quinta-feira, 27 de maio de 2010
terça-feira, 25 de maio de 2010
- OSHO * ALÉM DAS FRONTEIRAS DA MENTE
Texto 1 - EGO, O FALSO CENTRO
"O primeiro ponto a ser compreendido é o ego.
Uma criança nasce sem qualquer conhecimento, sem qualquer consciência de seu próprio eu. E quando uma criança nasce, a primeira coisa da qual ela se torna consciente não é ela mesma; a primeira coisa da qual ela se torna consciente é o outro. Isso é natural, porque os olhos se abrem para fora, as mãos tocam os outros, os ouvidos escutam os outros, a língua saboreia a comida e o nariz cheira o exterior. Todos esses sentidos abrem-se para fora. O nascimento é isso.
Nascimento significa vir a esse mundo: o mundo exterior. Assim, quando uma criança nasce, ela nasce nesse mundo. Ela abre os olhos e vê os outros. O outro significa o tu.
Ela primeiro se torna consciente da mãe. Então, pouco a pouco, ela se torna consciente de seu próprio corpo. Esse também é o 'outro', também pertence ao mundo. Ela está com fome e passa a sentir o corpo; quando sua necessidade é satisfeita, ela esquece o corpo. É dessa maneira que a criança cresce.
Primeiro ela se torna consciente do você, do tu, do outro, e então, pouco a pouco, contrastando com você, com tu, ela se torna consciente de si mesma.
Essa consciência é uma consciência refletida. Ela não está consciente de quem ela é. Ela está simplesmente consciente da mãe e do que ela pensa a seu respeito. Se a mãe sorri, se a mãe aprecia a criança, se diz 'você é bonita', se ela a abraça e a beija, a criança sente-se bem a respeito de si mesma. Assim, um ego começa a nascer.
Através da apreciação, do amor, do cuidado, ela sente que é ela boa, ela sente que tem valor, ela sente que tem importância. Um centro está nascendo. Mas esse centro é um centro refletido. Ele não é o ser verdadeiro. A criança não sabe quem ela é; ela simplesmente sabe o que os outros pensa a seu respeito.
E esse é o ego: o reflexo, aquilo que os outros pensam. Se ninguém pensa que ela tem alguma utilidade, se ninguém a aprecia, se ninguém lhe sorri, então, também, um ego nasce - um ego doente, triste, rejeitado, como uma ferida, sentindo-se inferior, sem valor. Isso também é ego. Isso também é um reflexo.
Primeiro a mãe. A mãe, no início, significa o mundo. Depois os outros se juntarão à mãe, e o mundo irá crescendo. E quanto mais o mundo cresce, mais complexo o ego se torna, porque muitas opiniões dos outros são refletidas.
O ego é um fenômeno cumulativo, um subproduto do viver com os outros. Se uma criança vive totalmente sozinha, ela nunca chegará a desenvolver um ego. Mas isso não vai ajudar. Ela permanecerá como um animal. Isso não significa que ela virá a conhecer o seu verdadeiro eu, não.
O verdadeiro só pode ser conhecido através do falso, portanto, o ego é uma necessidade. Temos que passar por ele. Ele é uma disciplina. O verdadeiro só pode ser conhecido através da ilusão. Você não pode conhecer a verdade diretamente. Primeiro você tem que conhecer aquilo que não é verdadeiro. Primeiro você tem que encontrar o falso. Através desse encontro, você se torna capaz de conhecer a verdade. Se você conhece o falso como falso, a verdade nascerá em você.
O ego é uma necessidade; é uma necessidade social, é um subproduto social. A sociedade significa tudo o que está ao seu redor, não você, mas tudo aquilo que o rodeia. Tudo, menos você, é a sociedade. E todos refletem. Você irá à escola e o professor refletirá quem você é. Você fará amizade com as outras crianças e elas refletirão quem você é. Pouco a pouco, todos estarão adicionando algo ao seu ego, e todos estarão tentando modificá-lo, de modo que você não se torne um problema para a sociedade.
Eles não estão interessados em você. Eles estão interessados na sociedade. A sociedade está interessada nela mesma, e é assim que deveria ser. Eles não estão interessados no fato de que você deveria se tornar um conhecedor de si mesmo. Interessa-lhes que você se torne uma peça eficiente no mecanismo da sociedade. Você deveria ajustar-se ao padrão.
Assim, estão interessados em dar-lhe um ego que se ajuste à sociedade. Ensinam-lhe a moralidade. Moralidade significa dar-lhe um ego que se ajuste à sociedade. Se você for imoral, você será sempre um desajustado em um lugar ou outro...
Moralidade significa simplesmente que você deve se ajustar à sociedade. Se a sociedade estiver em guerra, a moralidade muda. Se a sociedade estiver em paz, existe uma moralidade diferente. A moralidade é uma política social. É diplomacia. E toda criança deve ser educada de tal forma que ela se ajuste à sociedade; e isso é tudo, porque a sociedade está interessada em membros eficientes. A sociedade não está interessada no fato de que você deveria chegar ao auto-conhecimento.
