terça-feira, 9 de março de 2010
JUNG
JUNG,
Um Iluminado...
Discípulas-amantes ajudaram a criar teoria
Nelson Blecher (Fonte: Jornal "Folha de São Paulo", 08 de junho de 1991)
Enquanto Sigmund Freud viveu cercado por uma confraria de discípulos vienenses, a maioria de ascendência judaica, Carl Gustav Jung encontrou nas mulheres companhia para sua viagem abissal ao inconsciente. Sabina Spielrein, Toni Wolff, Barbara Hannah, Aniela Jaffé, Yolanda Jaccobi, Marie-Louise von Franz e Emma Jung, sua esposa, perfilam-se na linha de frente da corte junguiana.
Sabina e Toni foram primeiro pacientes, depois amantes e, simultaneamente, discípulas. Por quase 30 anos, Jung manteve um declarado triângulo amoroso envolvendo Emma e Toni, que inspirou o escritor Morris West no best-seller "Um Mundo Transparente"
Qualquer apressado julgamento moralista desses "affaires" deve considerar que, àquela altura, a psique ainda era ainda um território imensamente desconhecido para os próprios pioneiros da psicanálise. Tipo atlético, dotado de energética inteligência, Jung, exercia um fascínio sedutor sobre as mulheres - vaidoso, fez questão que seus biógrafos notassem essa qualidade.
A questão da transferência e da contratransferência, que ainda hoje rende polêmicas, só começava a ser arranhada.
Aldo Carotenuto, analista italiano que esteve em São Paulo participando de um congresso promovido para assinalar os 30 anos da morte de Jung, escreveu um obra crucial ("Diário de uma secreta simetria") sobre asa relações de Freud-Jung a partir de um maço de cartas de Sabina endereçadas aos dois gênios da psicanálise. Essa correspondência, segundo conta, foi encontrada acidentalmente num velho porão.
Foi graças ao relacionamento com as discípulas-amantes que Jung pôde tecer os fios do conceito de anima, o enigmático arquétipo que, se não for reconhecido, pode conduzir um homem de neuroses à perdição da loucura.
Como tudo está em oposição no universo da psicologia analítica, o mesmo ocorre com a anima, que evolui da Lilith selvagem à Sophia, rainha da sabedoria.
Entre as discípulas... brilha o nome de Marie-Louise von Franz. Seu legado aos alunos do Instituo C. G. Jung, de Zurique são palestras numinosas sobre temas que, nas mãos de outro qualquer, poderiam se transformar em soníferos: alquimia, mitologia grega, sonhos, contos de fadas.
Von Franz trabalhou com o simbolismo junguiano dos contos de fadas como Bruno Bettelheim o fez sob a ótica freudiana. São temas sobre os quais ela sempre foi capaz de discorrer por mais de duas horas sem um texto à mão, como atesta o seu ex-aluno, o analista Roberto Gambini. Tanto que as palestras, com raras modificações, foram transcritas em livros.... traduzidos pela Editora Cultrix, trazendo interpretações fundamentais para a compreensão da obra do mestre suíço.
Aconselho também esse link do meu Amado Toni:
http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2006/10/carl_jung_reloaded.html
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