Todo esse cenário me remeteu ao belo diálogo entre Judas e Jesus no roteiro do filme “A Última Tentação de Cristo”, de Paul Schrader, baseado no romance homônimo, de Nikos Kazantzakis. Como podemos ver, a história ainda se repete, e embora evoluamos lentamente a passo de formigas anestesiadas, ainda insistimos no caminho da dor, e não do amor:
Judas - Eu não sou como esses homens [referindo-se aos outros seguidores de Jesus]. Digo, eles são boas pessoas. Mas eles são fracos. Como irão lutar por você? Eles não podem nem lutar por si mesmos. Onde você os encontrou? Um é pior do que o outro. Isso não é um exército.
Jesus - Eu não preciso de soldados.
Judas - Você me procurou. E se eu amo alguém, eu morro por ele. Caso odeie alguém, eu o mato. Eu posso até matar alguém que eu amo se ele fizer a coisa errada. Você me entende?
Jesus - Eu compreendo.
Judas - Noutro dia quando você disse para darmos a outra face para quem nos bateu, eu não gostei disso. Somente um anjo poderia fazer isso, ou um cachorro. Eu sou um homem livre. Eu não dou minha face para ninguém bater. Você precisa de soldados.
Jesus - E acaso os soldados me farão livre?
Judas - Você deseja a liberdade para Israel?
Jesus - Eu desejo a liberdade para a alma.
Judas - Primeiro você liberta o corpo, depois a alma. Você sabe disso. Os romanos vêm primeiro.
Se você não mudar o que a alma deseja… nada nunca irá mudar.
Jesus - A alma vêm primeiro. Se você não mudar o que a alma deseja, você irá apenas substituir a dominação romana por outra dominação, e nada nunca irá mudar. Primeiro você deve mudar o homem por dentro. Então o homem pode mudar o que está a sua volta. É o desejo de riquezas e poder que faz com que o homem queria dominar os outros. É o desejo que precisamos mudar, precisamos primeiro libertar a alma. Com amor.
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