A sociedade cria um ego porque o ego pode ser controlado e manipulado. O eu nunca pode ser controlado e manipulado. Nunca se ouviu dizer que a sociedade estivesse controlando o eu - não é possível.
E a criança necessita de um centro; a criança está absolutamente inconsciente de seu próprio centro. A sociedade lhe dá um centro e a criança pouco a pouco fica convencida de que esse é o seu centro, o ego dado pela sociedade.
Uma criança volta para casa. Se ela foi o primeiro lugar de sua sala, a família inteira fica feliz. Você a abraça e beija; você a coloca sobre os ombros e começa a dançar e diz 'que linda criança! você é um motivo de orgulho para nós.' Você está dando um ego para ela, um ego sutil. E se a criança chega em casa abatida, fracassada, foi um fiasco na sala - ela não passou de ano ou tirou o último lugar, então ninguém a aprecia e a criança se sente rejeitada. Ela tentará com mais afinco na próxima vez, porque o centro se sente abalado.
O ego está sempre abalado, sempre à procura de alimento, de alguém que o aprecie. E é por isso que você está continuamente pedindo atenção.
Você obtém dos outros a idéia de quem você é. Não é uma experiência direta.
É dos outros que você obtém a idéia de quem você é. Eles modelam o seu centro. Mas esse centro é falso, enquanto que o centro verdadeiro está dentro de você. O centro verdadeiro não é da conta de ninguém. Ninguém o modela. Você vem com ele. Você nasce com ele.
Assim, você tem dois centros. Um centro com o qual você vem, que lhe é dado pela própria existência. Esse é o eu. E o outro centro, que é criado pela sociedade - o ego. Esse é algo falso - é um grande truque. Através do ego a sociedade está controlando você. Você tem que se comportar de uma certa maneira, porque somente assim a sociedade irá apreciá-lo. Você tem que caminhar de uma certa maneira; você tem que rir de uma certa maneira; você tem que seguir determinadas condutas, uma moralidade, um código. Somente assim a sociedade o apreciará, e se ela não o fizer, o seu ego ficará abalado. E quando o ego fica abalado, você já não sabe onde está, você já não sabe quem você é.
Os outros deram-lhe a idéia. E essa idéia é o ego. Tente entendê-lo o mais profundamente possível, porque ele tem que ser jogado fora. E a não ser que você o jogue fora, nunca será capaz de alcançar o eu. Por estar viciado no falso centro, você não pode se mover, e você não pode olhar para o eu. E lembre-se: vai haver um período intermediário, um intervalo, quando o ego estará se despedaçando, quando você não saberá quem você é, quando você não saberá para onde está indo; quando todos os limites se dissolverão. Você estará simplesmente confuso, um caos.
Devido a esse caos, você tem medo de perder o ego. Mas tem que ser assim. Temos que passar através do caos antes de atingir o centro verdadeiro. E se você for ousado, o período será curto. Se você for medroso e novamente cair no ego, e novamente começar a ajeitá-lo, então, o período pode ser muito, muito longo; muitas vidas podem ser desperdiçadas...
Até mesmo o fato de ser infeliz lhe dá a sensação de "eu sou". Afastando-se do que é conhecido, o medo toma conta; você começa sentir medo da escuridão e do caos - porque a sociedade conseguiu clarear uma pequena parte de seu ser... É o mesmo que penetrar numa floresta. Você faz uma pequena clareira, você limpa um pedaço de terra, você faz um cercado, você faz uma pequena cabana; você faz um pequeno jardim, um gramado, e você sente-se bem. Além de sua cerca - a floresta, a selva. Mas aqui dentro tudo está bem: você planejou tudo.
Foi assim que aconteceu. A sociedade abriu uma pequena clareira em sua consciência. Ela limpou apenas uma pequena parte completamente, e cercou-a. Tudo está bem ali. Todas as suas universidades estão fazendo isso. Toda a cultura e todo o condicionamento visam apenas limpar uma parte, para que ali você possa se sentir em casa.
E então você passa a sentir medo. Além da cerca existe perigo.
Além da cerca você é, tal como você é dentro da cerca - e sua mente consciente é apenas uma parte, um décimo de todo o seu ser. Nove décimos estão aguardando no escuro. E dentro desses nove décimos, em algum lugar, o seu centro verdadeiro está oculto.
Precisamos ser ousados, corajosos. Precisamos dar um passo para o desconhecido.
Por um certo tempo, todos os limite ficarão perdidos. Por um certo tempo, você vai se sentir atordoado. Por um certo tempo, você vai se sentir muito amedrontado e abalado, como se tivesse havido um terremoto.
Mas se você for corajoso e não voltar para trás, se você não voltar a cair no ego, mas for sempre em frente, existe um centro oculto dentro de você, um centro que você tem carregado por muitas vidas. Esse centro é a sua alma, o eu.
