal de drogas e novas tecnologias que, a cada dia, avançam mais na busca do sucesso do tratamento das doenças, possibilitando a recuperação da saúde do paciente.
Há, todavia, um segundo tipo de paciente. Sua dor e seu sofrimento são de outra ordem. Fobias, inibições, depressões, angústias, são de modo geral, as queixas mais comuns de quem procura a psicanálise. São indivíduos que trazem, junto com o sofrimento psíquico, questões existenciais com as quais gostariam de lidar. São atendidos pelos psicanalistas e a psicanálise pode ser indicada e praticada como possibilitadora de diminuir o sofrimento e conduzir o indivíduo a responder algumas questões que ele faz sobre si mesmo e sobre sua relação com a vida.
Grande parte do primeiro tipo de pacientes, aqueles que sofrem de males físicos e buscam a cura na medicina, fica satisfeita. Também um número considerável de pacientes do segundo tipo, que recorre à psicanálise como tentativa de ajuda consegue um resultado satisfatório.
Portanto, a medicina, com seus milhares de usuários, vem cumprindo bem seu papel científico e seu compromisso social. A psicanálise, bem mais restrita quanto ao seu número de praticantes e diferente em sua proposta final, sendo marginal e por isso ainda mal compreendia, por sua vez corresponde aos princípios teóricos e éticos do seu genial criador, Sigmund Freud, 100 anos após sua criação.
PSICOSSOMÁTICA
Um terceiro tipo de paciente é responsável pelo surgimento da psicossomática, uma nova abordagem médica. São pacientes que não encontram lugar definido junto aos médicos, nem junto aos analistas.
Por quê Porque nem o atendimento médico convencional, nem a psicanálise clássica, são de grande valia.
O que pretende, então, a psicossomática, e qual é o interesse da psicanálise nessa questão?
Aumenta a cada dia o número de pacientes nos consultórios de psicanálise encaminhados por médicos, querendo se tratar de doenças de fundo psíquico.
Tem sido comum, também, o irrompimento de fenômenos psicossomáticos de pacientes em análise. Esses fatos fazem com que a psicanálise se interesse cada vez mais pelo mecanismo responsável pelo desvio para o corpo do que deveria ser da ordem do psicológico.
Se a psicanálise se interessa por tudo que diz respeito ao humano, sem colocar barreira demarcando o que é normal e o que é patológico, buscando as determinações dos atos e motivações inconscientes, o adoecer não pode estar fora dos interesses dessa disciplina.
Cabe à medicina psicossomática explicar a maneira como o corpo responde a partir de conflitos rejeitados pela consciência.
Cabe ao psicanalista levar o paciente a dar nome à lesão ou à doença segundo seu código pessoal. O paciente precisa encontrar uma palavra que simbolize algo representado na lesão. Se essa lesão ou doença não puder ser traduzida ou simbolizada, não interessa à psicanálise sua explicação.
O conhecimento da origem e da causa dos fenômenos psicossomáticos facilitaria, para médicos e psicanalistas, o estabelecimento do campo de ação e do tipo de intervenção de cada profissional, respectivamente.
O ponto comum entre médicos psicossomáticos e psicanalistas está nos pacientes, que os procuram em função de um sofrimento.
Todavia, as duas disciplinas têm visões, abordagens e propostas opostas. A medicina psicossomática pretende a cura visando ao indivíduo como um todo, em que as partes se completam.
Um dos pilares da teoria psicanalítica é a incompletude do indivíduo, que já nasce marcado pela falta, daí sua condição de desejante. A psicanálise faz dessa incompletude sua possibilidade de trabalho.
Essa oposição, porém, não impede que psicossomáticos e psicanalistas tentem aproximações conceituais e práticas que possibilitem um trabalho conjunto.
A resposta positiva, já constatada, da psicanálise no tratamento de fenômenos psicossomáticos, não é, entretanto, exclusiva dessa abordagem; inúmeras outras práticas psicoterápicas também têm obtido resultados favoráveis. Isso nos autoriza a admitir um lado de sugestionabilidade nessas manifestações no corpo, o que reforça seu aspecto psíquico, justificando o interesse da psicanálise.
CORPO E IMAGEM CORPORAL
Partindo do princípio de que o objetivo de Freud foi demonstrar a íntima estrutura de uma perturbação neurótica e a determinação de seus sintomas, a suspeita de que a manifestação desses sintomas possa ocorrer no corpo nos parece, cada dia mais, uma hipótese viável. Obviamente que com uma estrutura diferente do sintoma neurótico.
O que será, então, que levaria alguém a substituir um sintoma neurótico por um fenômeno psicossomático?
Se o corpo é a estrutura física do homem, é também o lugar da vida e da morte. A lesão no corpo é um ataque à imagem corporal e o indivíduo se vê violado em seus direitos do corpo que tem e do corpo que é.
A medicina lida com o corpo que temos; corpo que se movimenta, objeto de julgamento e valorização; corpo mensurável, comparável, de competição.
A psicanálise lida com o corpo que somos; é o nosso vivido. Corpo carnal que não é apenas um instrumento, mas também um lugar. Lugar pelo qual o mundo atinge um mistério; aquilo que cada um de nós é. Não é um corpo que pede prótese, mas que pede significação e sentido. Corpo que habita a linguagem; lugar do desejo e lugar do gozo.
Cada um de nós possui um registro psíquico do próprio corpo e qualquer lesão ou mutilação desse corpo é vivida também em nível psíquico.
A criança recém-nascida é inicialmente um ego corporal que se relaciona com o mundo por meio de sensações e percepções. Os registros dessa relação constituirão pequenos núcleos de ego rudimentar que vão se integrando lentamente pela experiência cotidiana do bebê. Essa interação resulta das descobertas parciais que ele vai fazendo de seu corpo, mãos, pés, pernas, barriga, genitais, somadas à percepção que ele tem da forma como a mãe o vê e como ele se relaciona com ela. Gradativamente, em função do seu desenvolvimento físico e emocional, somados à sua interação com o meio ambiente, esses registros irão "tomando corpo", na acepção literal do termo, isto é, vão constituindo a representação psíquica que a criança (e posteriormente o adulto) terá de si mesma, formando sua primeira identidade, à qual denominamos imagem corporal. Essa representação psíquica está ligada à qualidade da relação da criança com seu mundo e seu corpo e, em função disso, estará melhor ou pior registrada, mais forte ou mais frágil. Essas nuanças têm suas raízes oriundas das experiências mais arcaicas vividas pelo bebê e sua mãe. Isso significa que cada órgão ou membro representado psiquicamente é investido de libido e passa a fazer parte de um código pessoal e particular de significação.
CORPO SIMBÓLICO, CORPO IMAGINÁRIO, CORPO REAL
O campo da psicanálise é delimitado pela linguagem e pelo sexo. Isso permite estabelecer dois estatutos do corpo: o corpo falante e o corpo sexual, ou que goza.
J.D. Násio define o corpo falante como "o corpo que interessa à psicanálise, não por ser um corpo de carne e osso, mas um corpo tomado como um conjunto de elementos significantes". Corpo falante é, portanto, aquele onde os significantes falam entre si.
O corpo simbólico é o conjunto ou corpo de significantes que insere o indivíduo numa ordem simbólica, preestabelecida e veiculada pela linguagem. As leis da cultura e da linguagem onde o indivíduo se insere são designadas pela ordem simbólica. Nesse sentido, o simbólico é a cultura, que é anterior ao indivíduo. A articulação cultura/indivíduo é fundada e constituída pela dimensão simbólica.
Para Lévi-Strauss, "toda cultura pode ser considerada como um conjunto de sistemas simbólicos, no topo dos quais se situam a linguagem, as regras matrimoniais, as relações econômicas, a arte, a ciência e a religião”.
O corpo imaginário é a imagem externa que desperta o sentido em um indivíduo. A imagem que eu tenho do meu corpo me foi dada a perceber a partir de fora, vista pelo outro. Portanto, eu me vejo como fui vista. Minha imagem foi projetada e me foi devolvida. Preciso, então, do outro para me constituir enquanto imagem e para ter acesso à linguagem e aos significantes.
O corpo real é o lugar do gozo. Gozo, em psicanálise, significa dor, desgaste, gasto, exigência. Corpo real é sinônimo de gozo. A lesão psicossomática traz sempre um traço do real.
O campo da psicanálise está delimitado pela articulação do simbólico, do imaginário e do real, que nunca se apresentam isoladamente por estarem atravessados uns pelos outros.
Há uma disjunção entre o corpo com que a medicina lida e o corpo que interessa à psicanálise. Eles pertencem a campos diferentes. O campo da medicina é da ordem da objetividade. Se o cliente reclama do braço, da perna ou do tumor, o médico, a partir de um parâmetro anatômico, cuidará do braço, da perna ou do tumor. Já o campo da psicanálise é da ordem da subjetividade. Braço, perna ou qualquer outro membro ou órgão pode, por deslocamento ou condensação, representar outra coisa ou simbolizar uma fantasia. É por isso que o corpo anatômico ou biológico não interessa à psicanálise. A descoberta de que o sintoma neurótico é oriundo de um salto do físico para o psíquico, por meio de representações inconscientes e suas respectivas simbolizações, ocorreu porque a psicanálise fez esse movimento. Freud, médico neurologista, a partir de uma escuta que foi além do corpo biológico, fez essa passagem, deslocando a linguagem de suas clientes do seu corpo anatômico para outro corpo, onde os significantes tentavam dar conta de um sofrimento que as aprisionava numa fantasia sexual infantil. É por essa trilha aberta por Freud que a psicanálise tem tentado fazer o caminho de volta no estudo dos fenômenos psicossomáticos. Parece que é exatamente nesse trecho de passagem, do salto do físico para uma representação fora do corpo, que acontece um curto-circuito e essa passagem não acontece. É nesse ponto e lugar que se encontram, psicossomáticos e psicanalistas, debruçados sobre o mesmo fenômeno e cheios de indagações.
Como a psicanálise pode iluminar essa área sombria do comportamento humano?
CONSTRUÇÃO DO CORPO E SEUS DESTINOS
O desenvolvimento psíquico e emocional do indivíduo está, numa primeira etapa da vida, inteiramente vinculado ao seu desenvolvimento, físico e biológico. O corpo oferece as condições indispensáveis, por meio das necessidades de autoconversação, para o movimento de constituição do aparelho psíquico.
Fome, sono, sede e frio são responsáveis pelos movimentos iniciais que inauguram a primeira inter-relação que o ser humano constitui em sua vida: mãe e bebê.
Atenta desde o início às necessidades físicas do filho, cabe à mãe interpretar e socorrer os apelos infantis. Ela vai nomeando os desejos do bebê e as partes de seu corpo.
O bebê, por sua vez, vai se descobrindo e esboçando os rudimentos da constituição de sua primeira identidade. É com intenso júbilo que, por volta dos 18 meses, ele conquista sua alteridade, se percebendo como outro, separado da sua mãe. A conquista da individuação não é tranqüila. O protótipo biológico da vida intra-uterina deixa suas marcas no recém-nascido, buscado na fantasia primordial do ser humano de um só corpo para ambos. As necessidades vitais de ambos são atendidas pelo corpo da mãe. Reeditar essa fantasia de unidade paradisíaca é criar a ilusão de completude, da não-separação.
Cabe à mãe propiciar condições ao bebê de separar-se dela, gradativamente, constituindo-se em um outro ser, com corpo e identidade próprias.
Nos momentos de angústia e solidão, o bebê tentará mergulhar na ilusão de unidade corporal, evitando a ameaça da separação. A mãe será responsável pela maior ou menor possibilidade de o bebê lidar com esses movimentos com menos angústia.
Para que haja separação e individuação, o bebê precisa que a mãe mantenha com ele uma distância afetiva e tranqüilizadora, que seja ideal no sentido de nem muito perto nem muito distante. É esse espaço, que Winnicott denomina de "espaço transicional", que o bebê poderá simbolizar suas representações lidando com a angústia da ausência. A aquisição da linguagem é também um ganho que possibilita à criança abrir mão da linguagem corporal para fazer uso de uma nova forma de comunicação. No estádio não-verbal, ainda nos primórdios da vida psíquica, o corpo é parte inseparável da constituição do psiquismo. Gradativamente, com a aquisição do pensamento, a capacidade de representação, com a linguagem e a possibilidade de simbolizar, o bebê lança mão de mecanismos de incorporação, introjeção, projeção e, finalmente, identificação. Ele consegue, então, distinguir o que é como ele e o que é diferente dele. A partir de então, psiquismo e soma começam a se diferenciar, constituindo diferentes contextos do ser humano.
A construção do corpo erógeno não está desvinculada da construção do corpo anatômico, uma vez que percalços em um deixam marcas no outro. Dores, doenças, distúrbios alimentares ou do sono, tropeços do corpo biológico poderão interferir nos destinos da constituição do corpo erógeno com suas fantasias subjacentes e vice-versa: angústias, pânico, inseguranças poderão levar o bebê a adoecer fisicamente. Realidade material e realidade psíquica se entrecruzam e, a partir de uma insatisfação, a realidade psíquica se forma, resultando em uma montagem simbólica e imaginária, constituída, portanto, de imagens e significantes.
Se o que interessa à psicanálise é a realidade psíquica, o que nos interessa no fenômeno psicossomático é a sua desmontagem imaginária e simbólica. A ferida, o caroço, a urticária, a asma ou qualquer outro fenômeno psicossomático são uma metáfora grosseira que não finalizou sua tarefa de simbolização; faltam palavras que, circulando no discurso, "descolem" do corpo anatômico o que pertence ao corpo erógeno.
O trabalho de análise precisa possibilitar ao paciente criar um "espaço transicional" que não houve, para que ele prossiga no seu trabalho de representações e simbolizações, onde os "objetos transicionais" percam sua materialidade e ganhem o estatuto de fantasias inconscientes, deslocando para o corpo erógeno e que está no corpo biológico. Isso implica transformar em sintoma neurótico um sintoma físico.
Os tropeços e obstáculos na construção do corpo provocam desvios e conseqüências posteriores. Os fenômenos psicossomáticos constituem uma parte dessas conseqüências. A renúncia à materialidade é decorrente da possibilidade de representar e simbolizar, aquisição indispensável ao desenvolvimento do psiquismo humano. A impossibilidade de descolagem da materialidade é responsável, entre outros percalços, pelo fenômeno psicossomático.
O fenômeno psicossomático geralmente eclode numa circunstância que mobiliza de forma excessiva as emoções do indivíduo. São emoções muito fortes, como ódio, angústia, separações, perdas, que vão além da capacidade de o paciente lidar com essas situações. O adoecer é a "saída" que eles encontram como solução, assim como o sintoma neurótico é a saída encontrada pelo conflito psíquico.
Como acreditamos que as manifestações psicossomáticas estão ligadas também ao psiquismo humano, imaginário, real e simbólico se articulam em sua encenação. Corpo anatômico e corpo erógeno estão aprisionados um no outro e a lesão seria o traço do real entrelaçado imaginariamente numa manifestação que poderíamos denominar de "real do corpo".
