Projeto Reler
OS FLUÍDOS
“... e quando semeias, não semeias o corpo que há de ser, mas o simples grão, como de trigo ou de qualquer outra semente. Mas Deus dá o corpo como lhe aprouve dar e a cada uma das sementes, o seu corpo apropriado. Nem toda carne é a mesma; porém uma é a carne dos homens, outra a dos animais, outra a das aves, outra a dos peixes. Também há corpos celestiais e corpos terrestres; e, sem dúvida, uma é a glória dos celestiais e outra, a dos terrestres. Uma é a glória do sol, outra a glória da lua, outra a das estrelas; porque até entre as estrelas há diferenças de esplendor” - (I Coríntios, cap. 15 - 37 a 41).
CONSIDERAÇÕES
Um dos grandes mistérios que a Ciência humana procura esclarecer é o da existência de uma matéria básica universal, capaz de servir como ponto de partida para a origem dos elementos físicos conhecidos. Embora pesquisadores em todo o mundo tenham se empenhado no estudo da estrutura íntima dos átomos, ainda não se conseguiu encontrar esse elemento básico primitivo. Acredita-se que o Universo, em seu lado material, tenha uma idade calculada aproximadamente entre 9 e 16 bilhões de anos. Estudos modernos afirmam que no princípio todos os elementos materiais estavam reunidos num só “ponto”, sob uma pressão incalculável. Num dado momento, esse ponto teria explodido, dispersando matéria pelo espaço, dando origem às nebulosas, aos sistemas estelares, aos planetas e aos astros. O Universo, de acordo com a física moderna, continua a se expandir e não se sabe até quando continuará neste processo. A Ciência entende que, encontrando o elemento material primitivo, estaria frente à solução de muitos mistérios sobre a origem das coisas. No século XIX, quando começaram as manifestações dos Espíritos, eles revelaram uma teoria onde explicavam de forma racional a origem das coisas materiais e espirituais. Diziam que havia por toda a Criação um elemento primitivo etéreo, denominado “fluido universal”, e que todos os elementos materiais conhecidos seriam formas modificadas deste fluido. Alguns cientistas no passado pesquisaram a matéria básica, também denominada “éter”, mas não conseguiram convencer os meios científicos de sua existência. A Ciência não podia compreender a presença, no espaço, de uma matéria tão sutil que não fosse detectada pelos instrumentos existentes. O Espiritismo, através dos fenômenos de efeitos físicos, demonstrou a existência do fluido universal, base de todos os elementos materiais.
FLUIDO UNIVERSAL
O fluido universal é a matéria básica fundamental de todo o Universo material e espiritual, a matéria elementar primitiva. É altamente influenciável pelo pensamento (que é uma forma de energia), podendo se modificar, assumir formas e propriedades particulares. A ação do Pensamento Divino sobre o fluido universal deu origem às nebulosas, aos sistemas estelares, aos planetas e astros. É nessa matéria fluídica que o Criador executa o plano existencial. O fluido universal preenche todo o espaço existente entre os mundos. Por meio dele viajam as ondas do pensamento, do mesmo modo que as ondas sonoras se projetam na camada atmosférica.
Em torno dos planetas, o fluido universal apresenta-se modificado. A presença da vida no orbe impõe-lhe características especiais, pois que é alterado pela atividade mental dos habitantes. Assim, nos mundos mais primitivos, o fluido universal que os circunda apresenta-se escuro e pesado. Nos mundos mais civilizados, a atmosfera espiritual é mais leve e luminosa. Para melhor compreensão, pode-se dizer que esse princípio elementar tem dois estados distintos: o da imponderabilidade ou de eterização (estado normal primitivo), e o de ponderabilidade ou de materialização. Ao primeiro estado pertencem os fenômenos do mundo invisível e ao segundo os do mundo visível. Logicamente entre os dois pontos existem inúmeras formas intermediárias de transformação do fluido em matéria tangível. No estudo deste importante assunto poderemos entender a origem de muitas afeções do ser humano e os fundamentos da fluidoterapia, largamente empregada nos centros espíritas, na profilaxia e tratamento das enfermidades físicas e espirituais.
“No estado de eterizarão, o fluido universal não é uniforme; sem cessar de ser etéreo, passa por modificações tão variadas em seu gênero, e mais numerosas talvez, do que no estado de matéria tangível. Tais modificações constituem fluidos distintos que, se bem sejam procedentes do mesmo princípio, são dotados de propriedades especiais, e dão lugar aos fenômenos particulares do mundo invisível. Uma vez que tudo é relativo, esses fluidos têm para os Espíritos, que em si mesmo são fluídicos, uma aparência material quanto a dos objetos tangíveis para os encarnados, e são para eles o que para nós são as substâncias do mundo terrestre; eles as elaboram, as combinam para produzir efeitos determinados como o fazem os homens com seus materiais, embora usando processos diferentes” - (Allan Kardec - A Gênese, cap. XIV, item 3).