Uma vez que você se aproxime dele, tudo muda, tudo volta a se assentar novamente. Mas agora esse assentamento não é feito pela sociedade. Agora, tudo se torna um cosmos e não um caos, nasce uma nova ordem. Mas essa não é a ordem da sociedade - essa é a própria ordem da existência.
É o que Buda chama de Dhamma, Lao Tzu chama de Tao, Heráclito chama de Logos. Não é feita pelo homem. É a própria ordem da existência. Então, de repente tudo volta a ficar belo, e pela primeira vez, realmente belo, porque as coisas feitas pelo homem não podem ser belas. No máximo você pode esconder a feiúra delas, isso é tudo. Você pode enfeitá-las, mas elas nunca podem ser belas...
O ego tem uma certa qualidade: a de que ele está morto. Ele é de plástico. E é muito fácil obtê-lo, porque os outros o dão a você. Você não precisa procurar por ele; a busca não é necessária. Por isso, a menos que você se torne um buscador à procura do desconhecido, você ainda não terá se tornado um indivíduo. Você é simplesmente mais um na multidão. Você é apenas uma turba. Se você não tem um centro autêntico, como pode ser um indivíduo?
O ego não é individual. O ego é um fenômeno social - ele é a sociedade, não é você. Mas ele lhe dá um papel na sociedade, uma posição na sociedade. E se você ficar satisfeito com ele, você perderá toda a oportunidade de encontrar o eu. E por isso você é tão infeliz. Como você pode ser feliz com uma vida de plástico? Como você pode estar em êxtase ser bem-aventurado com uma vida falsa? E esse ego cria muitos tormentos. O ego é o inferno. Sempre que você estiver sofrendo, tente simplesmente observar e analisar, e você descobrirá que, em algum lugar, o ego é a causa do sofrimento. E o ego segue encontrando motivos para sofrer...
E assim as pessoas se tornam dependentes, umas das outras. É uma profunda escravidão. O ego tem que ser um escravo. Ele depende dos outros. E somente uma pessoa que não tenha ego é, pela primeira vez, um mestre; ele deixa de ser um escravo.
Tente entender isso. E comece a procurar o ego - não nos outros, isso não é da sua conta, mas em você. Toda vez que se sentir infeliz, imediatamente feche os olhos e tente descobrir de onde a infelicidade está vindo, e você sempre descobrirá que o falso centro entrou em choque com alguém.
Você esperava algo e isso não aconteceu. Você espera algo e justamente o contrário aconteceu - seu ego fica estremecido, você fica infeliz. Simplesmente olhe, sempre que estiver infeliz, tente descobrir a razão.
As causas não estão fora de você.
A causa básica está dentro de você - mas você sempre olha para fora, você sempre pergunta: 'Quem está me tornando infeliz?' 'Quem está causando a minha raiva?' 'Quem está causando a minha angústia?'
Se você olhar para fora, você não perceberá. Simplesmente feche os olhos e sempre olhe para dentro. A origem de toda a infelicidade, da raiva e da angústia, está oculta dentro de você, é o seu ego.
E se você encontrar a origem, será fácil ir além dela. Se você puder ver que é o seu próprio ego que lhe causa problemas, você vai preferir abandoná-lo - porque ninguém é capaz de carregar a origem da infelicidade, uma vez que a tenha entendido.
Mas lembre-se, não há necessidade de abandonar o ego. Você não o pode abandonar. E se você tentar abandoná-lo, simplesmente estará conseguindo um outro ego mais sutil, que diz: 'tornei-me humilde'...
Todo o caminho em direção ao divino, ao supremo, tem que passar através desse território do ego. O falso tem que ser entendido como falso. A origem da miséria tem que ser entendida como a origem da miséria - então ela simplesmente desaparece. Quando você sabe que ele é o veneno, ele desaparece. Quando você sabe que ele é o fogo, ele desaparece. Quando você sabe que esse é o inferno, ele desaparece.
E então você nunca diz: 'eu abandonei o ego'. Você simplesmente irá rir de toda essa história, dessa piada, pois você era o criador de toda essa infelicidade...
É difícil ver o próprio ego. É muito fácil ver o ego nos outros. Mas esse não é o ponto, você não os pode ajudar.
Tente ver o seu próprio ego. Simplesmente o observe.
Não tenha pressa em abandoná-lo, simplesmente o observe. Quanto mais você observa, mais capaz você se torna. De repente, um dia, você simplesmente percebe que ele desapareceu. E quando ele desaparece por si mesmo, somente então ele realmente desaparece. Porque não existe outra maneira. Você não pode abandoná-lo antes do tempo. Ele cai exatamente como uma folha seca.
Quando você tiver amadurecido através da compreensão, da consciência, e tiver sentido com totalidade que o ego é a causa de toda a sua infelicidade, um dia você simplesmente vê a folha seca caindo... e então o verdadeiro centro surge.