Os desvios na sexualidade humana em sua constituição podem ainda resultar nos invertidos sexuais, travestis, transexuais, fetichistas etc. Este texto pretende explorar apenas o viés da psicossomática.
Trabalhar no sentido de desvendar os mistérios e artifícios psíquicos do fenômeno psicossomático me parece ser mais do que um interesse da psicanálise; é um compromisso ético.
REFERÊNCIAS
1. Benoit P. Psicanálise e Medicina. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1989.
2. Cardoso e Cunha B. Psicanálise e Estruturalismo. Assirio e Ahim Editora, 1981 .
3. Freud S. "Três ensaios sobre a teoria da sexualidade". Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Vol XII. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1972.
4. Greps. Le Phénomène Psychosomatique et la Psychanalyse. Navarin Editeur, 1986.
5. Lacan J. Écritis. Paris: Édition du Seuil, 1966.
6. McDougall J. Théâtres du Je. Paris: Éditions Gallimard, 1982.
7. _____. Théatres du Corpos. Paris: Editions Gallimard, 1989.
8. Násio J.D. Cinco Lições sobre a Teoria de Jacques Lacan. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1983.
9. _____. Psicossomática. As Formações do Objeto a. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1992.
10. Pelicier I. Conferência no Congresso Internacional sobre o Corpo. Rio de Janeiro, 1983.
11. Winnicott D. Da Pediatria à Psicanálise. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves Editora, 1978.
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IRRITABILIDADE PATOLÓGICA
BLEULER – COMO SENDO UMA PREDISPOSIÇÃO ESPECIAL AO DESGOSTO, A I RA, AO FUROR.
MANIFESTAM IMPACIÊNCIA, AUMENTO DA CAPACIDADE DE REAÇÃO PARA DETERMINADOS ESTÍMULOS, INTOLERÂNCIA.
(PERSONALIDADES PSICOPÁTICAS EXPLOSIVAS, ESTADOS DE EXALTAÇÃO MANÍACA, ALGUNS OLIGOFRENICOS, EPILEPSIA).
TENACIDADE AFETIVA
CONSISTE NA PERSISTÊNCIA ANORMAL DE CERTOS ESTADOS AFETIVOS, COMO O RESSENTIMENTO, O ÓDIO, O RANCOR, E EM VIRTUDE DESSA FIXAÇÃO PROLONGADA DE SENTIMENTOS DESAGRADÁVEIS, O INDIVÍDUO ESTA SEMPRE DE MAU-HUMOR.
PUERILISMO
O TERMO É EMPREGADO PARA DESIGNAR AS ALTERAÇÕES MENTAIS CARACTERIZADAS PELA REGRESSÃO DA PERSONALIDADE ADULTA AO NÍVEL DO COMPORTAMENTO INFANTIL (ATITUDES, LINGUAGEM, ESTADO DE ÂNIMO).
É um estado especial em que se produz a mudança rápida e imotivada do humor, sempre acompanhada de extraordinária intensidade da reação afetiva, que se processa com duração muito limitada.
(Senis, P.M.D., P. Psicopaticos, Oligof.)
O termo fobia é definido como “um temor insensato, obsessivo e angustiante, que certos doentes sentem em determinadas situações”.
BLEULER – COMO SENDO UMA PREDISPOSIÇÃO ESPECIAL AO DESGOSTO, A I RA, AO FUROR.
MANIFESTAM IMPACIÊNCIA, AUMENTO DA CAPACIDADE DE REAÇÃO PARA DETERMINADOS ESTÍMULOS, INTOLERÂNCIA.
(PERSONALIDADES PSICOPÁTICAS EXPLOSIVAS, ESTADOS DE EXALTAÇÃO MANÍACA, ALGUNS OLIGOFRENICOS, EPILEPSIA).
TENACIDADE AFETIVA
CONSISTE NA PERSISTÊNCIA ANORMAL DE CERTOS ESTADOS AFETIVOS, COMO O RESSENTIMENTO, O ÓDIO, O RANCOR, E EM VIRTUDE DESSA FIXAÇÃO PROLONGADA DE SENTIMENTOS DESAGRADÁVEIS, O INDIVÍDUO ESTA SEMPRE DE MAU-HUMOR.
PUERILISMO
O TERMO É EMPREGADO PARA DESIGNAR AS ALTERAÇÕES MENTAIS CARACTERIZADAS PELA REGRESSÃO DA PERSONALIDADE ADULTA AO NÍVEL DO COMPORTAMENTO INFANTIL (ATITUDES, LINGUAGEM, ESTADO DE ÂNIMO).
É um estado especial em que se produz a mudança rápida e imotivada do humor, sempre acompanhada de extraordinária intensidade da reação afetiva, que se processa com duração muito limitada.
(Senis, P.M.D., P. Psicopaticos, Oligof.)
O termo fobia é definido como “um temor insensato, obsessivo e angustiante, que certos doentes sentem em determinadas situações”.
segunda-feira, 26 de abril de 2010
NARCISIOS
ASPECTOS DE NARCISO – NO INDIVÍDUO E NA SOCIEDADE
Este artigo foi gestado em texto de Sérgio Lasta.
Prof. Eustásio de Oliveira Ferraz.
Narciso - Michelangelo Merisi Caravaggio (1571-1610)
O Mito de Narciso.
Narciso era um belo rapaz indiferente ao amor, filho do deus do rio Céfiso e da ninfa Liríope. Por ocasião de seu nascimento os pais perguntaram ao adivinho Tirésias qual seria o destino do menino, pois ficaram muito assustados com a sua beleza rara e jamais vista. A resposta foi que ele teria vida longa se não visse a própria face. Muitas moças e ninfas apaixonaram-se por Narciso quando ele chegou à fase adulta, mas o belo jovem não se interessou por nenhuma delas. A ninfa Eco, uma das apaixonadas, não se conformando com a indiferença de Narciso, afastou-se amargurada para um lugar deserto onde definhou até a morte e restaram somente seus gemidos. As moças desprezadas pediram aos deuses que a vingasse. Nêmesis apiedou-se delas e induziu Narciso, depois de uma caçada num dia muito quente, a se debruçar na fonte de Téspias para beber água. Nessa posição ele viu seu rosto refletido na água e se apaixonou pela própria imagem. Descuidando-se de tudo o mais, ele permaneceu imóvel na contemplação ininterrupta de sua face refletida e assim morreu. No local de sua morte apareceu uma flor que recebeu seu nome, dotada também de uma beleza singular, porém narcótica e estéril.
Narciso é um personagem enigmático e fascinante que traz em si um grande dilema: ver-se ou viver; ver-se e não viver ou não se ver e viver. Não podia conhecer-se, caso contrário não veria a velhice ou a vida eterna, como previra o oráculo. Por isso, era admirado por si mesmo, imobilizado e aprisionado em seu próprio mundo. Não podia se ver para continuar vivendo. Amava e não podia amar, amado, não podia deixar-se amar. Era solitário vagando pela floresta.
O belo Narciso é independente, porém vive na solidão; evita qualquer aproximação, não respeita a sociabilidade. É imerso em si, anula a alteridade (o outro). Tem tudo, basta-se a si mesmo. É prisioneiro de sua própria aparência que lhe é irresistível e isso o faz sofrer. Sofre porque não consegue ter aquela imagem para si. Está tão próximo e ao mesmo tempo tão distante. Representa o eterno dilema da auto-sedução que não se realiza. Tem e ao mesmo tempo não a tem, porque essa é intocável, pode ser somente contemplada. É um amor platônico por si mesmo. Tocar a fonte de Téspias seria deformar aquela imagem tão bela e perfeita.
Seu desejo é devorar-se a si mesmo. Tem a beleza desejada, idealizada, que todos querem possuir. Às vezes isso provoca a ruína, o que significa ver somente o ideal de si, um rosto bonito e não uma pessoa em sua inteireza. É uma imagem com muitos rostos onde o próprio EU não entra e esses rostos se confundem. Há o desejo de se tornar sedutor(a), de despertar desejos. E o sedutor(a) adquire uma imagem que não é sua, tem outra identidade, pois seu ego é frágil, nada sedutor.
Ao contemplar-se nas águas da fonte, sua unidade rompe-se: o que era um parte-se em dois. É arrastado para fora de si. O que Narciso viu? O ideal de si e lutou para não perder essa imagem. Sua posição reclinada para baixo não permite ver a vastidão do horizonte, deixa-o envolto em si mesmo. Por isso a visão que tem do mundo é ínfima. Mas a imagem ideal refletida é inalcançável, isso o leva à morte como punição por não conseguir trazer para si a imagem desejada.
Esse mito, ou lenda simboliza a imobilidade, a solidão e a infelicidade, porque Narciso não conseguiu vencer a sedução da própria imagem. Se isso acontecesse, teria que assumir responsabilidades sociais, enfrentar desafios, a realidade, as desilusões. Não há risco zero na vida. Exemplos? Basta prestar atenção na vida dos animais. Se ficar na toca certamente morrerá de fome e sede. É preciso enfrentar a realidade, mesmo sob o perigo de perder a vida. É também a busca da eterna beleza. Morrendo jovem e belo, seria lembrado assim, com sua juventude perpetuada. É a busca do aplauso, do reconhecimento. Esse ideal do belo provoca desejos irrealizados, prazer em seduzir e despertar desejos. Porém não permite que sejam satisfeitos. Isso leva à melancolia, o mundo perde o valor, a consciência aflige-se com fragilidade.
O grande engano de Narciso foi errar na escolha de amor. Ao invés de dirigi-lo a outro, volta-se para si mesmo e comete um incesto intrapsíquico. Toda sua energia não se liga ao mundo externo e isso é patológico. O que ele ama é a sua sombra, o próprio reflexo, por isso não abandonou as águas da fonte. Somente ali essa ação é possível. Seu desejo era manter-se eterno, perpetuar aquela imagem que o seduziu e a sedução pelo eterno levou-o à morte.
A fonte é o espelho que atrai e arruína. A imagem refletida não é o que aparenta. Mostra o que é e o que não é. Estimula na alma o desejo por uma imagem inatingível. Narciso achou que era a própria imagem, não se individualizou, não separou realidade e fantasia.
Esse personagem também pode ser visto por outro ângulo, pois até aqui parece ser doentio. Todos têm um Narciso em si e isso leva a que cada um procure cuidar do próprio corpo; arrumar-se, enfeitar-se para agradar a si e aos outros demais. Isso não significa que esteja voltando sua capacidade de amar e ser amado só para si mesmo, mas tem a finalidade de encontrar alguém, ir em busca do outro e do mundo.
Logicamente o mito presta-se para muitas outras interpretações. Porém Narciso perambula pela sociedade e está na personalidade de todos.
O mito de Narciso nos mostra que vivemos na superficialidade, nas aparências. Somos seres sem profundidade.
O mito de Narciso sempre quer falar algo do ser humano. De uma forma ou de outra sempre trazemos um Narciso dentro de nós. Narciso diz que cada ser humano tem que descobrir que ele é, e qual o caminho que o conduz à felicidade.
AS VIAS DA FELICIDADE
O Segredo da Felicidade
Posted by Karina em 5, February, 2010 em Documentários, Espiritualidade, Lei da Atração, Livros & Literatura
“(…) O que os outros dizem é verdade só para eles. É como eles expressam a experiência de vida deles. Mas se você aprender a escutar, verá que entre essas mentiras a verdade aparece. E você conseguirá perceber essa verdade. Se você não acreditar em si mesmo, se não acreditar em mais ninguém – nem em mim – todas essas mentiras não irão sobreviver, mas a verdade irá sobreviver. Acreditando ou não, o sol estará no céu todo dia. Não é preciso acreditar na verdade para que ela exista. Mas para as mentiras existirem é preciso que se acredite nelas.”
Don Miguel Ruiz (autor de “Os Quatro Compromissos“)
“Se você quiser ser feliz um dia inteiro, vá fazer compras. É ótimo, mas não dura e depois chega a conta do cartão. Se quiser ser feliz um fim de semana todo faça um programa gostoso, vá pescar, vá jogar golfe. Se quiser ser feliz um mês inteiro, tire férias. Vá para a Austrália, você vai se divertir. Se quiser ser feliz um ano inteiro, herde uma fortuna. Mas se quiser ser feliz a vida toda, precisa fazer diferença na vida das pessoas. Precisa dar a sua contribuição. A maioria das pessoas se preocupa tanto em ter sucesso, que se esquece do significado. E essa é a grande conquista, ter significado, não ter sucesso.
Matthew Kelly (autor de “O Ritmo da Vida” e “O Administrador de Sonhos“)
O documentário/filme que trago hoje se chama “O Segredo da Felicidade“. Quem assistiu e gostou de “Somos Todos Um”, certamente irá gostar do Segredo da Felicidade, pois é muito parecido com o primeiro. Basicamente, um rapaz – um jovem ator - parte em busca de uma resposta, um método, uma explicação, enfim, uma luz, sobre como ser feliz. Para isso ele entrevista todo tipo de pessoa, desde um morador de rua e um ex-preso político, passando por um mecânico guru, um rabi surfista, uma sacerdotisa Vodu, professores acadêmicos, até autores famosos de espiritualidade e auto-ajuda como Eckhart Tolle e o Rev. Michael Beckwith (mais conhecido por sua participação no filme “O Segredo”). O resultado é um filme repleto de grandes insights, alguns vindo de pessoas que você jamais imaginaria. As citações que introduzem o post eu extrai de duas entrevistas que foram feitas, para dar uma ideia do que é tratado no filme e da qualidade da mensagem que é passada ali.
Inclusive, antes de partir para o vídeo quero deixar como recomendação o livro “Os Quatro Compromissos” de Don Miguel Ruiz. É um livro fininho, objetivo e prático que traz um pouco da filosofia e sabedoria tolteca e, sinceramente, está entre as melhores leituras que já tive. Os quatro compromissos do título se referem às quatro atitudes que você deve se comprometer a tomar, para sair do “sonho do mundo” (os tais condicionamentos, pensamentos padronizados, crenças limitadoras etc) e passar a viver uma vida verdadeiramente autêntica. Não quero entregar muito a ideia do livro, mas cito resumidamente quais seriam esses quatro compromissos, que, apesar de tão simples e acessíveis (você pode começar a colocá-los em prática neste exato instante, não requer nenhum conhecimento e/ou treinamento/iniciação/etc prévios) tem realmente o poder de nos fazer “acordar”. Os quatro compromissos são:
- Seja impecável com a sua palavra: fale com integridade. Diga somente o que quer dizer. Evite utilizar a palavra para falar contra si mesmo (coisas como “Estou gordo (a)”, “Sou burro (a) mesmo”, “Ninguém me entende”, “Nada dá certo para mim”, etc) ou para fazer fofoca dos outros (o que acontece ou deixa de acontecer aos outros não é problema seu, e sua vida não tem como ficar melhor ou mais feliz se você investe seu tempo e energia especulando ou comentando sobre a vida de terceiros…).