FLUIDO VITAL
Os Espíritos afirmam que uma das modificações mais importantes do fluido universal é o fluido vital. Ele é o responsável pela força motriz que movimenta os corpos vivos. Sem ele, a matéria é inerte. Podemos dizer que ele é responsável pela animalização da matéria, pois, segundo os Espíritos, a vida é resultado da ação de um agente sobre a matéria. Esse agente é o fluido vital. É ele que dá vida a todos os seres que o absorvem e assimilam. A matéria sem ele não tem vida assim como ele sem a matéria não é vida. Quando os seres orgânicos perdem a vitalidade, por ocasião da morte, a matéria se decompõe formando novos corpos e o fluido vital volta à massa, ao todo universal, para novas combinações e utilizações no Universo. Cada ser tem uma quantidade de fluido vital, de acordo com suas necessidades. As variações dependem de um série de fatores. Allan Kardec nos instrui sobre o assunto em O Livro dos Espíritos, pergunta 70:
“A quantidade de fluido vital não é a mesma em todos os seres orgânicos:
varia segundo as espécies e não é constante no mesmo indivíduo, nem nos vários indivíduos de uma mesma espécie. Há os que estão, por assim dizer, saturados de fluido vital, enquanto outros o possuem apenas em quantidade suficiente. É por isso que uns são mais ativos, mais enérgicos, e de certa maneira, de vida superabundante.
A quantidade de fluido vital se esgota. Pode tornar-se incapaz de entreter a vida, se não for renovada pela absorção e assimilação de substâncias que o contêm.
O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que o tem em maior quantidade pode dá-lo ao que tem menos, e em certos casos fazer voltar uma vida prestes a extinguir-se”.
Estudando esses fundamentos à luz do Espiritismo, chegamos à compreensão de muitas coisas simples que nos pareciam complicadas e irreais, como por exemplo a citação de Moisés na Bíblia sobre a origem do homem. Diz ele: “ Deus formou o corpo do homem do limo da terra e lhe deu uma alma vivente à sua semelhança”. Ele estava certo, pois queria dizer que o corpo material era formado dos mesmos elementos que tinham servido para formar o pó da terra. A “alma vivente à sua semelhança” é o princípio inteligente ou espiritual retirado da essência divina, fazendo grande distinção entre o material e o espiritual.
O homem pode manter o equilíbrio de sua saúde vital através da alimentação, da respiração de ar não poluído e, acima disso, mantendo uma conduta mental sadia. O Princípio vital é a lei que rege a existência do fluido vital.
ATMOSFERA FLUÍDICA
“Os maus pensamentos corrompem os fluidos espirituais, como os miasmas deletérios corrompem o ar respirável” - (Allan Kardec - A Gênese, cap. XIV, item 16).
Vimos que o pensamento exerce uma poderosa influência nos fluidos espirituais, modificando suas características básicas. Os pensamentos bons impõem-lhes luminosidade e vibrações elevadas que causam conforto e sensação de bem estar às pessoas sob sua influência. Os pensamentos maus provocam alterações vibratórias contrárias às citadas acima. Os fluidos ficam escuros e sua ação provoca mal estar físico e psíquico.
Pode-se concluir assim, que em torno de uma pessoa, de uma família, de uma cidade, de uma nação ou planeta, existe uma atmosfera espiritual fluídica, que varia vibratoriamente, segundo a natureza moral dos Espíritos envolvidos.
À atmosfera fluídica associam-se seres desencarnados com tendências morais e vibratórias semelhantes. Por esta razão, os Espíritos superiores recomendam que nossa conduta, nas relações com a vida, seja a mais elevada possível. Uma criatura que vive entregue ao pessimismo e aos maus pensamentos, tem em volta de si uma atmosfera espiritual escura, da qual aproximam-se Espíritos doentios. A angústia, a tristeza e a desesperança aparecem, formando um quadro físico-psíquico deprimente, que pode ser modificado sob a orientação dos ensinos morais de Jesus.
“A ação dos Espíritos sobre os fluidos espirituais tem conseqüências de importância direta e capital para os encarnados. Desde o instante em que tais fluidos são o veículo do pensamento; que o pensamento lhes pode modificar as propriedades, é evidente que eles devem estar impregnados das qualidades boas ou más, dos pensamentos que os colocam em vibração, modificados pela pureza ou impureza dos sentimentos” - (Allan Kardec - A Gênese, cap. XIV, item 16).
À medida que cresce através do conhecimento, o homem percebe que suas mazelas, tanto físicas quanto espirituais, é diretamente proporcional ao seu grau evolutivo e que ele pode mudar esse estado de coisas, modificando-se moralmente. Aliando-se a boas companhias espirituais através de seus bons pensamentos, poderá estabelecer uma melhor atmosfera fluídica em torno de si e, consequentemente, do ambiente em que vive. Resumindo, todos somos responsáveis pelo estado de dificuldades morais que vive o planeta atualmente.