E esse centro verdadeiro é a alma, o eu, o deus, a verdade, ou como quiser chamá-lo. Você pode lhe dar qualquer nome, aquele que preferir."
OSHO, Além das Fronteiras da Mente.
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É SEMPRE BOM SABER - PSICOLOGIZANDO E DAI !
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domingo, 23 de maio de 2010
HOMENAGEM A UMA GRANDE MULHER
Simone de Beauvoir e a emancipação da mulher
Leia mais
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» Classe média e existencialismo
Em 1857, a sociedade francesa escandalizou-se com a publicação de uma novela dramática de Gustave Flaubert. Tratava-se de um relato ficcional, escrito com crueza e realismo, sobre a esposa de um médico rural, Ema Bovary, que depois de ter praticado adultério se suicidara. Livro que serviu de velada condenação ao comportamento feminino e das forças que se combinavam por desgraçar a mulher. Quase um século depois, em 1949, a mesma sociedade foi novamente abalada, desta vez por um contundente ensaio publicado por uma das mais famosas escritoras do país: Simone de Beauvoir. O título era O Segundo Sexo, livro que desde então correu o mundo e contribuiu definitivamente para a emancipação da mulher contemporânea.
Uma crônica de lutas
Simone de Beauvoir (1908-1986)
Simone de Beauvoir, todavia, não deve ser entendia como um fenômeno exclusivo da sua época, do século XX, o centênio que mais estendeu cidadania e direitos às mulheres em geral. Ao contrário, era herdeira de uma tradição de engajamento nas causas femininas que se originava dos tempos da Revolução Francesa de 1789, quando mulheres como Theroigine de Méricourt, fundara o clube misto dos Amigos da Lei, em 1790, e Olympe de Gouges, redigira a Déclaration des droits de la femme et de la citoyenne, de 1791, documento histórico primeiro a reclamar abertamente os direitos iguais para homens e mulheres.
Exigência que foi ainda mais reforçada pela exuberante Flora Tristan, militante socialista, autora de Peregrinações de uma paria, de 1837, e do União Operária, de 1843, defensora da igualdade de operários e operárias, luta que teve continuidade na formação dos Batalhões Femininos da República que saíram às ruas da França na defesa do cumprimento da Lei Ferry, de 1881, que determinava ao acesso das mulheres ao ensino público.
Mesmo com esse ativismo militante, as mulheres francesas chegaram tardiamente à cidadania, apenas consagrada na constituição de 1946. Muito depois das americanas, inglesas, alemãs e russas que alcançaram o direito de voto bem antes delas, ao redor de 1918.
Um casal sui generis
Sartre e Simone
Simone-Ernestine-Lucie-Marie Bertrand de Beauvoir, nascida em Paris, em 9 de janeiro de 1908, apelidada de Castor pelos colegas da academia, egressa do Instituo Católico Santa Maria, foi a mais jovem estudante a ser aprovada nos rigorosos exames da Faculdade de Filosofia da Universidade de Sorbone, o aggrégation.
Graduou-se obtendo o diploma com uma tese sobre Leibniz. Não tardou a ligar-se a Jean-Paul Sartre, três anos mais velho do que ela, tido como uma das maiores promessas da filosofia francesa, com quem fez um pacto, ao redor do ano de 1929. Comprometeram-se os dois a ter uma relação aberta e dedicarem-se integralmente à literatura e à filosofia, abdicando de terem um lar e filhos. Tornaram-se para sempre devotos da palavra escrita, ao sacerdócio das letras e do pensamento.
Naquela época tal atitude assumida por pessoas da classe média, ainda que intelectualizada e culta, era vista simplesmente como um escândalo, quase uma abominação. Como uma jovem mulher que descendia do patriciado parisiense, cujo pai tinha veleidades de nobreza, podia simplesmente abdicar de vir a ser esposa e mãe?
Nomeada professora, Simone exerceu por pouco tempo o magistério em Marselha e depois em Ruão, onde ficou mais próxima de Sartre que assumira classes no porto atlântico do Le Havre. Não tardou para que ela conseguisse dedicar-se exclusivamente às letras, fazendo seu primeiro sucesso com o livro L´invitée (A Convidada), publicado em 1943, em plena França ocupada pelos nazistas. Desde aquele primeiro livro ela pautou sua ficção no sentido de expor o mundo que a cercava. As histórias que narrou ou tinham sido vividas por ela e por Sartre, evidentemente como nomes fictícios, ou por casos que os mais próximos lhe contavam.
A vida livre e um tanto boêmia que o reduzido grupo de intelectuais e escritores levava exerceu uma enorme atração junto ao público em geral, condenado a uma rotina apagada, anônima ou medíocre. Parecia que eles, os personagens de Simone, não se encontravam sujeitos às convenções, muito menos inclinados a seguir o rebanho. Viviam de acordo com regras muito próprias, tal como Simone e Sartre estabeleceram para si.
