skip to main | skip to sidebar

transcendendo.......

O silêncio fala mais que mil palavras. O silêncio enche o ar de vibrações que nenhum som é capaz de produzir. Quando nos quedamos diante de nós mesmos e deixamos que a nossa alma flua, não necessitamos de palavras. O silêncio, que a tudo imobiliza, inunda o coração e fala por nós. Por mais que as palavras sejam maravilhosas, as rimas por vezes se quebram e se transformam em soluços. Então, o silêncio pode ser a máxima expressão do nosso íntimo. (Lisieux)

terça-feira, 17 de julho de 2012





O Poeta


Sou um estrangeiro neste mundo.

Sou um estrangeiro, e há na vida do estrangeiro uma solidão pesada e um isolamento doloroso. Sou assim levado a pensar sempre numa pátria encantada que não conheço, e a sonhar com os sortilégios de uma terra longínqua que nunca visitei.

Sou um estrangeiro para minha alma. Quando minha língua fala, meu ouvido estranha-lhe a voz. Quando meu Eu interior ri ou chora, ou se entusiasma, ou treme, meu outro Eu estranha o que ouve e vê, e minha alma interroga minha alma. Mas permaneço desconhecido e oculto, velado pelo nevoeiro, envolto no silêncio.

Sou um estrangeiro para o meu corpo. Todas as vezes que me olho num espelho, vejo no meu rosto algo que minha alma não sente, e percebo nos meus olhos algo que minhas profundezas não reconhecem.

Quando caminho nas ruas da cidade, os meninos me seguem gritando: “Eis o cego, demos-lhe um cajado que o ajude.” Fujo deles. Mas encontro outro grupo de moças que me seguram pelas abas da roupa, dizendo: “É surdo como a pedra. Enchamos seus ouvidos com canções de amor e desejo.” Deixo-as correndo. Depois, encontro um grupo de homens que me cercam, dizendo: “É mudo como um túmulo, vamos endireitar-lhe a língua.” Fujo deles com medo. E encontro um grupo de anciãos que apontam para mim com dedos trêmulos, dizendo: “É um louco que perdeu a razão ao freqüentar as fadas e os feiticeiros.”

Sou um estrangeiro neste mundo.

Sou um estrangeiro e já percorri o mundo do Oriente ao Ocidente sem encontrar minha terra natal, nem quem me conheça ou se lembre de mim.

Acordo pela manhã, e acho-me prisioneiro num antro escuro, freqüentado por cobras e insetos. Se sair à luz, a sombra de meu corpo me segue, e as sombras de minha alma me precedem, levando-me aonde não sei, oferecendo-me coisas de que não preciso, procurando algo que não entendo. E quando chega a noite, volto para a casa e deito-me numa cama feita de plumas de avestruz e de espinhos dos campos.

Idéias estranhas atormentam minha mente, e inclinações diversas, perturbadoras, alegres, dolorosas, agradáveis. À meia-noite, assaltam-me fantasmas de tempos idos. E almas de nações esquecidas me fitam. Interrogo-as, recebendo por toda resposta um sorriso. Quando procuro segura-las, fogem de mim e desvanecem-se como fumaça.

Sou um estrangeiro neste mundo.

Sou um estrangeiro e não há no mundo quem conheça uma única palavra do idioma de minha alma...

Caminho na selva inabitada e vejo os rios correrem e subirem do fundo dos vales ao cume das montanhas. E vejo as árvores desnudas se cobrirem de folhas num só minuto. Depois, suas ramas caem no chão e se transformam em cobras pintalgadas.

E as aves do céu voam, pousam, cantam, gorgeiam e depois param, abrem as asas e viram mulheres nuas, de cabelos soltos e pescoços esticados. E olham para mim com paixão e sorriem com sensualidade. E estendem suas mãos brancas e perfumadas. Mas, de repente, estremecem e somem como nuvens, deixando o eco de risos irônicos.

Sou um estrangeiro neste mundo.

Sou um poeta que põe em prosa o que a vida põe em versos, e em versos o que a vida põe em prosa. Por isto, permanecerei um estrangeiro até que a morte me rapte e me leve para minha pátria.
Gibran Khalil Gibran
Postado por Liliam Padilha Ferreira às 00:13

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem mais recente » « Postagem mais antiga Página inicial
Assinar: Postar comentários (Atom)

Atalho do Facebook

Liliam Padilha

Criar seu atalho

FUI INDICADO

FUI INDICADO

quem sou eu

Minha foto
Liliam Padilha Ferreira
Recife, PE, Brazil
alguem em constante metamorfose
Ver meu perfil completo

o verdadeiro eu

o verdadeiro eu
transcendendo o ego

BRASÃO DA FAMIÍLIA PADILHA

BRASÃO DA FAMIÍLIA PADILHA
ESPANHA-PORTUGAL

BRASÃO DA FAMILIA FERREIRA

BRASÃO DA FAMILIA FERREIRA
PORTUGAL

TRANSCENDENDO

TRANSCENDENDO
EU PREFIRO SER UMA METAMORFOSE AMBULANTE, DO QUE TER AQUELA VELHA OPINIÃO FORMADA SOBRE TUDO.........
Powered By Blogger

ordem das postagens

  • ►  2014 (2)
    • ►  abril (2)
  • ►  2013 (1)
    • ►  março (1)
  • ▼  2012 (47)
    • ▼  julho (5)
      • O Louco Como me tornei um louco perguntas-me...
      • O PoetaSou um estrangeiro neste mundo.Sou u...
      • LINDO ! TRANSCENDENTE ........
      • Da natureza da maldade humana O suíço Jean-Jacqu...
      • DECÁLOGO DOS VAMPIROSPostado por JORGE LUIZ DE...
    • ►  junho (3)
    • ►  maio (4)
    • ►  abril (11)
    • ►  março (10)
    • ►  fevereiro (3)
    • ►  janeiro (11)
  • ►  2011 (249)
    • ►  dezembro (7)
    • ►  novembro (4)
    • ►  outubro (13)
    • ►  setembro (21)
    • ►  agosto (33)
    • ►  julho (19)
    • ►  junho (19)
    • ►  maio (24)
    • ►  abril (24)
    • ►  março (23)
    • ►  fevereiro (34)
    • ►  janeiro (28)
  • ►  2010 (299)
    • ►  dezembro (11)
    • ►  novembro (4)
    • ►  outubro (23)
    • ►  setembro (27)
    • ►  agosto (21)
    • ►  julho (50)
    • ►  junho (66)
    • ►  maio (21)
    • ►  abril (32)
    • ►  março (32)
    • ►  fevereiro (4)
    • ►  janeiro (8)
  • ►  2009 (42)
    • ►  dezembro (12)
    • ►  outubro (11)
    • ►  setembro (15)
    • ►  julho (1)
    • ►  junho (3)

postagens

  • OUTONO (7)

Seguidores

experiencias holisticas

Inscrever-se

Postagens
Atom
Postagens
Comentários
Atom
Comentários
 
Copyright © transcendendo........ All rights reserved.
Blogger templates created by Templates Block
Wordpress theme by Uno Design Studio