- Não leve nada para o lado pessoal: nada que os outros façam é por sua causa. O que os outros dizem e fazem é projeção de suas próprias realidades, do sonho deles. Quando você é imune à opinião e a ação dos outros, você não será vítima de sofrimentos desnecessários. E aqui o autor tem a grande sacada de não limitar o compromisso de não levar nada para o lado pessoal apenas às opiniões e ações negativas. Quando alguém te elogia ou te agrada você também não deve levar para o lado pessoal. Afinal, tudo é projeção. Tanto as coisas ruins que te dizem, como as boas.
- Não tire conclusões: encontre a coragem de fazer perguntas e de expressar o que você realmente quer. Comunique-se com os outros o mais claramente possível, de modo a evitar desentendimentos, tristeza e drama. Com somente esse compromisso, você pode transformar completamente a sua vida.
- Sempre faça o seu melhor: o seu melhor irá mudar de momento a momento; será diferente quando você está saudável e oposto quando estiver doente. Sob qualquer circunstância, simplesmente faça o seu melhor e você irá evitar o auto-julgamento, a culpa e o arrependimento.
“Uma vida religiosa implica ser uma luz para si próprio, o que significa a não existência de autoridades exteriores, a ausência de autoridades espirituais, incluindo eu.”
Jiddu Krishnamurti
“Nisso não há professor, não há aluno, não há líder, não há guru, não há mestre, não há salvador. Você mesmo é o professor, o aluno, você é o mestre, você é o guru, você é o líder, você é tudo.”
Jiddu Krishnamurti
“Ainda há tempo – saia dessa prisão em que você viveu até agora! Só é preciso um pouco de coragem, só um pouco da coragem do jogador. Não há nada a perder,o lembre-se disso. Você só vai perder seus grilhões – só vai perder o tédio, esse sentimento constante de que está perdendo algo. O que há mais a perder? Saia do rebanho e se aceite – mesmo que fique contra Moisés, Jesus, Buda, Mahavira, Krishna, aceite-se. Sua responsabilidade não é para com Buda ou Zaratustra ou Kabir ou Nanak; sua responsabilidade é para consigo mesmo.“
Osho
“Não acredite no que você ouviu;
Não acredite em tradições porque elas existem há muitas gerações;
Não acredite em algo porque é dito por muitos;
Não acredite meramente em afirmações escritas de sábios antigos;
Não acredite em conjecturas;
Não acredite em algo como verdade por força do hábito;
Não acredite meramente na autoridade de seus mestres e anciãos.
Somente após a observação e análise, e quando for de acordo com a razão
e condutivo para o bem e benefício de todos, somente então aceite e viva para isso.”
Siddharta Gautama – Buda
A verdade é uma terra sem caminhos…
Escrevo e dedico esse post a todos aqueles que sabem que “verdades espirituais” não podem ser realmente ensinadas, verdades desse tipo são “descobertas” próprias. Iluminação não pode ser aprendida. Na verdade, é até perigoso ensinar “métodos” de se atingir iluminação. Cada pessoa tem o seu próprio e único caminho, que somente ela mesma pode encontrar. A partir do momento que institucionalizamos caminhos (as tais “religiões”, por exemplo), a verdade se torna algo morto, uma mera repetição de palavras e comportamentos, uma adoração de mensageiros, uma padronização e limitação de pensamento, um cerceamento da criatividade.
A verdade é uma experiência, não uma crença.
Esse post, é para aqueles que, se vissem Buda pelo caminho, não hesitariam em cortar a cabeça dele. Todo esse blog foi criado e é voltado para pessoas assim. O que importa é a mensagem, não importa o mensageiro. Se a mensagem é boa, se essas (e outras) palavras encontram algum eco dentro de você, é por que isso também é seu – nesse momento você está apenas sendo lembrado disso. Então, não existe o menor sentido em ficar adorando ou venerando “mestres”. Ouça e aprenda a sabedoria deles (isso pode te ajudar a encontrar mais rápido o seu próprio caminho – são “atalhos” – um “norte” que os mestres nos dão) – mas desenvolva a sua própria. É para isso que você está aqui.
A única pessoa com poder para te “salvar” é você mesmo.
A partir do momento que alguém crê que a “salvação” vem de fora – de um messias, de uma religião, de um ritual, de um guru etc – ela já se perdeu. O máximo que os mestres podem fazer por nós é nos mostrar que a “salvação”, a “iluminação”, é possível – que se nos dedicarmos a buscar a nossa Essência, nós podemos encontrá-la. Mas enquanto insistirmos em utilizar os mesmos caminhos que deram certo para esses mestres, sem criar o nosso próprio, poderemos até avançar um pouco, mas jamais chegaremos onde eles chegaram. É por isso que encontramos pessoas que meditam há 20 anos, por exemplo, mas que se comportam de modo tão mundano quanto qualquer outro mortal. Ou de outros que fazem tudo que tal mestre fez ou disse – muitas vezes imitam mesmo – e que são visivelmente infelizes.
“O sábio budista Hui Neng viu um monge meditando. Imediatamente apanhou duas pedras e começou a friccioná-las com força. De início, o monge tentou ignorar o som. Mas, depois de algum tempo, desistiu, abriu os olhos e perguntou:
‘Por que você está fazendo esse barulho?’
Hui Neng respondeu:
‘Estou fazendo um espelho polido’.
O monge retorquiu, incrédulo:
‘Você nunca vai fazer um espelho com essas pedras!’
Hui Neng disse, gravemente:
‘Você nunca vai atingir a iluminação meditando.‘”
Todos nascemos com um propósito/missão de vida que devemos descobrir e vivê-lo. Não adianta ficar seguindo os planos dos outros, ou pior, esperar que os outros criem um plano para você – eles nunca criam um plano muito interessante… Da mesma forma, não adianta meditar por que te disseram que é assim que se chega à iluminação. Enquanto você meditar com esse tipo de intenção, continua ancorado no seu ego. Enquanto meditar por que alguém disse alguma coisa ou você leu que era assim ou assado que devia ser feito, a meditação de nada irá lhe servir. Você precisa descobrir.
O vídeo que trago hoje conta um pouco da vida do filósofo e místico indiano Jiddu Krishnamurti. Ele é uma das grandes influências do blog, e até me admirei (assim como aconteceu com Deepak Chopra) quando descobri que nunca havia falado sobre ele por aqui. Ele está entre os meus indianos favoritos ( Osho, Gautama, Chopra, Goswami) e que possui a linha de pensamento que mais me identifico: Pense por si próprio (a)! Krishnamurti sabia muito bem do que estava falando quando exortava às pessoas a pensarem por conta própria – durante boa parte de sua vida ele foi monitorado e controlado pela Sociedade Teosófica, pois era considerado por eles um Messias (algo que sempre o constrangeu muito). Quando finalmente se libertou de todas as teorias, conceitos, rituais e títulos dessa sociedade, encontrou a própria voz, e se tornou um dos oradores e místicos mais respeitados das últimas décadas.
“Nenhum homem é rico o bastante para comprar de volta o seu passado.”
(Oscar Wilde)
“Não permita que o seu passado roube o seu presente.”
(Cherralea Morgen)
“Parece que nós estamos passando por um período de nostalgia, e todo mundo parece pensar que ontem era melhor do que hoje. Eu não acho que foi, e eu aconselharia você a não esperar dez anos para admitir que hoje é ótimo. Se você está preso à nostalgia, finja que hoje é ontem, saia e divirta-se a valer.”
(Art Buchwald)
“Depois de desperdiçar boa parte de minha vida ou tentando reviver o passado ou experimentando o futuro antes que ele chegue, eu cheguei à compreensão de que entre esses dois extremos está a paz.”
(Autor desconhecido)
“Quando uma porta se fecha outra porta se abre; mas nós muito frequentemente olhamos tanto e tão pesarosamente para a porta fechada, que nós não vemos aquela que se abriu para nós.”
(Alexander Graham Bell)
“Nada é mais valioso do que o dia de hoje.”
(Johann Wolfgang von Goethe)
“Nada nunca leva a lugar algum. A terra continua a girar e não chega a nenhum lugar. O momento é a única coisa que importa.”
(Jean Cocteau)
“A eternidade não é algo que começa depois que você morre. Ela está acontecendo aí o tempo todo.”
(Charlotte Perkins Gilman)
“Uma das coisas mais trágicas que eu conheço sobre a natureza humana é que todos nós tendemos a adiar a vida. Estamos todos sonhando com algum jardim de rosas mágico no horizonte – ao invés de aproveitar as rosas que estão florescendo no lado de fora de nossas janelas hoje.”
(Dale Carnegie)
“A eternidade é composta de agoras.”
(Emily Dickinson)
Nada melhor para começar um novo ano do que desapegar-se do passado e parar de se preocupar com o que futuro reserva ou não para nós. Se você se sente deprimido é porque está revivendo demasiadamente o passado, se sente-se ansioso, é porque está ocupado demais com o futuro. Ambos estão fora do seu controle imediato. O que vale é o momento presente, que é o único momento que realmente existe e que realmente pode mudar a sua vida, seja pra pior ou pra melhor. É você quem decide.
No post de hoje trago um pequeno texto – traduzido por mim – do médico e autor indiano Deepak Chopra em que ele fala sobre viver no Agora. Para complementar, coloquei uma entrevista relativamente antiga que a atriz Bruna Lombardi havia feito com Chopra, a respeito das 7 Leis espirituais do sucesso. São 10 vídeos, curtinhos porém recheados de insights.
Um excelente 2010, vivido momento a momento, para todos nós! ;-)
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O eterno Agora
Toda a felicidade e realização que os seres humanos anseiam existe no momento presente. No agora, o tempo pára de existir e nós experimentamos uma presença que é toda absorvente, completamente em paz, e totalmente satisfatória.
Nada pode estar mais próximo do que o presente, no entanto, nada nos escapa mais rápido. Em um instante a nossa mente nos leva para longe em memórias do passado ou fantasias sobre o futuro. Ou nós podemos nos perceber em uma corrida contra o relógio, sentindo como se nunca existisse tempo suficiente. Nós dizemos coisas como “O tempo está voando”, “O tempo está se acabando”, ou “Nunca existem horas suficientes em um dia.”
De algum modo nós nos esquecemos que escolhemos se queremos que o tempo seja nosso inimigo ou um aliado. Nós podemos mudar de uma percepção presa ao tempo para uma percepção atemporal… para o êxtase que somente pode ser encontrado no momento presente. Se você quer ter todo o tempo do mundo, você pode treinar a si mesmo através das seguintes práticas simples:
Mergulhe na fonte da consciência. O modo mais efetivo de viver no fluxo da atemporalidade é a meditação. Conforme você medita, a sua consciência desperta dentro de si mesma. Com a prática regular da meditação, a testemunha silenciosa interior se satura e ilumina a mente, de modo que esta não olhe mais para o passado ou para o futuro em busca de realização. Ela experimenta paz e liberdade no interior de si mesma, a todo momento.
Pratique o prestar atenção. Durante o seu dia, quando notar que seus pensamentos se dispersaram, volte para onde você está. Instantaneamente você verá porque se distraiu, seja porque estava entediado, ansioso, vivendo no passado, ou antecipando o futuro. Não julge a si mesmo; simplesmente retorne sua atenção para o que está na sua frente nesse momento.
Sinta as sensações do seu corpo. Enquanto que a mente vive no passado e no futuro, o corpo vive no agora. Conectar-se aos sentimentos do seu corpo faz com que você retorne à consciência do momento presente.
Os nossos pensamentos estão sempre nos puxando para o futuro ou para o passado, para longe do presente. Porém é no momento presente que nós encontramos o Espírito, o nosso ser essencial e a força que anima toda a vida. Ao se conectar com o presente nós voltamos a nossa atenção para dentro, para longe de todo o caos e atividade, e experimentamos a nossa eterna e ilimitada natureza.
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“O sucesso é uma jornada, não um destino.”
Deepak Chopra
Hoje trago um documentário baseado no livro clássico e best-seller “As Sete Leis Espirituais do Sucesso“, de autoria do médico indiano Deepak Chopra. O filme em questão não é aquele recentemente lançado – com a participação da atriz e cantora Olívia Newton-John – é uma palestra, mais antiga (o livro foi publicado em 1994) em que o dr. Chopra nos explica cada lei espiritual do sucesso. Mas, primeiramente, é preciso entender o tipo de “sucesso” a que Chopra se refere: não é aquele sucesso como estamos acostumados a imaginar, que está relacionado, principalmente, ao reconhecimento, fama, dinheiro etc, derivados de muito trabalho árduo, conquista e ambição. Mas, como o autor explica, esse tipo de “sucesso”, quando analisado com mais atenção, não é tão desejável quanto aparenta já que existem pessoas ricas infelizes, famosas porém frustradas, bonitas mas doentes… O sucesso como proposto por Chopra é aquele não se limita somente ao material, mas abrange o espiritual e que advém da compreensão profunda de que a nossa natureza vai muito além da matéria – a nossa essência divina, espírito puro -, e que conhecendo as leis universais, podemos aplicá-las a nosso favor, e assim criar a vida que desejamos. Dessa forma, seremos verdadeiramente bem-sucedidos.
Para quem leu o livro, é um reforço. Para quem ainda não leu, é um estímulo a conhecer…
Sucesso é uma jornada...
Resumidamente, as 7 leis são as seguintes:
1. Lei da Potencialidade Pura – A fonte de toda criação é a consciência pura ou pura potencialidade buscando a expressão do não-manifesto para o manifesto. Com a prática diária do silêncio, da meditação, e do não-julgamento, e com a percepção de que nosso verdadeiro Eu é de pura potencialidade, nós nos alinhamos com o poder que tudo manifesta no Universo e obtemos o que desejamos.
2. Lei da Doação – O universo opera através de trocas dinâmicas. Dar e receber são diferentes aspectos do fluxo de energia. Com a nossa disposição de dar o que buscamos, mantemos a abundância do Universo em nossas vidas. A força motriz por trás da doação deve ser a felicidade – se quiser amor, alegria ou coisas boas, dê o mesmo aos outros.
3. Lei do Carma ou Causa e Efeito – Colhemos o que plantamos. Toda ação gera uma força de energia que retorna de modo análogo. Quando nossas ações e escolhas conscientes trazem felicidade e sucesso para os outros, o fruto de nosso carma será alegria e sucesso.
4. Lei do Mínimo Esforço – A inteligência da natureza funciona sem esforço – as flores não tentam desabrochar, elas desabrocham; os pássaros não tentam voar, eles voam. Se buscamos poder, dinheiro ou felicidade para a satisfação do ego, desperdiçamos energia; mas se nossas ações são motivadas por amor, harmonia e alegria, nossa energia se multiplica e podemos usar o excedente para criar o que quisermos.
5. Lei da Intenção e do Desejo – “Inerente a toda intenção e desejo, está a mecânica para a sua realização. E quando colocamos uma intenção no campo da pura potencialidade, colocamos este poder organizador infinito para trabalhar para nós”. No nível da mecânica quântica, o universo é uma extensão de nosso corpo, e nossa intenção detona transformações de energia e informação, e organiza sua própria realização.