Encontravam-se a toda hora em reuniões fortuitas nos cafés da moda do Boulevard Saint-Germain – no Deux Magots e no Fiore - com romancistas, poetas, pintores, atores e atrizes, diretores de cinema e gente de teatro, entretendo-se horas ao lado de Pablo Picasso, Pierre Brasseur ou de Jean Cocteau.
Tão férteis eram tais encontros que Simone testemunhou que o começo do interesse de Jean-Paul Sartre pela fenomenologia, que mais tarde gerou o livro famoso dele intitulado O Ser e o Nada, deu-se num desses cafés de Paris quando Raymond Aron (que bem mais tarde tornou-se ideologicamente contrário a Sartre), recém voltando de Berlim, em 1931, disse-lhe que, segundo Husserl, era possível filosofar sobre um copo e o seu conteúdo. Era o estalo que ele precisava para ir em frente no seu estudo da unidade indivisa de mente-e-corpo e o mundo que a cerca, na busca da superação da dualidade entre a aparência(fenômeno) e a essência(nômeno), entre o Materialismo versus Idealismo.(*)
Esse planeta incomum dos intelectuais, artistas e boêmios, movido a livros, licores e vinhos, foi profundamente abalado pela eclosão da guerra em 1939, pela ocupação da França entre 1940-44, pela Resistência e, depois, pela Libertação. Quando então Paris, apesar das enormes dificuldades materiais do após-guerra, voltou a ser uma festa.
(*) Paulo Perdigão in Existência e Liberdade - Editora L&PM
Em meio à tormenta ideológica
O fim do conflito mundial abriu as portas para uma guerra de outro tipo. Encerrada a fase quente, a dos bombardeios e foguetes, o Ocidente e o Leste, ex-aliados, engalfinharam-se numa guerra fria. Foi um enfrentamento de ideologias, de propaganda e de idéias que fez com que, pelos quase meio século seguinte, a intelectualidade ocidental se posicionasse uns a favor dos Estados Unidos e seus aliados, outros defensores da União Soviética e do comunismo.
Na França, o cenário ideológico não se limitou apenas a divisão entre os partidos conservadores e liberais-democráticos de um lado, contra os socialista e comunista do outro, também no campo das idéias a inteligência teve que optar entre o Neotomismo (representado pelo filósofo católico Jacques Maritain), respaldado pela Igreja Católica(ligada estreitamente ao Papado), e pelas classes conservadoras em geral, e o Marxismo (doutrina ligada ao Partido Comunista francês atrelado à União Soviética), sustentado pela corporação sindical.
Duas potências que, por toda a França, não cessavam de se digladiar diariamente pelos jornais e pelos semanários, em ensaios e livros.
Buscando uma posição intermediária entre aqueles dois gigantes, um que se encerrava no Juízo Final e o outro na Revolução Social, o pequeno grupo que cercava Sartre e Simone decidiu ter uma revista própria, fundando para tanto, com apoio da editora Gallimard, o Le Temps Moderne (Tempos Modernos), em 1945.
Manifestando distância entre o catolicismo e o marxismo, o existencialismo, filosofia da liberdade, foi o caminho encontrado por eles naquela situação de um mundo dividido.
Classe média e existencialismo
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Os marxistas, como Georgy Luckás, acusavam o existencialismo de ser "uma ideologia pequeno-burguesa". Tinham razão. Quem se deixou fascinar pelas exposições das idéias de Sartre foi exatamente a gente da classe média, profissionais liberais, artistas, intelectuais, pessoas independentes de um modo geral, que não se identificavam mais com os valores tradicionais do catolicismo em que a maioria deles havia sido criada e educada.
Além disso, as instituições católicas, Igreja e Ordens Religiosas, haviam dado seu apoio ao regime colaboracionista do Marechal Petain (1940-1944) que caíra no opróbrio depois da derrota do nazi-fascismo em 1945. Por outro lado, devido sua condição social, não podiam igualmente se sentirem atraídas pelo marxismo ou pelo comunismo stalinista visto seu caráter coletivista e dogmático.
A obra de Sartre abria as portas para uma outra perspectiva, descolada das convenções e das limitações comportamentais burguesas do seu tempo. Neste sentido, avulta a importância da obra de Simone de Beauvoir que explorou literariamente os novos paradoxos surgidos da emancipação da classe média ilustrada dos valores tradicionais.
Ela, tal como Marcel Proust, fez daqueles que a cercavam – os personagens reais que circulavam no ambiente boêmio e artístico de Paris - a matéria-prima para grande parte das suas novelas e tema dos seus ensaios.
Eram as dúvidas deles, daquela pequena camada intelectualizada, cosmopolita e fluente, que uma das suas personagens chamou de "a coalizão", as dúvidas morais e embates ideológicos em que se envolviam, os casos sentimentais que os perturbavam, as amizades e desacertos deles, quem mereceram-lhe a atenção.