“Melhorando-se, a humanidade verá depurar-se a atmosfera fluídica em cujo meio vive, porque não lhe enviará senão bons fluidos, e estes oporão uma barreira à invasão dos maus. Se um dia a Terra chegar a não ser povoada senão por homens que, entre si, praticam as leis divinas do amor e da caridade, ninguém duvida que não se encontrem em condições de higiene física e moral completamente outras que as hoje existentes” - (Allan Kardec - Revista Espírita, Maio, 1867).
O PERISPÍRITO
Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual” - (Coríntios I, cap. 15, versículo 44). Sabe-se que a alma é revestida por um envoltório ou corpo fluídico, chamado perispírito, constituído das modificações do fluido universal. É, por assim dizer, uma condensação do fluido cósmico em redor do foco de inteligência ou alma, deduzindo-se daí que o corpo perispiritual e o corpo humano têm sua fonte no mesmo fluido, posto que sob dois estados diferentes. O perispírito, ou corpo astral, pode ser definido como um veículo intermediário entre o Espírito e a matéria. É o agente das sensações externas. Paulo de Tarso, na Bíblia, chamou-o corpo espiritual. O Espírito, quando encarnado, não age diretamente sobre os corpos materiais. Sua natureza abstrata não o permite. O perispírito é o laço que serve de elo entre ambos, pois, enquanto de um lado sofre a influência do pensamento, do outro exerce contato com a matéria. É o perispírito quem transmite as ordens conscientes e inconscientes do Espírito para a atuação do corpo físico. No sentido contrário, o corpo astral leva as sensações captadas pelo corpo físico à apreciação da alma. a) Constituição do perispírito O corpo espiritual é de natureza semimaterial, constituído de uma modificação do fluido universal do orbe onde o Espírito está encarnado. A estrutura do perispírito varia de mundo para mundo.
Quanto mais evoluído é o planeta, mais sutil é o corpo fluídico dos que nele vivem. O perispírito modifica-se de acordo com a evolução do Espírito. Isso se dá por causa da influência do pensamento da entidade, na estrutura molecular do corpo espiritual. Diz Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, pergunta 182: “À medida que o Espírito se purifica o corpo que o reveste aproxima-se igualmente da natureza espírita”.
O perispírito não é uma massa homogênea. Possui órgãos como o corpo físico e centros vitais, por onde são absorvidas as energias espirituais. Segundo as provas que certos Espíritos devem passar em suas encarnações, o corpo astral poderá exercer influência na formação do corpo carnal, dando origem a enfermidades ou anomalias orgânicas. O perispírito é altamente plasmável. Quando o Espírito está em liberdade, pode mudá-lo de forma pela ação da sua vontade. Esta propriedade explica as freqüentes referências às aparições de seres angelicais e demoníacos, narradas na história da humanidade.
As aparições de Espíritos são chamadas “materializações”. Nesses fenômenos, o que se vê é o perispírito da criatura manifesta e não o Espírito, como pensam alguns. b) Funções do perispírito Quando migra de um mundo para outro, o Espírito troca de perispírito como se trocasse de roupa, pois seu corpo espiritual é formado de uma variação do fluido universal, existente em torno do planeta onde encarna. O corpo fluídico reflete as experiências da entidade, mas não é a sede da memória. O perispírito registra as experiências vividas pela criatura e as envia ao “sensorium comune” do Espírito (que é o próprio Espírito), arquivo definitivo de todas as passagens da entidade pelo processo evolutivo. Sabe-se que os fluidos são o veículo do pensamento do Espírito e que este pode imprimir naqueles as características que lhe aprouver, com a força de sua vontade, exercendo sobre a matéria a ação resultante desta atuação. É através do perispírito que se dá essa ação na matéria. Funciona, portanto, como uma esponja que absorve do meio as emanações fluídicas boas ou más existentes nele. Deduz-se daí a origem de certos processos de enfermidades, como também compreende-se os mecanismos da cura através da fluidoterapia. O perispírito tem importante papel nos fenômenos psicológicos, fisiológicos e patológicos. Quando a Medicina humana der abertura aos conhecimentos da Ciência Espírita, ela abrirá novos horizontes para uma abordagem e um tratamento mais completos das moléstias orgânicas e psíquicas. O Espiritismo contribuirá com as técnicas de manipulação das energias para revitalizar o corpo astral e fornecerá elementos morais educativos, necessários ao equilíbrio definitivo do ser.
“O perispírito dos encarnados é de natureza idêntica à dos fluidos espirituais, e por isso os assimila com facilidade, como a esponja se embebe de líquido. Esses fluidos têm sobre o perispírito uma ação tanto mais direta, quanto, por sua expansão e por sua irradiação, se confunde com eles” - (Allan Kardec - A Gênese, cap. XIV, item 18
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