6. Lei do Distanciamento – No distanciamento está a sabedoria da incerteza, e nesta sabedoria está a liberdade em relação ao nosso passado, ao conhecido, que é a prisão do condicionamento passado. Quando nos abrimos ao desconhecido, ao campo de todas as possibilidades, nos entregamos à mente criativa que orquestra a dança do universo. O apego é baseado no medo e na insegurança, e cria ansiedade. O apego excessivo aos bens materiais – símbolos transitórios do Eu – traz a sensação de inutilidade e vazio.
7. Lei do Darma ou do Propósito de Vida – “Todos têm um propósito na vida… algo único para dar aos outros. E quando misturamos este talento com o serviço aos outros, experimentamos o êxtase de nosso próprio espírito, o que é objetivo último de todos os objetivos”. Primeiro, devemos descobrir nosso verdadeiro eu; depois, expressar nossos talentos especiais; e finalmente, usar este nosso dom para servir a humanidade.
1. Lei da Potencialidade Pura – A fonte de toda criação é a consciência pura ou pura potencialidade buscando a expressão do não-manifesto para o manifesto. Com a prática diária do silêncio, da meditação, e do não-julgamento, e com a percepção de que nosso verdadeiro Eu é de pura potencialidade, nós nos alinhamos com o poder que tudo manifesta no Universo e obtemos o que desejamos.
2. Lei da Doação – O universo opera através de trocas dinâmicas. Dar e receber são diferentes aspectos do fluxo de energia. Com a nossa disposição de dar o que buscamos, mantemos a abundância do Universo em nossas vidas. A força motriz por trás da doação deve ser a felicidade – se quiser amor, alegria ou coisas boas, dê o mesmo aos outros.
3. Lei do Carma ou Causa e Efeito – Colhemos o que plantamos. Toda ação gera uma força de energia que retorna de modo análogo. Quando nossas ações e escolhas conscientes trazem felicidade e sucesso para os outros, o fruto de nosso carma será alegria e sucesso.
4. Lei do Mínimo Esforço – A inteligência da natureza funciona sem esforço – as flores não tentam desabrochar, elas desabrocham; os pássaros não tentam voar, eles voam. Se buscamos poder, dinheiro ou felicidade para a satisfação do ego, desperdiçamos energia; mas se nossas ações são motivadas por amor, harmonia e alegria, nossa energia se multiplica e podemos usar o excedente para criar o que quisermos.
5. Lei da Intenção e do Desejo – “Inerente a toda intenção e desejo, está a mecânica para a sua realização. E quando colocamos uma intenção no campo da pura potencialidade, colocamos este poder organizador infinito para trabalhar para nós”. No nível da mecânica quântica, o universo é uma extensão de nosso corpo, e nossa intenção detona transformações de energia e informação, e organiza sua própria realização.
6. Lei do Distanciamento – No distanciamento está a sabedoria da incerteza, e nesta sabedoria está a liberdade em relação ao nosso passado, ao conhecido, que é a prisão do condicionamento passado. Quando nos abrimos ao desconhecido, ao campo de todas as possibilidades, nos entregamos à mente criativa que orquestra a dança do universo. O apego é baseado no medo e na insegurança, e cria ansiedade. O apego excessivo aos bens materiais – símbolos transitórios do Eu – traz a sensação de inutilidade e vazio.
7. Lei do Darma ou do Propósito de Vida – “Todos têm um propósito na vida… algo único para dar aos outros. E quando misturamos este talento com o serviço aos outros, experimentamos o êxtase de nosso próprio espírito, o que é objetivo último de todos os objetivos”. Primeiro, devemos descobrir nosso verdadeiro eu; depois, expressar nossos talentos especiais; e finalmente, usar este nosso dom para servir a humanidade.
“Não deseje o que não está dentro de você.”
Osho
Recebi essa semana mais um excelente texto de Deepak Chopra, em que ele fala sobre o “segredo da abundância ilimitada”. É um texto pequeno, objetivo, porém profundo. Basicamente o que ele nos diz é: busque a consciência de si, expanda a sua auto-consciência, e todo o resto (amizades, criatividade, dinheiro etc) virá até você, de maneira espontânea.
Existe uma antiga história Védica sobre um jovem que saiu em busca do segredo da abundância. Por muitos meses ele viajou pelo campo, até que um dia, quando estava dentro de uma floresta, conheceu um mestre espiritual e perguntou a ele se esse conhecia a chave para se ter prosperidade e riquezas ilimitadas.
O mestre espiritual respondeu:
“No coração de cada ser humano há duas deusas: Lakshmi, deusa da Prosperidade, é bonita e generosa. Se você a venerar, ela poderá lhe conceder tesouros e riquezas, mas ela é inconstante e poderá também retirar seu apoio sem lhe avisar.
Lakshmi
A outra deusa é Saraswati, a deusa da Sabedoria. Se você venerar Saraswati, e se dedicar a conquistar sabedoria, Lakshmi ficará com ciúmes e prestará mais atenção a você. Quanto mais você busca à sabedoria, mais fervorosamente Lakshmi irá persegui-lo e derramar sobre você abundância e prosperidade.”
Saraswati
Enquanto muitas pessoas passam suas vidas perseguindo Lakshmi – dinheiro, mansões, carros de luxo e outros símbolos de prosperidade – a verdadeira abundância não diz respeito a conseguir cumprir a lista de desejos do seu ego o quanto antes; é saber que o seu verdadeiro ser é pura consciência, pura potencialidade. O seu senso de si-mesmo (self) se expande além da sua identificação com a mente egóica e o corpo físico, e você desperta para sua natureza espiritual essencial. Nesse estado de consciência expandida, você se liberta das crenças e medos limitantes, permitindo que o infinito campo de inteligência satisfaça seus desejos e necessidades de maneira fácil e sem esforço.
Em nosso atual ambiente econômico, a hipnose coletiva de medo e escassez pode ser quase irresistível. Mas ao invés de esvaziar as suas energias mentais com preocupação, foque-se em cultivar abundância espiritual, entusiasmo e no desejo de satisfazer o seu potencial. Como você faz isso? Pela meditação, conectando-se com a sua verdadeira natureza, buscando sabedoria, e praticando aquilo a que me refiro como “As sete leis espirituais do sucesso”. Essas são as leis universais da consciência que governam cada processo criativo – do nascimento de um bebê ao nascimento de uma galáxia. Quando você se alinha em harmonia com essas leis cósmicas, você se torna a abundância que é inerente a vida.
A abundância pode surgir na forma de amizades, sabedoria, dinheiro, expressão criativa, boa saúde, relacionamentos amorosos, energia mental e entusiasmo, paz interior, e de infinitas outras formas. Mas independente de como a abundância se manifeste, a ideia aqui é que esses efeitos são resultados espontâneos do despertar espiritual interior; eles não precisam ser procurados ou perseguidos. Dinheiro, conquistas, louvores – todos esses são subprodutos do verdadeiro presente da vida: a revelação da sua divindade interior.
Deepak Chopra e a Relação Mente-Corpo
Posted by Karina em 29, October, 2009 em Ciência Alternativa, Deepak Chopra, Espiritualidade, Lei da Atração
“Toda Criação existe dentro de você, e tudo o que existe em você existe na Criação. Não há fronteiras entre você e um objeto que esteja bem perto, assim como não há distância entre você e os objetos que estão muito longe. Todas as coisas, as menores e as maiores, as inferiores e as superiores, estão à sua disposição dentro de você, uma vez que são inatas. Um único átomo contém todos os elementos da Terra. Um único movimento do espírito contém todas as leis da vida. Numa única gota de água encontramos o segredo do oceano sem fim. Acima de tudo, uma única manifestação sua contém todas as formas de manifestação da própria vida.”
(Kahlil Gibran)
“Quem olha para fora sonha; Quem olha para dentro acorda.”
(Carl G. Jung)
“Só não existe o que não pode ser imaginado.”
(Murilo Mendes, poeta brasileiro)
“Há um sonho nos sonhando…”
(Um camponês Kalahari)
O texto de hoje é de autoria do médico endocrinologista indiano Deepak Chopra. Acho que ele dispensa maiores apresentações, mas para quem não o conhece, um resumo: Deepak é autor de mais de 45 livros, nos temas Espiritualidade e Medicina Mente-Corpo, que já foram traduzidos para 35 idiomas e que já venderam mais de 20 milhões de cópias pelo mundo. Em 1999 a revista norte-americana Time o incluiu na sua lista dos 100 maiores heróis ou ícones do século, chamando-o de “poeta-profeta da medicina alternativa”.
Deepak Chopra
Para quem se interessa pelos temas de psicossomática, medicina oriental/medicina alternativa, terapias holísticas, relação mente-corpo, lei da atração (bem fundamentada), nova ciência, e afins, Deepak é leitura obrigatória. Particularmente, recomendo tudo que ele escreve…
O texto que selecionei para esse post foi traduzido por mim, e faz parte da newsletter disponibilizada pelo Chopra Center. O texto trata exatamente da especialidade do dr. Chopra, a relação mente-corpo; como os seus pensamentos, sentimentos e intenções tem o poder de influenciar e alterar a bioquímica do seu corpo, tanto para o bem – saúde, como para o mal – doença.
Certamente esse é o primeiro de vários outros textos de Deepak que pretendo traduzir e postar aqui. Na verdade, até me admirei ao perceber que nunca tinha colocado nada especificamente dele no Inconsciente Coletivo. Falta grave, mas antes tarde do que mais tarde ainda, não é mesmo? ;-)
Espero que gostem:
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Nós somos as únicas criaturas do planeta que podem modificar a própria biologia através dos pensamentos, sentimentos e intenções. As nossas células estão constantemente espionando os nossos pensamentos e sendo modificadas por eles. Quando nos apaixonamos, pensamentos positivos percorrem o nosso corpo e fortalecem nosso sistema imunológico. Por outro lado, pensamentos sombrios e sentimentos depressivos podem nos deixar vulneráveis a doenças.
Ao longo das últimas três décadas, centenas de estudos mostraram que nada possui mais poder no corpo do que as crenças da mente. Esta é a visão de mundo quântica, que nos ensina que todos somos parte de um campo infinito de inteligência – a fonte dos nossos pensamentos, mente, corpo e tudo o mais no universo. Este paradigma, que tem conquistado aceitação crescente no mundo da medicina Ocidental moderna, se baseia nas dez concepções seguintes:
1 – O mundo físico, incluindo o nosso corpo, é um reflexo das nossas percepções, pensamentos e sentimentos. Não há nenhuma realidade objetiva “lá fora” que é independente do observador. Ao contrário, nós criamos nossos corpos conforme criamos nossa experiência do mundo.
2 – Apesar do corpo físico parecer matéria sólida, na verdade ele é composto de energia e informação. Os físicos quânticos nos dizem que todo átomo é 99.9999 por cento espaço vazio, e as partículas subatômicas se movendo à velocidade da luz neste espaço são pacotes de energia vibrante. Essas vibrações não são aleatórias ou caóticas, elas transportam informações ao longo de padrões específicos.
3 – A mente e o corpo são inseparáveis. Existe somente uma única inteligência criativa que expressa a si própria como nossos pensamentos – assim como às moléculas das nossas células, tecidos e órgãos.
CloudsMind
4 – A nossa consciência cria a bioquímica do nosso corpo. As nossas crenças, pensamentos e emoções direcionam as reações químicas que ocorrem em cada célula do corpo.
5 – Percepção é um fenômeno aprendido. A maneira como experimentamos o mundo e o nosso corpo é um comportamento aprendido. Mudando as nossas percepções, nós podemos mudar a experiência do nosso corpo e mundo.
6 – A todo momento, impulsos de inteligência estão criando nosso corpo. Modificando os padrões desses impulsos, nós podemos nos modificar.
7 – Apesar que, para a nossa mente-ego, nós parecemos separados e independentes, nós todos somos parte de uma inteligência universal que governa o cosmos.
8 – O tempo não é absoluto. O que chamamos de tempo linear é simplesmente um reflexo de como percebemos as mudanças. Na verdade, o tempo é eterno e imutável. Se começarmos a perceber a imutabilidade, o tempo como conhecemos deixará de existir e iremos experienciar a imortalidade.
9 – A nossa natureza essencial é puro ser. Embora estejamos acostumados a nos ver como personalidade, ego e corpo, o nosso verdadeiro Self (”si-mesmo”) é eterno e ilimitado.
10 – Já que nossa essência é imortal e imutável, nós não precisamos ser vítimas do envelhecimento, doença e morte. Isso é causado pelas lacunas em nosso autoconhecimento e pela ilusão antiga de que nossos corpos são materiais. Como a Ayurveda ensina, qualquer desordem pode ser prevenida se mantermos o equilíbrio em nosso corpo, mente e espírito.
Estas podem parecer grandes concepções, mas elas estão fundamentadas nas descobertas da moderna física quântica. Eu quero encorajá-lo (a) a ver que você é muito mais do que seu limitado corpo, ego e personalidade. Em um nível mais profundo, o seu corpo é eterno e a sua mente é atemporal. Uma vez que você se identifique com esta realidade, você tem liberdade ilimitada para criar uma melhor saúde, alegria e qualquer outra coisa que você deseje em seu mundo.
Descreva “Deus”
Posted by Karina em 31, August, 2009 em Documentários, Espiritualidade, Religião
“O homem que apenas crê e não procura refletir esquece-se de que é alguém constantemente exposto à dúvida, seu mais íntimo inimigo, pois onde a fé domina, ali também a dúvida está sempre à espreita. Para o homem que pensa, porém, a dúvida é sempre bem recebida, pois ela lhe serve de preciosíssimo degrau para um conhecimento mais perfeito e mais seguro”.
Carl Gustav Jung (psiquiatra suíço)
“Tudo o que aprendi levou-me, passo a passo, a uma inabalável convicção sobre a existência de Deus. Eu só acredito naquilo que sei. E isso elimina a crença. Portanto, não baseio a Sua existência na crença … eu sei que Ele existe.”
(idem)
Já falei do excelente documentário independente chamado “One” (traduzido para o Brasil como “Somos todos Um“) em outro post. Hoje, trago um trecho dessa produção em que é pedido a vários místicos que descrevam “Deus”.
Para quem não conhece, “One” foi um projeto independente que pretendeu buscar respostas para algumas das perguntas (espirituais e filosóficas) que mais preocupam os seres humanos. O mais legal desse documentário, a grande sacada mesmo, é que os autores do projeto não se limitaram a mostrar apenas um tipo de opinião ou pensamento. Eles entrevistaram desde grandes “gurus” e autores, como Deepak Chopra, à ateus e pessoas comuns, na rua. Para conhecer as perguntas que eles fizeram, clique aqui.
Então. O vídeo em questão extraí do próprio documentário, e penso ser um dos pontos altos de todo o filme. Aqui, vários mestres e místicos espirituais, de diversas religiões e filosofias, tentam nos explicar o que seria “Deus”. O mais interessante dessas respostas, é que por mais que todos eles sejam diferentes em suas crenças, todos possuem a mesma resposta para “Deus”.