Sobre tudo aquilo Simone tratou com muito brilho, numa prosa fluente e sem interrupções, no seu premiado livro Les Mandarins (Os Mandarins), prêmio Goncourt de 1954.
O desafio deles concentrava-se em romper com as "convenções burguesas”, entendidas como mesquinhas e restritivas das potencialidades individuais. Ser existencialista era fazer o que se quisesse, "ainda que não a esmo", sem ficar preso ao disque-disque das pessoas ao redor. O padre e o "burguês" estavam na linha de frente do que desprezavam, bem mais do que ao comissário comunista.
Todavia, Simone não se deteve somente nisso, pois percebera que a situação das mulheres requeria um outro tipo de atenção que até então não conquistara o espaço merecido nas preocupações dos movimentos partidários modernos. Exceção feita aos militantes socialistas, sempre mais abertos e sensíveis ao tema da igualdade feminina ("o proletariado de saias").
Havia ainda um nó amargo no passado dela, de moça católica bem-comportada, que datava do tempo em que perdera Elizabeth Mabille, sua melhor amiga Zaza, cuja morte precoce, vitimada por meningite, ela responsabilizara a insensibilidade convencional e as exigências familiares da época.
Pairava algo mais sobre a situação um tanto estigmatizante da mulher que a maioria dos homens, independentemente da simpatia filosófica, ideológica ou partidária que se afiliassem, não percebia ou fingia não querer ver.
Do Eterno Feminino à Condição Feminina
Com total independência de Sartre, Simone dedicou-se por alguns anos do após-guerra a uma intensa e detalhada pesquisa em bibliotecas recolhendo material para o seu ensaio intitulado Le Deuxième Sexe, O Segundo Sexo, dois volumes de mil páginas aparecido em maio de 1949, e que lhe deu projeção quase que universal. A intenção dela era demonstrar que apesar da enorme evolução ocorrida ao longo do século XX, perdurava sobre o sexo feminino uma posição de subordinação e inferioridade que bem poucos aceitavam em denunciar ou condenar. Inclusive as próprias mulheres.
O que lhe valeu, logo que a obra chegou ao público, ser alvo de críticas que explodiram de todos os lados, taxando-a de "sufragete da sexualidade" e de "amazonas existencialista". Ou ainda de ter escrito um "manual de egoísmo erótico" e de ter exposto "audaciosas pornografias" que ostensivamente manifestavam o "egotismo sexual" dela.
Não importava a época ou o período histórico, fosse o antigo ou o moderno, para Simone permanecia a idéia do "eterno feminino", isto é, um conjunto de características imutáveis que eram impostas às mulheres pelo mundo masculino. Elas variavam em atribuir a elas permanentes "pendores naturais" para o matrimônio e a maternidade, até os abertamente ofensivos que as acusavam de desempenharem papéis menos louváveis que punham os homens a perder, fossem como sedutoras, feiticeiras ou bruxas.
Denunciou a existência da distinção feita entre o ser feminino, situação biogenética determinada pela natureza, e a mulher, uma construção idealizada de cada época histórica que, por assim dizer, "escalpe" uma mulher adequada aos ideais e interesses masculinos. Em geral pouco concedendo dela ir além de ser esposa e mãe e nada mais.
Daí o sentido da sua célebre afirmação que correu o mundo desde então: "Não nascemos, mas sim nos tornamos mulher". Para ela era evidente a necessidade de superar o "eterno feminino", visão que engessava a mulher, para a "condição feminina", momento de denúncia que mostrava a situação de opressão que elas viviam há séculos e que apesar dos avanços da sociedade moderna ainda estavam longe de serem abolidos.
Simone de fato, especialmente no primeiro volume do seu ensaio, que é acima de tudo um magnífico estudo sócio-antropológico e histórico da situação Firmina através dos tempos, fez um minucioso requisitório de tudo aquilo que ao longo da história assacaram contra elas, frases dos mais diversos escritores, poetas e filósofos, desde os gregos e romanos.
De Hesíodo ("quem se confia a uma mulher, confia-se a um ladrão"), passando pelo bispo Bossuet ("Eva não passava de uma parcela de Adão e de uma espécie de diminutivo"), até os escritores católicos do século XX, demonstrando como, ao longo da história, significativos nomes do universo masculino cerravam fileiras na tarefa de deprecia-las.
Até mesmo Jean-Jacques Rousseau, homem dado à mansidão e ao culto à bondade natural, reiterou que a instrução delas "deve ser relativa ao homem. A mulher é feita para ceder ao homem e suportar-lhe as injustiças".
