segunda-feira, 30 de maio de 2011
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De homens e ratos
O estado desperto é o caminho para a vida.
O tolo dorme como se já estivesse morto,
mas o mestre está desperto e vive para sempre.
Ele está atento. Está lúcido.
Como ele é feliz! Pois vê que o estado desperto é vida.
Como ele é feliz, seguindo o caminho dos que despertaram.
Com grande perseverança ele medita, em busca de liberdade e felicidade.
— extraído de Dhammapada, de Gautama, o Buda
Continuamos a viver totalmente alheios ao que está acontecendo à nossa volta. Admito que passamos a ser muito eficientes em algumas coisas. Com respeito às coisas que fazemos, passamos a demonstrar tamanha eficiência que não precisamos mais prestar atenção nelas. A coisa ficou mecânica, automática; vivemos como robôs. Não somos homens ainda, somos máquinas.
Era isso que George Gurdjieff costumava dizer muitas e muitas vezes: o homem, da forma que existe, é uma máquina. Gurdjieff ofendeu muitas pessoas, porque ninguém gosta de ser chamado de máquina.
As máquinas gostam de ser chamadas de deuses; aí ficam contentes, cheias de si. Gurdjieff costumava chamar as pessoas de máquinas e ele estava certo. Se prestar atenção em você mesmo, vai perceber o quanto se comporta mecanicamente.
O psicólogo russo Pavlov e o psicólogo norte-americano Skinner estão 99,9% certos com respeito ao homem: eles acham que o homem é uma belíssima máquina e ponto final. Não existe nenhuma alma nele.
Eu disse que eles estão 99.9% certos; só deixam de estar completamente certos por uma margem muito pequena. Essa margem pequena são os budas, os que já despertaram. Mas os psicólogos estão perdoados, afinal Pavlov nunca cruzou com nenhum buda — cruzou, isto sim, com milhões de pessoas como você.
Skinner estudava os homens e os ratos e não achou nenhuma diferença entre eles. Os ratos são seres simples, só isso; o homem é ligeiramente mais complicado. O homem é uma máquina extremamente sofisticada, os ratos são máquinas simples. É mais fácil estudar os ratos; é por isso que os psicólogos continuam estudando os ratos.
Estudam os ratos e chegam a conclusões a respeito dos homens — e as conclusões a que chegam estão quase certas. Eu disse "quase", repare, pois a décima parte de 1% é o fenômeno mais importante que já aconteceu. Buda, Jesus, Maomé — essas poucas pessoas despertas são o verdadeiro homem.
Mas onde Skinner vai encontrar um buda? Com certeza, não nos Estados Unidos...
Eu ouvi um homem perguntar a um rabino: — Por que Jesus não preferiu nascer no século XX, nos Estados Unidos?
O rabino deu de ombros e disse: — Nos Estados Unidos? Seria impossível. Onde ele acharia uma virgem, para começar? Depois, onde ele encontraria três homens sábios?
Onde B. F. Skinner iria encontrar um buda? E mesmo que ele encontrasse, seus preconceitos, suas ideias preconcebidas não deixariam que ele o enxergasse. Skinner continuaria enxergando só os seus ratos. Não conseguiria entender nada que os ratos não soubessem fazer. No entanto, ratos não meditam, não se tornam iluminados.
E, segundo o conceito de Skinner, o homem é só uma forma ampliada de rato. Ainda assim repito que ele está certo com respeito à grande maioria das pessoas; suas conclusões não estão erradas, e os budas concordariam com ele no que diz respeito à chamada humanidade normal.
A humanidade normal está profundamente adormecida. Nem os animais estão tão adormecidos.
Osho, em "Consciência: A Chave Para Viver em Equilíbrio
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