É como Gandhi dizia:
“As religiões são caminhos diferentes convergindo para o mesmo ponto. Que importância faz se seguirmos por caminhos diferentes, desde que alcancemos o mesmo objetivo?”
Neste trecho, podemos perceber que existe uma diferença enorme entre “saber” e “acreditar”. Tem essa anedota, contada por Robert Thurman durante o filme, em que ele diz algo como:
“O padre pergunta ao Joãzinho se ele sabe o que é fé. Joãzinho responde que sim: Fé é acreditar em algo mesmo sabendo que não é verdade.”
Taí a grande diferença entre o Místico (ou Iluminado) e a pessoa religiosa (ou que tem fé): o místico é aquele que experimenta a realidade divina. É aquele que sabe, portanto, não crê. Por isso, não existe religião, filosofia ou caminho mais “certo”. O que existe são pessoas que sabem não só escolher, mas percorrer o caminho… E como diria o sábio brujo Don Juan,
“(…) você deve sempre manter em mente que um caminho não é mais do que um caminho; se achar que não deve seguí-lo, não deve permanecer nele, sob nenhuma circunstância. Para ter uma clareza dessas, é preciso levar uma vida disciplinada. Só então você saberá que qualquer caminho não passa de um caminho, e não há afronta, para si nem para os outros, em largá-lo se é isso que o seu coração lhe manda fazer.”
Antes de passarmos ao vídeo, coloco aqui uma pequena descrição de cada um dos “mestres” entrevistados neste trecho, por ordem de aparição:
Sadhguru Jaggi Vasudev:
Um dos entrevistados mais carismáticos do projeto One, Sadhguru é um reconhecido Mestre indiano, Místico e Yogi. É considerado um visionário e humanista cujo trabalho transcende todas as fronteiras. Desenvolveu a Isha Yoga, uma série de programas cientificamente estruturados que visam promover uma profunda experiência do Self (”si-mesmo”). Sadhguru é um místico incomum. Da mesma forma que Osho, ele não possui apego a nenhuma tradição em particular, e utiliza apenas o que há de mais válido para a vida atual dentro das ciências iogues. Partindo do princípio de que não pode haver transformação universal sem a transformação individual, este místico tem dedicado a sua vida a apresentar poderosos métodos de autotransformação para pessoas de todos os credos e filosofias. A sua visão e entendimento dos problemas sociais e econômicos modernos já o levaram a ser entrevistado por diversos canais de televisão, como BBC, Bloomberg, CNBC, CNNfn, e Newsweek International. As palestras e meditações de Sadhguru normalmente reúnem multidões de mais de 300.000 pessoas. Ele possui centros de Isha Yoga na Índia, nos EUA e no Líbano.
Site oficial: http://www.ishafoundation.org/
Thich Nhat Hanh:
Thich Nhat Hanh é um monge budista vietnamita, poeta, erudito e ativista pela paz que fundou a Igreja Budista Unificada na França, durante a guerra do Vietnã, em 1969. Já escreveu mais de setenta e cinco livros de prosa, poesia e preces. Sua filosofia não está limitada a estruturas religiosas pré-existentes, mas fala ao desejo do indíviduo por totalidade e paz interior. Exatamente por isso, as palestras de Thây (”professor”, como é mais conhecido pelos seus seguidores) atraem não somente budistas, mas cristãos, judeus e até mesmo ateus. Martin Luther King Jr. nomeou-o ao Prêmio Nobel da Paz em 1967.
Site oficial: http://www.plumvillage.org/
Padre Thomas Keating:
O Padre Thomas Keating é a figura central de um movimento entre classes religiosas cristãs para a revitalização da prática cristã contemplativa conhecida como “centering prayer” (um método de prece contemplativa que dá grande ênfase ao silêncio interior). Passou vinte anos como abade da abadia de St. Joseph, um monastério trapista localizado em Spencer, Massachusetts. Ele é o co-fundador do Contemplative Outreach (uma organização dedicada a introduzir as práticas contemplativas cristãs à pessoas de todos os credos e filosofias) e autor de vários livros, entre eles: “Open Mind, Open Heart” (tradução livre minha: “Mente Aberta, Coração Aberto”) e “Intimacy with God” (tradução minha: “Intimidade com Deus”). Ele já conheceu e estudou com líderes espirituais de várias linhagens Hindu e Budistas, e ajudou a criar, há 15 anos atrás, a “Snowmass Interreligious Conference“, que reúne regularmente professores de diferentes tradições para comparar visões e ideias e para avaliar objetivamente os benefícios ou defeitos da práticas de cada um deles.
Site oficial: http://www.snowmass.org/keating.htm
Barbara Brodsky:
Barbara pratica meditação desde 1960. Possui duas raízes religiosas, uma Budista e outra Quaker, e seus ensinamentos refletem essas duas tradições. Ensina a meditação vipassana, ou insight, e práticas derivadas das tradições dzogchen, para pessoas de todos os credos e filosofias. Em Ann Arbor, Michigan, em 1989, Barbara fundou o “Deep Spring Center” e tem sido a professora principal dessa organização. Ela é surda há mais de 30 anos e o silêncio tem grande influência em seus ensinamentos. Barbara é também uma médium, canal de uma entidade chamada “Aaron”.
Site oficial: http://www.deepspring.org/
Llewellyn Vaughn-Lee:
Vaughn-Lee é um Xeque da Ordem Sufi Naqshbandi. Nascido em Londres, em 1953, segue a tradição sufi Naqshbandi desde os 19 anos, depois de ter conhecido Irina Tweedie, autor de “Chasm of Fire and Daughter of Fire: a Diary of a Spiritual Training with a Sufi Master“. Ele tem se especializado na área de trabalho com sonhos, integrando a antiga abordagem Sufi sobre sonhos aos insights da psicologia moderna. Ele é autor de vários livros, incluindo “Love is a Fire: The Sufi’s Mystical Journey Home” e “The Face Before I Was Born: A Spiritual Autobiography”. Llewellyn tem lecionado extensivamente nos EUA, Canadá e Europa.
Atualmente, o foco de seus ensinamentos e escritos está na responsabilidade espiritual em nosso atual período de transição e a conscientização global emergente em relação à Unicidade.
Site oficial: http://www.goldensufi.org/
Espiritualidade e Vida Material
A distinção entre vida material e espiritual advém de um certo nível de ignorância. O que é material? O que é espiritual? Poderemos separar seja lá o que você se refere como espírito do corpo? Como você pode separar o material e o espiritual? Esta separação em si mesma é ignorância. Ser materialista ou espiritual é somente uma ideia. Não há espírito sem a matéria, não há matéria sem o espírito.
Os seus lares, relacionamentos, dinheiro, são todos arranjos externos que você cria para conveniência, conforto e alegria. Similarmente, você cria arranjos para o seu bem-estar espiritual interior. Você consegue viver com arranjos externos fantásticos quando internamente você está uma confusão? Isso resolve o seu problema? E se internamente você estiver feliz, mas não tem alimento para comer, isso resolve o seu problema? Ambos precisam ser organizados, mas você precisa decidir como equilibrar.
A soma de prioridade que você dá ao sem bem-estar exterior e seu bem-estar interior é escolha sua. Fazer uma distinção entre os dois provém de ignorância.
A vida surge como uma unidade. Não faça divisão da vida em material e espiritual. A própria distinção causa um conflito desnecessário. Se você fizer essa distinção entre o materialismo e o espiritual, irá sofrer. Já de princípio eles não são divididos. Então a questão de que se o material e o espiritual são compatíveis não aparece. Quando você existe como uma vida, dividí-la e tentar encontrar compatibilidade entre os dois lados é algo muito tolo de se fazer.
“Há muitas coisas que um guerreiro pode fazer, em determinado momento, que não poderia ter feito anos antes. Essas coisas não mudaram; o que mudou foi a idéia do guerreiro sobre si mesmo.”
(Carlos Castañeda, em “Porta para o Infinito“)
“Existe dois meios de enfrentar o fato de estarmos vivos. Um é render-se a ele, seja concordando com suas exigências, seja lutando contra elas. Outra é moldando nossa situação particular de vida para que ela se adapte a nossas próprias configurações.”
(idem, em “A Arte do Sonhar“)
Muitos já devem ter notado que criei um novo widget aqui no Inconsciente chamado “Influências do Blog”. Pois bem, a ideia de acrescentar essa coluninha é a de não só promover, mas de identificar os autores e pensadores que mais me influenciam ou influenciaram. Um deles é o antropólogo e escritor Carlos Castañeda. Para os interessados na Nova Ciência (aqui no blog coloco como “Ciência Alternativa”) e Misticismo, os livros desse autor são praticamente leitura obrigatória. Porém, para as ideias de Castañeda serem devidamente compreendidas, os livros precisam ser lidos na seguinte ordem:
* A Erva-do-Diabo (Os ensinamentos de Don Juan)
* Uma estranha realidade
* Viagem a Ixtlan
* Relatos de Poder
* O segundo círculo do Poder
* O presente da Águia
* O fogo interior
* O poder do Silêncio
* A Arte do sonhar
Basicamente, os livros tratam dos ensinamentos do sábio índio brujo Don Juan, aprendidos por Castañeda quando este ainda era um estudante de Antropologia. O autor certamente aprendeu muito mais sobre a vida e o Universo com os índios mexicanos “semi-analfabetos” do que nos bancos da faculdade. Uma prova de que sabedoria não está necessariamente ligada a intelectualidade ou “cultura”.
donjuan
Neste post, deixo como inspiração um trecho retirado do livro “A Erva-do-Diabo” em que Don Juan explica a Castañeda da importância de encontrar um caminho de vida que seja o verdadeiro para você. Somente para você. Independente de quantas vezes seja preciso experimentá-lo ou mudar de ideia. Esqueça o que os outros acham que você deveria de fazer ou ser. É para você que sua vida deve ter significado. Nas palavras do sábio índio:
“… Tudo é um entre um milhão de caminhos. Portanto, você deve sempre manter em mente que um caminho não é mais do que um caminho; se achar que não deve seguí-lo, não deve permanecer nele, sob nenhuma circunstância. Para ter uma clareza dessas, é preciso levar uma vida disciplinada. Só então você saberá que qualquer caminho não passa de um caminho, e não há afronta, para si nem para os outros, em largá-lo se é isso que o seu coração lhe manda fazer.
Mas sua decisão de continuar no caminho ou largá-lo deve ser isenta de medo e de ambição. Eu lhe aviso. Olhe bem para cada caminho, e com propósito. Experimente-o tantas vezes quanto achar necessário. Depois, pergunte-se, e só a si, uma coisa. Essa pergunta é uma que só os muito velhos fazem. Dir-lhe-ei qual é: esse caminho tem coração?
Todos os caminhos são os mesmos; não conduzem a lugar algum. São caminhos que atravessam o mato, ou que entram no mato. Em minha vida posso dizer que já passei por caminhos compridos, mas não estou em lugar algum. A pergunta de meu benfeitor agora tem um significado. Esse caminho tem um coração? Se tiver, o caminho é bom; se não tiver, não presta. Ambos os caminhos não conduzem a parte alguma; mas um tem coração e o outro não. Um torna a viagem alegre; enquanto você o seguir, será um com ele. O outro o fará maldizer a sua vida. Um o torna forte, o outro o enfraquece.”
Então. O caminho que você escolheu para sua vida, tem um coração? O seu coração?
“Nós não nos damos conta de que podemos cortar qualquer coisa de nossas vidas, a qualquer momento, num piscar de olhos”.
(Carlos Castañeda em “Viagem a Ixtlan“)
O Filósofo e o Diabo
Posted by Karina em 19, August, 2009 em Espiritualidade, Filosofia, Religião
Perdido em meio a alguns gigabytes de textos e arquivos, encontrei uma historinha, no estilo anedota, que me marcou desde o primeiro momento que a li: apesar de simples, é profundamente sábia. Desconheço a autoria (se alguém souber, entre em contato).
Para reflexão:
Um dia, um Filósofo estava conversando com o Diabo quando passou um sábio com um saco cheio de verdades. Distraído, como os sábios em geral o são, não percebeu que caíra uma verdade. Um homem comum vinha passando e vendo aquela verdade alí caída, aproximou-se cautelosamente, examinou-a como quem teme ser mordido por ela e, após convencer-se de que não havia perigo, tomou-a em suas mãos, fitou-a longamente, extasiado, e então saiu correndo e gritando:
“Encontrei a verdade! Encontrei a verdade!”
Diante disso, o filósofo virou-se para o Diabo e disse:
“Agora você se deu mal. Aquele homem achou a verdade e todos vão saber que você não existe …”.
Mas, seguro de si, o Diabo retrucou:
“Muito pelo contrário. Ele encontrou UM PEDAÇO da verdade … Com ela, vai fundar mais uma religião e eu vou ficar mais forte!”
"“Os livros não têm o poder de mudar o mundo. Somente as pessoas têm este poder. Mas os livros mudam as pessoas…”" — Desconhecido
Posted by Karina em 5, February, 2010 em Documentários, Espiritualidade, Lei da Atração, Livros & Literatura
“(…) O que os outros dizem é verdade só para eles. É como eles expressam a experiência de vida deles. Mas se você aprender a escutar, verá que entre essas mentiras a verdade aparece. E você conseguirá perceber essa verdade. Se você não acreditar em si mesmo, se não acreditar em mais ninguém – nem em mim – todas essas mentiras não irão sobreviver, mas a verdade irá sobreviver. Acreditando ou não, o sol estará no céu todo dia. Não é preciso acreditar na verdade para que ela exista. Mas para as mentiras existirem é preciso que se acredite nelas.”
Don Miguel Ruiz (autor de “Os Quatro Compromissos“)
“Se você quiser ser feliz um dia inteiro, vá fazer compras. É ótimo, mas não dura e depois chega a conta do cartão. Se quiser ser feliz um fim de semana todo faça um programa gostoso, vá pescar, vá jogar golfe. Se quiser ser feliz um mês inteiro, tire férias. Vá para a Austrália, você vai se divertir. Se quiser ser feliz um ano inteiro, herde uma fortuna. Mas se quiser ser feliz a vida toda, precisa fazer diferença na vida das pessoas. Precisa dar a sua contribuição. A maioria das pessoas se preocupa tanto em ter sucesso, que se esquece do significado. E essa é a grande conquista, ter significado, não ter sucesso.
Matthew Kelly (autor de “O Ritmo da Vida” e “O Administrador de Sonhos“)
O documentário/filme que trago hoje se chama “O Segredo da Felicidade“. Quem assistiu e gostou de “Somos Todos Um”, certamente irá gostar do Segredo da Felicidade, pois é muito parecido com o primeiro. Basicamente, um rapaz – um jovem ator - parte em busca de uma resposta, um método, uma explicação, enfim, uma luz, sobre como ser feliz. Para isso ele entrevista todo tipo de pessoa, desde um morador de rua e um ex-preso político, passando por um mecânico guru, um rabi surfista, uma sacerdotisa Vodu, professores acadêmicos, até autores famosos de espiritualidade e auto-ajuda como Eckhart Tolle e o Rev. Michael Beckwith (mais conhecido por sua participação no filme “O Segredo”). O resultado é um filme repleto de grandes insights, alguns vindo de pessoas que você jamais imaginaria. As citações que introduzem o post eu extrai de duas entrevistas que foram feitas, para dar uma ideia do que é tratado no filme e da qualidade da mensagem que é passada ali.