Numa passagem famosa ela então registrou: "Os dois sexos jamais partilharam o mundo da igualdade, e hoje em dia ainda, se bem que a condição evoluiu, a mulher ainda fica muito atrás. Praticamente em nenhum país a sua posição legal é idêntica a do homem, havendo sempre uma desvantagem considerável. Ainda que os seus direitos sejam abstratamente reconhecidos, um longo hábito impede que eles se encontrem nos meios e nas expressões concretas. Economicamente, homens e mulheres constituem praticamente duas castas(...) os primeiros encontram-se em situações mais vantajosas, com os salários mais elevados, com maiores chances sobre suas concorrentes de data mais recente. Além dos poderes concretos que eles possuem, eles encontram-se revestidos de um prestígio que desde a educação infantil mantém a tradição. As atribuições do casamento assomam-se bem mais pesadas para a mulher do que para o homem(...); as servidões da maternidade reduziram-se pelo uso confessado, ou ainda clandestino, do controle dos nascimentos, mas a prática não se expandiu universalmente nem foi rigorosamente aplicada. Os cuidados das crianças e as exigências do fogão ainda são assumidas quase que exclusivamente pela mulher. Ainda que as elas trabalhem nas usinas, nos escritórios, nas faculdades, continuam a considerar que para elas o casamento é uma carreira das mais honoráveis o que as dispensa de qualquer outra participação na vida coletiva."
Bovary e Beauvoir
A infeliz Ema Bovary
Ema Bovary, a heroína trágica de Gustave Flaubert, não teve como escapar de um casamento infeliz. Sem outra alternativa que não fosse encontrar um outro amor que a arrancasse da mesmice e do enfado em que sua vida doméstica se reduzira, lançou-se em delirantes aventuras extraconjugais. Pagou muito caro por isso.
O registro da agonia que ela padeceu ao propositadamente se envenenar tornou-se uma das páginas mais dramáticas da literatura ocidental, como se o autor, juiz de uma sociedade conservadora, desejasse puni-la pela ousadia de quebrar as regras do "eterno feminino" que a forçava a ser boa esposa e mãe, para qual ela não revelara nenhuma vocação ou talento especial.
Um pequeno trecho de Flaubert é o suficiente para aclarar a situação em que sua personagem vivia cotidianamente: "...era, sobretudo à hora das refeições que ela já não agüentava mais, naquela salinha do andar térreo, com o fogão fumegando, a porta rangendo, as paredes cheias de salitre, as lajes úmidas, toda a amargura da existência se lhe afigurava servida no prato e, ao fumegar o cozido, saíam-lhe do fundo da alma outros suspiros de tédio. Carlos (o marido) era vagaroso para comer. Ema distraía-se mordendo avelãs, ou então, apoiada no cotovelo, entretinha-se, com a ponta da faca, a fazer riscos no oleado da mesa."(Madame Bovary, Editora Nova Cultural, 2002)
Poder-se-ia dizer que Ema Bovary foi uma espécie de mártir da mulher que deseja emancipar-se ou pelo menos fugir de um destino medíocre e infeliz?
Um século depois dela, ainda que não na França rural, Simone de Beauvoir, escritora e filósofa, falecida em 14 de abril de 1986, em Paris, de certo modo apresentou-se como alternativa definitiva ao triste fado de Ema Bovary, tornando-se alguém que não depositou suas expectativas apenas no casamento e na maternidade, ou em amores impossíveis que a livrassem daquilo.
Muito menos ficou fazendo riscos à mesa como a pobre suicida. Ainda que a posição assumida por ela não pudesse se tornar universal, pautou o comportamento de milhares de outras mulheres que vieram a seguir no sentido delas buscarem se realizar como profissionais bem sucedidas e totalmente emancipadas da tutela masculina, fosse a paterna ou a conjugal. Uma outra mulher surgiu desde então.
Obras de Simone de Beauvoir
Romances
A convidada (1943)
O Sangue dos Outros (1945)
Todos os Homens são Mortais (1947)
Os Mandarins (1954)
As Belas Imagens (1966)
A Mulher Desiludida (1968)
Quando o Espiritual Domina (1979)
Memórias
Memória de uma Moça Bem-comportada (1958)
A Força da Idade (1960)
A Força das Coisas (1963)
Uma Morte Muito Suave (1964)
Balanço Final (1972)
A Cerimônia do Adeus (1981)
Diário da Guerra (1990)
Cartas à Sartre I e II) (1990)
Cartas à Nelson Algren (1997)
Ensaios
Pyrrhus et Cinéas(1945)
Por uma Moral da Ambigüidade(1947)
L'Amerique au Jour le Jour (1948)
O Segundo Sexo (1949)
Deve-se Queimar Sade? (1955)
A Longa Marcha (1957)
sábado, 22 de maio de 2010
Deus pede estrita conta de meu tempo.
E eu vou do meu tempo, dar-lhe
conta.
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta.
Eu, que gastei, sem
conta, tanto tempo?
Para ter minha conta feita a tempo,
O tempo me
foi dado, e não fiz conta.
Não quis, sobrando tempo, fazer conta.
Hoje,
quero acertar conta, e não há tempo.
