DO PRIMITIVO A NOVA TECNOLOGIA, UM CAMINHO CONFUSO PARA NOSSA ALMA.
Entregue ao primitivismo inicial, o ser humano sentia-se, a necessidade de sair do nada, para dar inicio as criações que hoje nos coloca na vanguarda da tecnologia.
Nossos antepassados foram ameaçados pelas forças exteriores e usava a sua percepção nascente para proteger-se, vindo progressivamente a dominar os ambientes avessos. Nessa luta milenar, desenvolveram a um grau apreciável as suas reservas intelectuais e construiu uma civilização, cuja grandeza material não deixa lugar a dúvidas.
Séculos após séculos, consciente da sua inteligência, porém vulnerável, com uma visão mais para o exterior, para a natureza, de onde lhe vinham, não apenas energias criadoras, como também destruição, quando não conseguia defender-se eficazmente. Esta orientação para o exterior transparece nas suas criações, que é durante milhares de anos, nada mais do que a cópia do belo criado por Deus.
Nesta vontade constante de compreender e dominar o mundo, de que se destacara pelo imprevisto da racionalidade, afastou-se cada vez mais de si mesmo. Procurou negar, pela repressão, a sua origem. Abriu a mente para o sobrenatural para explicar o que escapava a sua compreensão; aos ídolos atribuiu também àquelas energias emocionais que ainda não descobrira em si mesmo. A sua natureza primitiva o dirige mais do que gostaria de admitir e a sua idéia do sobrenatural e as emoções correspondentes, interferem nas suas decisões talvez mais do que gostaria desejar.
Não resta dúvida de que a conceituação mágica do mundo constituiu um artifício útil, quando o ser humano ainda era excessivamente ignorante para lidar com as forças do sobrenatural. A divindade diminuía-lhe a ansiedade do desconhecido e oferecia-lhe um sentimento de proteção, de segurança, que não poderia obter sozinho.
Mas, como sempre acontece com os artifícios ocultos o ser humano recorre para ocultar as verdades que ainda não conhece ou evita conhecer, a sua ligação aos antepassados, impregnado de emoções brutas, acaba impondo novas ansiedades. A admiração dos deuses, construídos a imagem do pai, que, na infância, tudo explicava e protegia, acabou por apresentá-los como autoridades que exigem obediência sistemática e julgam e castiga o pecador a menor falta. E o ser humano, que traz em si o sentido da justiça, que se pune pela falência moral, passou a ignorar a sua própria consciência e atribuir aos deuses às qualidades morais que lhe era natural.
Cada vez mais alienado de si, o ser humano chegou ao nosso século, grandioso pelas realizações concretas da inteligência, uma presa miserável da sua pobreza emocional. Nessa longa história, mais de uma vez escravizou a sua razão. Esqueceu a sua capacidade de amar, o seu profundo anseio de liberdade e de integridade e o seu natural sentido de justiça. Chegou ao máximo do conhecimento tecnológico como objetivo e ao mínimo de sabedoria pessoal.
Até que, nos dias de hoje correm desenganados pela falta de fé, de quem havia esperado tudo, o ser humano começa a desconfiar dos valores morais tradicionais e atravessa a maior crise de caráter da sua história. Desconfia dos semelhantes e de si mesmo, isola-se como tentativa de solução. Olha para dentro de si mesmo e só encontra confusão e caos, mesmo vivendo seu melhor momento tecnológico.
Ainda assim, mesmo que só encontremos altas tecnologias e confusão e, mesmo que o ser humano se agite desorientado, quase sem crença, quase sem valores, devemos olhar com tolerância compreensiva e com certo otimismo a agitação caótica dos nossos dias. A humanidade está passando por mudanças profundas entre o que de mais avançado ao seu prazer material e encontrar a paz interior. O grande desenvolvimento da espiritualidade, imbuída da tradição humanista dos filósofos da antiguidade, faz do nosso século a era das grandes descobertas, a descoberta do Eu interior.
Consciente de si mesmo, o ser humano compreende as próprias limitações. A razão, seu maior privilégio, é, ao mesmo tempo, seu maior tormento. Ele não pode viver simplesmente: a vida se lhe afigura como um problema que deve resolver. Já que não pode regredir aos estágios já vividos, pré-história, de harmonia com a natureza, deve continuar a desenvolver a sua razão, para que chegue a compreender o sentido da vida e obter uma nova harmonia, que lhe permita, em outro nível, integra-se novamente a natureza, aos seus semelhantes e a si mesmo.
Se ficarmos livre do passado da sociedade pré-individualista, que lhe conferia segurança, mas limitava-lhe os movimentos, o ser humano não adquiriu liberdade, no sentido positivo de realização da sua individualidade, ou seja, como expressão das suas potencialidades intelectuais, emocionais, sentimentais e sensuais. A liberdade, embora lhe ocasionasse independência e racionalidade, tornou-o isolado, e, portanto, ansioso na busca de cada vez mais buscar a tecnologia para bem lhe servi. Essa busca é intolerável e o ser humano se vê confrontado com duas alternativas: evitar o peso dessa ansiedade, aceitando novas dependências, nova submissão, ou progredir no sentido da plena realização da sua liberdade positiva, baseada na natureza impar da sua individualidade e no prazer de servi o próximo com amor.
Nessa busca de si mesmo, nessa procura de harmonia universal, o ser humano precisa parar para meditar. Precisa pesar valores e escolher sistemas de orientação que o conduzam as realizações das suas potencialidades únicas, que estimulem a sua independência, fortifiquem a sua integridade pessoal e libertem a sua capacidade de amar.
Fonte-wwwsomostodosum
Postado por Luisa afonso
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