Inclusive, antes de partir para o vídeo quero deixar como recomendação o livro “Os Quatro Compromissos” de Don Miguel Ruiz. É um livro fininho, objetivo e prático que traz um pouco da filosofia e sabedoria tolteca e, sinceramente, está entre as melhores leituras que já tive. Os quatro compromissos do título se referem às quatro atitudes que você deve se comprometer a tomar, para sair do “sonho do mundo” (os tais condicionamentos, pensamentos padronizados, crenças limitadoras etc) e passar a viver uma vida verdadeiramente autêntica. Não quero entregar muito a ideia do livro, mas cito resumidamente quais seriam esses quatro compromissos, que, apesar de tão simples e acessíveis (você pode começar a colocá-los em prática neste exato instante, não requer nenhum conhecimento e/ou treinamento/iniciação/etc prévios) tem realmente o poder de nos fazer “acordar”. Os quatro compromissos são:
- Seja impecável com a sua palavra: fale com integridade. Diga somente o que quer dizer. Evite utilizar a palavra para falar contra si mesmo (coisas como “Estou gordo (a)”, “Sou burro (a) mesmo”, “Ninguém me entende”, “Nada dá certo para mim”, etc) ou para fazer fofoca dos outros (o que acontece ou deixa de acontecer aos outros não é problema seu, e sua vida não tem como ficar melhor ou mais feliz se você investe seu tempo e energia especulando ou comentando sobre a vida de terceiros…).
- Não leve nada para o lado pessoal: nada que os outros façam é por sua causa. O que os outros dizem e fazem é projeção de suas próprias realidades, do sonho deles. Quando você é imune à opinião e a ação dos outros, você não será vítima de sofrimentos desnecessários. E aqui o autor tem a grande sacada de não limitar o compromisso de não levar nada para o lado pessoal apenas às opiniões e ações negativas. Quando alguém te elogia ou te agrada você também não deve levar para o lado pessoal. Afinal, tudo é projeção. Tanto as coisas ruins que te dizem, como as boas.
- Não tire conclusões: encontre a coragem de fazer perguntas e de expressar o que você realmente quer. Comunique-se com os outros o mais claramente possível, de modo a evitar desentendimentos, tristeza e drama. Com somente esse compromisso, você pode transformar completamente a sua vida.
- Sempre faça o seu melhor: o seu melhor irá mudar de momento a momento; será diferente quando você está saudável e oposto quando estiver doente. Sob qualquer circunstância, simplesmente faça o seu melhor e você irá evitar o auto-julgamento, a culpa e o arrependimento.
“Uma vida religiosa implica ser uma luz para si próprio, o que significa a não existência de autoridades exteriores, a ausência de autoridades espirituais, incluindo eu.”
Jiddu Krishnamurti
“Nisso não há professor, não há aluno, não há líder, não há guru, não há mestre, não há salvador. Você mesmo é o professor, o aluno, você é o mestre, você é o guru, você é o líder, você é tudo.”
Jiddu Krishnamurti
“Ainda há tempo – saia dessa prisão em que você viveu até agora! Só é preciso um pouco de coragem, só um pouco da coragem do jogador. Não há nada a perder,o lembre-se disso. Você só vai perder seus grilhões – só vai perder o tédio, esse sentimento constante de que está perdendo algo. O que há mais a perder? Saia do rebanho e se aceite – mesmo que fique contra Moisés, Jesus, Buda, Mahavira, Krishna, aceite-se. Sua responsabilidade não é para com Buda ou Zaratustra ou Kabir ou Nanak; sua responsabilidade é para consigo mesmo.“
Osho
“Não acredite no que você ouviu;
Não acredite em tradições porque elas existem há muitas gerações;
Não acredite em algo porque é dito por muitos;
Não acredite meramente em afirmações escritas de sábios antigos;
Não acredite em conjecturas;
Não acredite em algo como verdade por força do hábito;
Não acredite meramente na autoridade de seus mestres e anciãos.
Somente após a observação e análise, e quando for de acordo com a razão
e condutivo para o bem e benefício de todos, somente então aceite e viva para isso.”
Siddharta Gautama – Buda
A verdade é uma terra sem caminhos…
Escrevo e dedico esse post a todos aqueles que sabem que “verdades espirituais” não podem ser realmente ensinadas, verdades desse tipo são “descobertas” próprias. Iluminação não pode ser aprendida. Na verdade, é até perigoso ensinar “métodos” de se atingir iluminação. Cada pessoa tem o seu próprio e único caminho, que somente ela mesma pode encontrar. A partir do momento que institucionalizamos caminhos (as tais “religiões”, por exemplo), a verdade se torna algo morto, uma mera repetição de palavras e comportamentos, uma adoração de mensageiros, uma padronização e limitação de pensamento, um cerceamento da criatividade.
A verdade é uma experiência, não uma crença.
Esse post, é para aqueles que, se vissem Buda pelo caminho, não hesitariam em cortar a cabeça dele. Todo esse blog foi criado e é voltado para pessoas assim. O que importa é a mensagem, não importa o mensageiro. Se a mensagem é boa, se essas (e outras) palavras encontram algum eco dentro de você, é por que isso também é seu – nesse momento você está apenas sendo lembrado disso. Então, não existe o menor sentido em ficar adorando ou venerando “mestres”. Ouça e aprenda a sabedoria deles (isso pode te ajudar a encontrar mais rápido o seu próprio caminho – são “atalhos” – um “norte” que os mestres nos dão) – mas desenvolva a sua própria. É para isso que você está aqui.
A única pessoa com poder para te “salvar” é você mesmo.
A partir do momento que alguém crê que a “salvação” vem de fora – de um messias, de uma religião, de um ritual, de um guru etc – ela já se perdeu. O máximo que os mestres podem fazer por nós é nos mostrar que a “salvação”, a “iluminação”, é possível – que se nos dedicarmos a buscar a nossa Essência, nós podemos encontrá-la. Mas enquanto insistirmos em utilizar os mesmos caminhos que deram certo para esses mestres, sem criar o nosso próprio, poderemos até avançar um pouco, mas jamais chegaremos onde eles chegaram. É por isso que encontramos pessoas que meditam há 20 anos, por exemplo, mas que se comportam de modo tão mundano quanto qualquer outro mortal. Ou de outros que fazem tudo que tal mestre fez ou disse – muitas vezes imitam mesmo – e que são visivelmente infelizes.
“O sábio budista Hui Neng viu um monge meditando. Imediatamente apanhou duas pedras e começou a friccioná-las com força. De início, o monge tentou ignorar o som. Mas, depois de algum tempo, desistiu, abriu os olhos e perguntou:
‘Por que você está fazendo esse barulho?’
Hui Neng respondeu:
‘Estou fazendo um espelho polido’.
O monge retorquiu, incrédulo:
‘Você nunca vai fazer um espelho com essas pedras!’
Hui Neng disse, gravemente:
‘Você nunca vai atingir a iluminação meditando.‘”
Todos nascemos com um propósito/missão de vida que devemos descobrir e vivê-lo. Não adianta ficar seguindo os planos dos outros, ou pior, esperar que os outros criem um plano para você – eles nunca criam um plano muito interessante… Da mesma forma, não adianta meditar por que te disseram que é assim que se chega à iluminação. Enquanto você meditar com esse tipo de intenção, continua ancorado no seu ego. Enquanto meditar por que alguém disse alguma coisa ou você leu que era assim ou assado que devia ser feito, a meditação de nada irá lhe servir. Você precisa descobrir.
O vídeo que trago hoje conta um pouco da vida do filósofo e místico indiano Jiddu Krishnamurti. Ele é uma das grandes influências do blog, e até me admirei (assim como aconteceu com Deepak Chopra) quando descobri que nunca havia falado sobre ele por aqui. Ele está entre os meus indianos favoritos ( Osho, Gautama, Chopra, Goswami) e que possui a linha de pensamento que mais me identifico: Pense por si próprio (a)! Krishnamurti sabia muito bem do que estava falando quando exortava às pessoas a pensarem por conta própria – durante boa parte de sua vida ele foi monitorado e controlado pela Sociedade Teosófica, pois era considerado por eles um Messias (algo que sempre o constrangeu muito). Quando finalmente se libertou de todas as teorias, conceitos, rituais e títulos dessa sociedade, encontrou a própria voz, e se tornou um dos oradores e místicos mais respeitados das últimas décadas.
“Nenhum homem é rico o bastante para comprar de volta o seu passado.”
(Oscar Wilde)
“Não permita que o seu passado roube o seu presente.”
(Cherralea Morgen)
“Parece que nós estamos passando por um período de nostalgia, e todo mundo parece pensar que ontem era melhor do que hoje. Eu não acho que foi, e eu aconselharia você a não esperar dez anos para admitir que hoje é ótimo. Se você está preso à nostalgia, finja que hoje é ontem, saia e divirta-se a valer.”
(Art Buchwald)
“Depois de desperdiçar boa parte de minha vida ou tentando reviver o passado ou experimentando o futuro antes que ele chegue, eu cheguei à compreensão de que entre esses dois extremos está a paz.”
(Autor desconhecido)
“Quando uma porta se fecha outra porta se abre; mas nós muito frequentemente olhamos tanto e tão pesarosamente para a porta fechada, que nós não vemos aquela que se abriu para nós.”
(Alexander Graham Bell)
“Nada é mais valioso do que o dia de hoje.”
(Johann Wolfgang von Goethe)
“Nada nunca leva a lugar algum. A terra continua a girar e não chega a nenhum lugar. O momento é a única coisa que importa.”
(Jean Cocteau)
“A eternidade não é algo que começa depois que você morre. Ela está acontecendo aí o tempo todo.”
(Charlotte Perkins Gilman)
“Uma das coisas mais trágicas que eu conheço sobre a natureza humana é que todos nós tendemos a adiar a vida. Estamos todos sonhando com algum jardim de rosas mágico no horizonte – ao invés de aproveitar as rosas que estão florescendo no lado de fora de nossas janelas hoje.”
(Dale Carnegie)
“A eternidade é composta de agoras.”
(Emily Dickinson)
Nada melhor para começar um novo ano do que desapegar-se do passado e parar de se preocupar com o que futuro reserva ou não para nós. Se você se sente deprimido é porque está revivendo demasiadamente o passado, se sente-se ansioso, é porque está ocupado demais com o futuro. Ambos estão fora do seu controle imediato. O que vale é o momento presente, que é o único momento que realmente existe e que realmente pode mudar a sua vida, seja pra pior ou pra melhor. É você quem decide.
No post de hoje trago um pequeno texto – traduzido por mim – do médico e autor indiano Deepak Chopra em que ele fala sobre viver no Agora. Para complementar, coloquei uma entrevista relativamente antiga que a atriz Bruna Lombardi havia feito com Chopra, a respeito das 7 Leis espirituais do sucesso. São 10 vídeos, curtinhos porém recheados de insights.
Um excelente 2010, vivido momento a momento, para todos nós! ;-)
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O eterno Agora
Toda a felicidade e realização que os seres humanos anseiam existe no momento presente. No agora, o tempo pára de existir e nós experimentamos uma presença que é toda absorvente, completamente em paz, e totalmente satisfatória.
Nada pode estar mais próximo do que o presente, no entanto, nada nos escapa mais rápido. Em um instante a nossa mente nos leva para longe em memórias do passado ou fantasias sobre o futuro. Ou nós podemos nos perceber em uma corrida contra o relógio, sentindo como se nunca existisse tempo suficiente. Nós dizemos coisas como “O tempo está voando”, “O tempo está se acabando”, ou “Nunca existem horas suficientes em um dia.”
De algum modo nós nos esquecemos que escolhemos se queremos que o tempo seja nosso inimigo ou um aliado. Nós podemos mudar de uma percepção presa ao tempo para uma percepção atemporal… para o êxtase que somente pode ser encontrado no momento presente. Se você quer ter todo o tempo do mundo, você pode treinar a si mesmo através das seguintes práticas simples:
Mergulhe na fonte da consciência. O modo mais efetivo de viver no fluxo da atemporalidade é a meditação. Conforme você medita, a sua consciência desperta dentro de si mesma. Com a prática regular da meditação, a testemunha silenciosa interior se satura e ilumina a mente, de modo que esta não olhe mais para o passado ou para o futuro em busca de realização. Ela experimenta paz e liberdade no interior de si mesma, a todo momento.
Pratique o prestar atenção. Durante o seu dia, quando notar que seus pensamentos se dispersaram, volte para onde você está. Instantaneamente você verá porque se distraiu, seja porque estava entediado, ansioso, vivendo no passado, ou antecipando o futuro. Não julge a si mesmo; simplesmente retorne sua atenção para o que está na sua frente nesse momento.
Sinta as sensações do seu corpo. Enquanto que a mente vive no passado e no futuro, o corpo vive no agora. Conectar-se aos sentimentos do seu corpo faz com que você retorne à consciência do momento presente.
Os nossos pensamentos estão sempre nos puxando para o futuro ou para o passado, para longe do presente. Porém é no momento presente que nós encontramos o Espírito, o nosso ser essencial e a força que anima toda a vida. Ao se conectar com o presente nós voltamos a nossa atenção para dentro, para longe de todo o caos e atividade, e experimentamos a nossa eterna e ilimitada natureza.
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“O sucesso é uma jornada, não um destino.”
Deepak Chopra
Hoje trago um documentário baseado no livro clássico e best-seller “As Sete Leis Espirituais do Sucesso“, de autoria do médico indiano Deepak Chopra. O filme em questão não é aquele recentemente lançado – com a participação da atriz e cantora Olívia Newton-John – é uma palestra, mais antiga (o livro foi publicado em 1994) em que o dr. Chopra nos explica cada lei espiritual do sucesso. Mas, primeiramente, é preciso entender o tipo de “sucesso” a que Chopra se refere: não é aquele sucesso como estamos acostumados a imaginar, que está relacionado, principalmente, ao reconhecimento, fama, dinheiro etc, derivados de muito trabalho árduo, conquista e ambição. Mas, como o autor explica, esse tipo de “sucesso”, quando analisado com mais atenção, não é tão desejável quanto aparenta já que existem pessoas ricas infelizes, famosas porém frustradas, bonitas mas doentes… O sucesso como proposto por Chopra é aquele não se limita somente ao material, mas abrange o espiritual e que advém da compreensão profunda de que a nossa natureza vai muito além da matéria – a nossa essência divina, espírito puro -, e que conhecendo as leis universais, podemos aplicá-las a nosso favor, e assim criar a vida que desejamos. Dessa forma, seremos verdadeiramente bem-sucedidos.
Para quem leu o livro, é um reforço. Para quem ainda não leu, é um estímulo a conhecer…
Sucesso é uma jornada...
Resumidamente, as 7 leis são as seguintes:
1. Lei da Potencialidade Pura – A fonte de toda criação é a consciência pura ou pura potencialidade buscando a expressão do não-manifesto para o manifesto. Com a prática diária do silêncio, da meditação, e do não-julgamento, e com a percepção de que nosso verdadeiro Eu é de pura potencialidade, nós nos alinhamos com o poder que tudo manifesta no Universo e obtemos o que desejamos.
2. Lei da Doação – O universo opera através de trocas dinâmicas. Dar e receber são diferentes aspectos do fluxo de energia. Com a nossa disposição de dar o que buscamos, mantemos a abundância do Universo em nossas vidas. A força motriz por trás da doação deve ser a felicidade – se quiser amor, alegria ou coisas boas, dê o mesmo aos outros.
3. Lei do Carma ou Causa e Efeito – Colhemos o que plantamos. Toda ação gera uma força de energia que retorna de modo análogo. Quando nossas ações e escolhas conscientes trazem felicidade e sucesso para os outros, o fruto de nosso carma será alegria e sucesso.
4. Lei do Mínimo Esforço – A inteligência da natureza funciona sem esforço – as flores não tentam desabrochar, elas desabrocham; os pássaros não tentam voar, eles voam. Se buscamos poder, dinheiro ou felicidade para a satisfação do ego, desperdiçamos energia; mas se nossas ações são motivadas por amor, harmonia e alegria, nossa energia se multiplica e podemos usar o excedente para criar o que quisermos.
5. Lei da Intenção e do Desejo – “Inerente a toda intenção e desejo, está a mecânica para a sua realização. E quando colocamos uma intenção no campo da pura potencialidade, colocamos este poder organizador infinito para trabalhar para nós”. No nível da mecânica quântica, o universo é uma extensão de nosso corpo, e nossa intenção detona transformações de energia e informação, e organiza sua própria realização.
6. Lei do Distanciamento – No distanciamento está a sabedoria da incerteza, e nesta sabedoria está a liberdade em relação ao nosso passado, ao conhecido, que é a prisão do condicionamento passado. Quando nos abrimos ao desconhecido, ao campo de todas as possibilidades, nos entregamos à mente criativa que orquestra a dança do universo. O apego é baseado no medo e na insegurança, e cria ansiedade. O apego excessivo aos bens materiais – símbolos transitórios do Eu – traz a sensação de inutilidade e vazio.
7. Lei do Darma ou do Propósito de Vida – “Todos têm um propósito na vida… algo único para dar aos outros. E quando misturamos este talento com o serviço aos outros, experimentamos o êxtase de nosso próprio espírito, o que é objetivo último de todos os objetivos”. Primeiro, devemos descobrir nosso verdadeiro eu; depois, expressar nossos talentos especiais; e finalmente, usar este nosso dom para servir a humanidade.
1. Lei da Potencialidade Pura – A fonte de toda criação é a consciência pura ou pura potencialidade buscando a expressão do não-manifesto para o manifesto. Com a prática diária do silêncio, da meditação, e do não-julgamento, e com a percepção de que nosso verdadeiro Eu é de pura potencialidade, nós nos alinhamos com o poder que tudo manifesta no Universo e obtemos o que desejamos.
2. Lei da Doação – O universo opera através de trocas dinâmicas. Dar e receber são diferentes aspectos do fluxo de energia. Com a nossa disposição de dar o que buscamos, mantemos a abundância do Universo em nossas vidas. A força motriz por trás da doação deve ser a felicidade – se quiser amor, alegria ou coisas boas, dê o mesmo aos outros.
3. Lei do Carma ou Causa e Efeito – Colhemos o que plantamos. Toda ação gera uma força de energia que retorna de modo análogo. Quando nossas ações e escolhas conscientes trazem felicidade e sucesso para os outros, o fruto de nosso carma será alegria e sucesso.
4. Lei do Mínimo Esforço – A inteligência da natureza funciona sem esforço – as flores não tentam desabrochar, elas desabrocham; os pássaros não tentam voar, eles voam. Se buscamos poder, dinheiro ou felicidade para a satisfação do ego, desperdiçamos energia; mas se nossas ações são motivadas por amor, harmonia e alegria, nossa energia se multiplica e podemos usar o excedente para criar o que quisermos.
5. Lei da Intenção e do Desejo – “Inerente a toda intenção e desejo, está a mecânica para a sua realização. E quando colocamos uma intenção no campo da pura potencialidade, colocamos este poder organizador infinito para trabalhar para nós”. No nível da mecânica quântica, o universo é uma extensão de nosso corpo, e nossa intenção detona transformações de energia e informação, e organiza sua própria realização.
6. Lei do Distanciamento – No distanciamento está a sabedoria da incerteza, e nesta sabedoria está a liberdade em relação ao nosso passado, ao conhecido, que é a prisão do condicionamento passado. Quando nos abrimos ao desconhecido, ao campo de todas as possibilidades, nos entregamos à mente criativa que orquestra a dança do universo. O apego é baseado no medo e na insegurança, e cria ansiedade. O apego excessivo aos bens materiais – símbolos transitórios do Eu – traz a sensação de inutilidade e vazio.
7. Lei do Darma ou do Propósito de Vida – “Todos têm um propósito na vida… algo único para dar aos outros. E quando misturamos este talento com o serviço aos outros, experimentamos o êxtase de nosso próprio espírito, o que é objetivo último de todos os objetivos”. Primeiro, devemos descobrir nosso verdadeiro eu; depois, expressar nossos talentos especiais; e finalmente, usar este nosso dom para servir a humanidade.
“Não deseje o que não está dentro de você.”
Osho
Recebi essa semana mais um excelente texto de Deepak Chopra, em que ele fala sobre o “segredo da abundância ilimitada”. É um texto pequeno, objetivo, porém profundo. Basicamente o que ele nos diz é: busque a consciência de si, expanda a sua auto-consciência, e todo o resto (amizades, criatividade, dinheiro etc) virá até você, de maneira espontânea.
Existe uma antiga história Védica sobre um jovem que saiu em busca do segredo da abundância. Por muitos meses ele viajou pelo campo, até que um dia, quando estava dentro de uma floresta, conheceu um mestre espiritual e perguntou a ele se esse conhecia a chave para se ter prosperidade e riquezas ilimitadas.
O mestre espiritual respondeu:
“No coração de cada ser humano há duas deusas: Lakshmi, deusa da Prosperidade, é bonita e generosa. Se você a venerar, ela poderá lhe conceder tesouros e riquezas, mas ela é inconstante e poderá também retirar seu apoio sem lhe avisar.
Lakshmi
A outra deusa é Saraswati, a deusa da Sabedoria. Se você venerar Saraswati, e se dedicar a conquistar sabedoria, Lakshmi ficará com ciúmes e prestará mais atenção a você. Quanto mais você busca à sabedoria, mais fervorosamente Lakshmi irá persegui-lo e derramar sobre você abundância e prosperidade.”
Saraswati
Enquanto muitas pessoas passam suas vidas perseguindo Lakshmi – dinheiro, mansões, carros de luxo e outros símbolos de prosperidade – a verdadeira abundância não diz respeito a conseguir cumprir a lista de desejos do seu ego o quanto antes; é saber que o seu verdadeiro ser é pura consciência, pura potencialidade. O seu senso de si-mesmo (self) se expande além da sua identificação com a mente egóica e o corpo físico, e você desperta para sua natureza espiritual essencial. Nesse estado de consciência expandida, você se liberta das crenças e medos limitantes, permitindo que o infinito campo de inteligência satisfaça seus desejos e necessidades de maneira fácil e sem esforço.
Em nosso atual ambiente econômico, a hipnose coletiva de medo e escassez pode ser quase irresistível. Mas ao invés de esvaziar as suas energias mentais com preocupação, foque-se em cultivar abundância espiritual, entusiasmo e no desejo de satisfazer o seu potencial. Como você faz isso? Pela meditação, conectando-se com a sua verdadeira natureza, buscando sabedoria, e praticando aquilo a que me refiro como “As sete leis espirituais do sucesso”. Essas são as leis universais da consciência que governam cada processo criativo – do nascimento de um bebê ao nascimento de uma galáxia. Quando você se alinha em harmonia com essas leis cósmicas, você se torna a abundância que é inerente a vida.
A abundância pode surgir na forma de amizades, sabedoria, dinheiro, expressão criativa, boa saúde, relacionamentos amorosos, energia mental e entusiasmo, paz interior, e de infinitas outras formas. Mas independente de como a abundância se manifeste, a ideia aqui é que esses efeitos são resultados espontâneos do despertar espiritual interior; eles não precisam ser procurados ou perseguidos. Dinheiro, conquistas, louvores – todos esses são subprodutos do verdadeiro presente da vida: a revelação da sua divindade interior.
Deepak Chopra e a Relação Mente-Corpo
Posted by Karina em 29, October, 2009 em Ciência Alternativa, Deepak Chopra, Espiritualidade, Lei da Atração
“Toda Criação existe dentro de você, e tudo o que existe em você existe na Criação. Não há fronteiras entre você e um objeto que esteja bem perto, assim como não há distância entre você e os objetos que estão muito longe. Todas as coisas, as menores e as maiores, as inferiores e as superiores, estão à sua disposição dentro de você, uma vez que são inatas. Um único átomo contém todos os elementos da Terra. Um único movimento do espírito contém todas as leis da vida. Numa única gota de água encontramos o segredo do oceano sem fim. Acima de tudo, uma única manifestação sua contém todas as formas de manifestação da própria vida.”
(Kahlil Gibran)
“Quem olha para fora sonha; Quem olha para dentro acorda.”
(Carl G. Jung)
“Só não existe o que não pode ser imaginado.”
(Murilo Mendes, poeta brasileiro)
“Há um sonho nos sonhando…”
(Um camponês Kalahari)
O texto de hoje é de autoria do médico endocrinologista indiano Deepak Chopra. Acho que ele dispensa maiores apresentações, mas para quem não o conhece, um resumo: Deepak é autor de mais de 45 livros, nos temas Espiritualidade e Medicina Mente-Corpo, que já foram traduzidos para 35 idiomas e que já venderam mais de 20 milhões de cópias pelo mundo. Em 1999 a revista norte-americana Time o incluiu na sua lista dos 100 maiores heróis ou ícones do século, chamando-o de “poeta-profeta da medicina alternativa”.
Deepak Chopra
Para quem se interessa pelos temas de psicossomática, medicina oriental/medicina alternativa, terapias holísticas, relação mente-corpo, lei da atração (bem fundamentada), nova ciência, e afins, Deepak é leitura obrigatória. Particularmente, recomendo tudo que ele escreve…
O texto que selecionei para esse post foi traduzido por mim, e faz parte da newsletter disponibilizada pelo Chopra Center. O texto trata exatamente da especialidade do dr. Chopra, a relação mente-corpo; como os seus pensamentos, sentimentos e intenções tem o poder de influenciar e alterar a bioquímica do seu corpo, tanto para o bem – saúde, como para o mal – doença.
Certamente esse é o primeiro de vários outros textos de Deepak que pretendo traduzir e postar aqui. Na verdade, até me admirei ao perceber que nunca tinha colocado nada especificamente dele no Inconsciente Coletivo. Falta grave, mas antes tarde do que mais tarde ainda, não é mesmo? ;-)
Espero que gostem:
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Nós somos as únicas criaturas do planeta que podem modificar a própria biologia através dos pensamentos, sentimentos e intenções. As nossas células estão constantemente espionando os nossos pensamentos e sendo modificadas por eles. Quando nos apaixonamos, pensamentos positivos percorrem o nosso corpo e fortalecem nosso sistema imunológico. Por outro lado, pensamentos sombrios e sentimentos depressivos podem nos deixar vulneráveis a doenças.
Ao longo das últimas três décadas, centenas de estudos mostraram que nada possui mais poder no corpo do que as crenças da mente. Esta é a visão de mundo quântica, que nos ensina que todos somos parte de um campo infinito de inteligência – a fonte dos nossos pensamentos, mente, corpo e tudo o mais no universo. Este paradigma, que tem conquistado aceitação crescente no mundo da medicina Ocidental moderna, se baseia nas dez concepções seguintes:
1 – O mundo físico, incluindo o nosso corpo, é um reflexo das nossas percepções, pensamentos e sentimentos. Não há nenhuma realidade objetiva “lá fora” que é independente do observador. Ao contrário, nós criamos nossos corpos conforme criamos nossa experiência do mundo.
2 – Apesar do corpo físico parecer matéria sólida, na verdade ele é composto de energia e informação. Os físicos quânticos nos dizem que todo átomo é 99.9999 por cento espaço vazio, e as partículas subatômicas se movendo à velocidade da luz neste espaço são pacotes de energia vibrante. Essas vibrações não são aleatórias ou caóticas, elas transportam informações ao longo de padrões específicos.
3 – A mente e o corpo são inseparáveis. Existe somente uma única inteligência criativa que expressa a si própria como nossos pensamentos – assim como às moléculas das nossas células, tecidos e órgãos.
CloudsMind
4 – A nossa consciência cria a bioquímica do nosso corpo. As nossas crenças, pensamentos e emoções direcionam as reações químicas que ocorrem em cada célula do corpo.
5 – Percepção é um fenômeno aprendido. A maneira como experimentamos o mundo e o nosso corpo é um comportamento aprendido. Mudando as nossas percepções, nós podemos mudar a experiência do nosso corpo e mundo.
6 – A todo momento, impulsos de inteligência estão criando nosso corpo. Modificando os padrões desses impulsos, nós podemos nos modificar.
7 – Apesar que, para a nossa mente-ego, nós parecemos separados e independentes, nós todos somos parte de uma inteligência universal que governa o cosmos.
8 – O tempo não é absoluto. O que chamamos de tempo linear é simplesmente um reflexo de como percebemos as mudanças. Na verdade, o tempo é eterno e imutável. Se começarmos a perceber a imutabilidade, o tempo como conhecemos deixará de existir e iremos experienciar a imortalidade.
9 – A nossa natureza essencial é puro ser. Embora estejamos acostumados a nos ver como personalidade, ego e corpo, o nosso verdadeiro Self (”si-mesmo”) é eterno e ilimitado.
10 – Já que nossa essência é imortal e imutável, nós não precisamos ser vítimas do envelhecimento, doença e morte. Isso é causado pelas lacunas em nosso autoconhecimento e pela ilusão antiga de que nossos corpos são materiais. Como a Ayurveda ensina, qualquer desordem pode ser prevenida se mantermos o equilíbrio em nosso corpo, mente e espírito.
Estas podem parecer grandes concepções, mas elas estão fundamentadas nas descobertas da moderna física quântica. Eu quero encorajá-lo (a) a ver que você é muito mais do que seu limitado corpo, ego e personalidade. Em um nível mais profundo, o seu corpo é eterno e a sua mente é atemporal. Uma vez que você se identifique com esta realidade, você tem liberdade ilimitada para criar uma melhor saúde, alegria e qualquer outra coisa que você deseje em seu mundo.
Descreva “Deus”
Posted by Karina em 31, August, 2009 em Documentários, Espiritualidade, Religião
“O homem que apenas crê e não procura refletir esquece-se de que é alguém constantemente exposto à dúvida, seu mais íntimo inimigo, pois onde a fé domina, ali também a dúvida está sempre à espreita. Para o homem que pensa, porém, a dúvida é sempre bem recebida, pois ela lhe serve de preciosíssimo degrau para um conhecimento mais perfeito e mais seguro”.
Carl Gustav Jung (psiquiatra suíço)
“Tudo o que aprendi levou-me, passo a passo, a uma inabalável convicção sobre a existência de Deus. Eu só acredito naquilo que sei. E isso elimina a crença. Portanto, não baseio a Sua existência na crença … eu sei que Ele existe.”
(idem)
Já falei do excelente documentário independente chamado “One” (traduzido para o Brasil como “Somos todos Um“) em outro post. Hoje, trago um trecho dessa produção em que é pedido a vários místicos que descrevam “Deus”.
Para quem não conhece, “One” foi um projeto independente que pretendeu buscar respostas para algumas das perguntas (espirituais e filosóficas) que mais preocupam os seres humanos. O mais legal desse documentário, a grande sacada mesmo, é que os autores do projeto não se limitaram a mostrar apenas um tipo de opinião ou pensamento. Eles entrevistaram desde grandes “gurus” e autores, como Deepak Chopra, à ateus e pessoas comuns, na rua. Para conhecer as perguntas que eles fizeram, clique aqui.
Então. O vídeo em questão extraí do próprio documentário, e penso ser um dos pontos altos de todo o filme. Aqui, vários mestres e místicos espirituais, de diversas religiões e filosofias, tentam nos explicar o que seria “Deus”. O mais interessante dessas respostas, é que por mais que todos eles sejam diferentes em suas crenças, todos possuem a mesma resposta para “Deus”.
É como Gandhi dizia:
“As religiões são caminhos diferentes convergindo para o mesmo ponto. Que importância faz se seguirmos por caminhos diferentes, desde que alcancemos o mesmo objetivo?”
Neste trecho, podemos perceber que existe uma diferença enorme entre “saber” e “acreditar”. Tem essa anedota, contada por Robert Thurman durante o filme, em que ele diz algo como:
“O padre pergunta ao Joãzinho se ele sabe o que é fé. Joãzinho responde que sim: Fé é acreditar em algo mesmo sabendo que não é verdade.”
Taí a grande diferença entre o Místico (ou Iluminado) e a pessoa religiosa (ou que tem fé): o místico é aquele que experimenta a realidade divina. É aquele que sabe, portanto, não crê. Por isso, não existe religião, filosofia ou caminho mais “certo”. O que existe são pessoas que sabem não só escolher, mas percorrer o caminho… E como diria o sábio brujo Don Juan,
“(…) você deve sempre manter em mente que um caminho não é mais do que um caminho; se achar que não deve seguí-lo, não deve permanecer nele, sob nenhuma circunstância. Para ter uma clareza dessas, é preciso levar uma vida disciplinada. Só então você saberá que qualquer caminho não passa de um caminho, e não há afronta, para si nem para os outros, em largá-lo se é isso que o seu coração lhe manda fazer.”
Antes de passarmos ao vídeo, coloco aqui uma pequena descrição de cada um dos “mestres” entrevistados neste trecho, por ordem de aparição:
Sadhguru Jaggi Vasudev:
Um dos entrevistados mais carismáticos do projeto One, Sadhguru é um reconhecido Mestre indiano, Místico e Yogi. É considerado um visionário e humanista cujo trabalho transcende todas as fronteiras. Desenvolveu a Isha Yoga, uma série de programas cientificamente estruturados que visam promover uma profunda experiência do Self (”si-mesmo”). Sadhguru é um místico incomum. Da mesma forma que Osho, ele não possui apego a nenhuma tradição em particular, e utiliza apenas o que há de mais válido para a vida atual dentro das ciências iogues. Partindo do princípio de que não pode haver transformação universal sem a transformação individual, este místico tem dedicado a sua vida a apresentar poderosos métodos de autotransformação para pessoas de todos os credos e filosofias. A sua visão e entendimento dos problemas sociais e econômicos modernos já o levaram a ser entrevistado por diversos canais de televisão, como BBC, Bloomberg, CNBC, CNNfn, e Newsweek International. As palestras e meditações de Sadhguru normalmente reúnem multidões de mais de 300.000 pessoas. Ele possui centros de Isha Yoga na Índia, nos EUA e no Líbano.
Site oficial: http://www.ishafoundation.org/
Thich Nhat Hanh:
Thich Nhat Hanh é um monge budista vietnamita, poeta, erudito e ativista pela paz que fundou a Igreja Budista Unificada na França, durante a guerra do Vietnã, em 1969. Já escreveu mais de setenta e cinco livros de prosa, poesia e preces. Sua filosofia não está limitada a estruturas religiosas pré-existentes, mas fala ao desejo do indíviduo por totalidade e paz interior. Exatamente por isso, as palestras de Thây (”professor”, como é mais conhecido pelos seus seguidores) atraem não somente budistas, mas cristãos, judeus e até mesmo ateus. Martin Luther King Jr. nomeou-o ao Prêmio Nobel da Paz em 1967.
Site oficial: http://www.plumvillage.org/
Padre Thomas Keating:
O Padre Thomas Keating é a figura central de um movimento entre classes religiosas cristãs para a revitalização da prática cristã contemplativa conhecida como “centering prayer” (um método de prece contemplativa que dá grande ênfase ao silêncio interior). Passou vinte anos como abade da abadia de St. Joseph, um monastério trapista localizado em Spencer, Massachusetts. Ele é o co-fundador do Contemplative Outreach (uma organização dedicada a introduzir as práticas contemplativas cristãs à pessoas de todos os credos e filosofias) e autor de vários livros, entre eles: “Open Mind, Open Heart” (tradução livre minha: “Mente Aberta, Coração Aberto”) e “Intimacy with God” (tradução minha: “Intimidade com Deus”). Ele já conheceu e estudou com líderes espirituais de várias linhagens Hindu e Budistas, e ajudou a criar, há 15 anos atrás, a “Snowmass Interreligious Conference“, que reúne regularmente professores de diferentes tradições para comparar visões e ideias e para avaliar objetivamente os benefícios ou defeitos da práticas de cada um deles.
Site oficial: http://www.snowmass.org/keating.htm
Barbara Brodsky:
Barbara pratica meditação desde 1960. Possui duas raízes religiosas, uma Budista e outra Quaker, e seus ensinamentos refletem essas duas tradições. Ensina a meditação vipassana, ou insight, e práticas derivadas das tradições dzogchen, para pessoas de todos os credos e filosofias. Em Ann Arbor, Michigan, em 1989, Barbara fundou o “Deep Spring Center” e tem sido a professora principal dessa organização. Ela é surda há mais de 30 anos e o silêncio tem grande influência em seus ensinamentos. Barbara é também uma médium, canal de uma entidade chamada “Aaron”.
Site oficial: http://www.deepspring.org/
Llewellyn Vaughn-Lee:
Vaughn-Lee é um Xeque da Ordem Sufi Naqshbandi. Nascido em Londres, em 1953, segue a tradição sufi Naqshbandi desde os 19 anos, depois de ter conhecido Irina Tweedie, autor de “Chasm of Fire and Daughter of Fire: a Diary of a Spiritual Training with a Sufi Master“. Ele tem se especializado na área de trabalho com sonhos, integrando a antiga abordagem Sufi sobre sonhos aos insights da psicologia moderna. Ele é autor de vários livros, incluindo “Love is a Fire: The Sufi’s Mystical Journey Home” e “The Face Before I Was Born: A Spiritual Autobiography”. Llewellyn tem lecionado extensivamente nos EUA, Canadá e Europa.
Atualmente, o foco de seus ensinamentos e escritos está na responsabilidade espiritual em nosso atual período de transição e a conscientização global emergente em relação à Unicidade.
Site oficial: http://www.goldensufi.org/
Espiritualidade e Vida Material
A distinção entre vida material e espiritual advém de um certo nível de ignorância. O que é material? O que é espiritual? Poderemos separar seja lá o que você se refere como espírito do corpo? Como você pode separar o material e o espiritual? Esta separação em si mesma é ignorância. Ser materialista ou espiritual é somente uma ideia. Não há espírito sem a matéria, não há matéria sem o espírito.
Os seus lares, relacionamentos, dinheiro, são todos arranjos externos que você cria para conveniência, conforto e alegria. Similarmente, você cria arranjos para o seu bem-estar espiritual interior. Você consegue viver com arranjos externos fantásticos quando internamente você está uma confusão? Isso resolve o seu problema? E se internamente você estiver feliz, mas não tem alimento para comer, isso resolve o seu problema? Ambos precisam ser organizados, mas você precisa decidir como equilibrar.
A soma de prioridade que você dá ao sem bem-estar exterior e seu bem-estar interior é escolha sua. Fazer uma distinção entre os dois provém de ignorância.
A vida surge como uma unidade. Não faça divisão da vida em material e espiritual. A própria distinção causa um conflito desnecessário. Se você fizer essa distinção entre o materialismo e o espiritual, irá sofrer. Já de princípio eles não são divididos. Então a questão de que se o material e o espiritual são compatíveis não aparece. Quando você existe como uma vida, dividí-la e tentar encontrar compatibilidade entre os dois lados é algo muito tolo de se fazer.
“Há muitas coisas que um guerreiro pode fazer, em determinado momento, que não poderia ter feito anos antes. Essas coisas não mudaram; o que mudou foi a idéia do guerreiro sobre si mesmo.”
(Carlos Castañeda, em “Porta para o Infinito“)
“Existe dois meios de enfrentar o fato de estarmos vivos. Um é render-se a ele, seja concordando com suas exigências, seja lutando contra elas. Outra é moldando nossa situação particular de vida para que ela se adapte a nossas próprias configurações.”
(idem, em “A Arte do Sonhar“)
Muitos já devem ter notado que criei um novo widget aqui no Inconsciente chamado “Influências do Blog”. Pois bem, a ideia de acrescentar essa coluninha é a de não só promover, mas de identificar os autores e pensadores que mais me influenciam ou influenciaram. Um deles é o antropólogo e escritor Carlos Castañeda. Para os interessados na Nova Ciência (aqui no blog coloco como “Ciência Alternativa”) e Misticismo, os livros desse autor são praticamente leitura obrigatória. Porém, para as ideias de Castañeda serem devidamente compreendidas, os livros precisam ser lidos na seguinte ordem:
* A Erva-do-Diabo (Os ensinamentos de Don Juan)
* Uma estranha realidade
* Viagem a Ixtlan
* Relatos de Poder
* O segundo círculo do Poder
* O presente da Águia
* O fogo interior
* O poder do Silêncio
* A Arte do sonhar
Basicamente, os livros tratam dos ensinamentos do sábio índio brujo Don Juan, aprendidos por Castañeda quando este ainda era um estudante de Antropologia. O autor certamente aprendeu muito mais sobre a vida e o Universo com os índios mexicanos “semi-analfabetos” do que nos bancos da faculdade. Uma prova de que sabedoria não está necessariamente ligada a intelectualidade ou “cultura”.
donjuan
Neste post, deixo como inspiração um trecho retirado do livro “A Erva-do-Diabo” em que Don Juan explica a Castañeda da importância de encontrar um caminho de vida que seja o verdadeiro para você. Somente para você. Independente de quantas vezes seja preciso experimentá-lo ou mudar de ideia. Esqueça o que os outros acham que você deveria de fazer ou ser. É para você que sua vida deve ter significado. Nas palavras do sábio índio:
“… Tudo é um entre um milhão de caminhos. Portanto, você deve sempre manter em mente que um caminho não é mais do que um caminho; se achar que não deve seguí-lo, não deve permanecer nele, sob nenhuma circunstância. Para ter uma clareza dessas, é preciso levar uma vida disciplinada. Só então você saberá que qualquer caminho não passa de um caminho, e não há afronta, para si nem para os outros, em largá-lo se é isso que o seu coração lhe manda fazer.
Mas sua decisão de continuar no caminho ou largá-lo deve ser isenta de medo e de ambição. Eu lhe aviso. Olhe bem para cada caminho, e com propósito. Experimente-o tantas vezes quanto achar necessário. Depois, pergunte-se, e só a si, uma coisa. Essa pergunta é uma que só os muito velhos fazem. Dir-lhe-ei qual é: esse caminho tem coração?
Todos os caminhos são os mesmos; não conduzem a lugar algum. São caminhos que atravessam o mato, ou que entram no mato. Em minha vida posso dizer que já passei por caminhos compridos, mas não estou em lugar algum. A pergunta de meu benfeitor agora tem um significado. Esse caminho tem um coração? Se tiver, o caminho é bom; se não tiver, não presta. Ambos os caminhos não conduzem a parte alguma; mas um tem coração e o outro não. Um torna a viagem alegre; enquanto você o seguir, será um com ele. O outro o fará maldizer a sua vida. Um o torna forte, o outro o enfraquece.”
Então. O caminho que você escolheu para sua vida, tem um coração? O seu coração?
“Nós não nos damos conta de que podemos cortar qualquer coisa de nossas vidas, a qualquer momento, num piscar de olhos”.
(Carlos Castañeda em “Viagem a Ixtlan“)
O Filósofo e o Diabo
Posted by Karina em 19, August, 2009 em Espiritualidade, Filosofia, Religião
Perdido em meio a alguns gigabytes de textos e arquivos, encontrei uma historinha, no estilo anedota, que me marcou desde o primeiro momento que a li: apesar de simples, é profundamente sábia. Desconheço a autoria (se alguém souber, entre em contato).
Para reflexão:
Um dia, um Filósofo estava conversando com o Diabo quando passou um sábio com um saco cheio de verdades. Distraído, como os sábios em geral o são, não percebeu que caíra uma verdade. Um homem comum vinha passando e vendo aquela verdade alí caída, aproximou-se cautelosamente, examinou-a como quem teme ser mordido por ela e, após convencer-se de que não havia perigo, tomou-a em suas mãos, fitou-a longamente, extasiado, e então saiu correndo e gritando:
“Encontrei a verdade! Encontrei a verdade!”
Diante disso, o filósofo virou-se para o Diabo e disse:
“Agora você se deu mal. Aquele homem achou a verdade e todos vão saber que você não existe …”.
Mas, seguro de si, o Diabo retrucou:
“Muito pelo contrário. Ele encontrou UM PEDAÇO da verdade … Com ela, vai fundar mais uma religião e eu vou ficar mais forte!”
"“Os livros não têm o poder de mudar o mundo. Somente as pessoas têm este poder. Mas os livros mudam as pessoas…”" — Desconhecido
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