Oh, vós, que tendes tempo
sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo.
Cuidai,
enquanto há tempo, em vossa conta!
Pois, aqueles que gastam tempo,sem
ter conta
Quando o tempo chegar, de prestar conta
Chorarão, como
eu, o não ter tempo...
"Frei Antônio das Chagas"
(Por volta do
Século XVII.)
quinta-feira, 20 de maio de 2010
EU SOU ASSIM
terça-feira, 18 de maio de 2010
Texto 3 - A ARTE DE VIVER
"O homem nasce para atingir a vida, mas tudo depende dele. Ele pode perdê-la. Ele pode seguir respirando, ele pode seguir comendo, ele pode seguir envelhecendo, ele pode seguir se movendo em direção ao túmulo - mas isso não é vida. Isso é morte gradual, do berço ao túmulo, uma morte gradual com a duração de setenta anos. E porque milhões de pessoas ao redor de você estão morrendo essa morte lenta e gradual, você também começa a imitá-los. As crianças aprendem tudo daqueles que estão em volta delas e nós estamos rodeados pelos mortos. Então temos que entender primeiro o que eu entendo por 'vida'. Ela não deve ser simplesmente envelhecer. Ela deve ser desenvolver-se. E isso são duas coisas diferentes. Envelhecer, qualquer animal é capaz. Desenvolver-se é prerrogativa dos seres humanos. Somente uns poucos reivindicam esse direito.
Desenvolver-se significa mover-se a cada momento mais profundamente no princípio da vida; significa afastar-se da morte - não ir na direção da morte. Quanto mais profundo você vai para dentro da vida, mais entende a imortalidade dentro de você. Você está se afastando da morte: chega a um momento em que você pode ver que a morte não é nada, apenas um trocar de roupas ou trocar de casas, trocar de formas - nada morre, nada pode morrer. A morte é a maior ilusão que existe.
Como desenvolver-se? Simplesmente observe uma árvore. Enquanto a árvore cresce, suas raízes crescem para baixo, tornam-se mais profundas. Existe um equilíbrio; quanto mais alto a árvore vai, mais fundo as raízes vão. Na vida, desenvolver-se significa crescer profundamente para dentro de si mesmo - que é onde suas raízes estão.
Para mim o primeiro princípio da vida é meditação. Tudo o mais vem em segundo lugar. E a infância é o melhor momento. À medida que você envelhece, significa que você está chegando mais perto da morte, e se torna mais e mais difícil entrar em meditação. Meditação significa entrar na sua imortalidade, entrar na sua eternidade, entrar na sua divindade. E a criança é a pessoa mais qualificada porque ela ainda está sem a carga da educação, sem a carga de todo o tipo de lixo. Ela é inocente. Mas infelizmente a sua inocência está sendo considerada como ignorância. Ignorância e inocência tem uma similaridade, mas elas não são a mesma coisa. Ignorância também é um estado de não conhecimento, tanto quanto a inocência é. Mas também existe uma grande diferença que passou despercebida por toda a humanidade até agora. A inocência não é instruída - mas também não é desejosa de ser instruída. Ela é totalmente contente, preenchida...
O primeiro passo na arte de viver será criar uma linha de demarcação entre ignorância e inocência. Inocência tem que ser apoiada, protegida - porque a criança trouxe com ela o maior tesouro, o tesouro que os sábios encontram depois de esforços árduos. Os sábios têm dito que se tornaram crianças novamente, que eles renasceram...
Sempre que você perceber que perdeu a oportunidade da vida, o primeiro princípio a ser trazido de volta é a inocência. Abandone o seu conhecimento, esqueça as suas escrituras, esqueça as suas religiões, suas teologias, suas filosofias. Nasça novamente, torne-se inocente - e a possibilidade está em suas mãos. Limpe a sua mente de todo conhecimento que não foi descoberto por você mesmo, de todo conhecimento que foi tomado emprestado dos outros, tudo o que veio pela tradição, convenção, tudo o que lhe foi dado pelos outros - pais, professores, universidades. Simplesmente desfaça-se disso. Novamente seja simples, mais uma vez seja uma criança. E esse milagre é possível pela meditação.
Meditação é apenas um método cirúrgico não convencional que corta tudo aquilo que não é seu e só preserva aquilo que é o seu autêntico ser. Ela queima tudo o mais e o deixa nu, sozinho embaixo do sol, no vento. É como se você fosse o primeiro homem que tivesse descido na Terra - que nada sabe e que tem que descobrir tudo, que tem que ser um buscador, que tem que ir em peregrinação.
O segundo princípio é a peregrinação. A vida deve ser uma busca - não um desejo, mas uma pesquisa: não uma ambição para tornar-se isso, para tornar-se aquilo, um presidente de um país, ou um primeiro-ministro, mas uma pesquisa para encontrar 'Quem sou eu?'. É muito estranho que as pessoas que não sabem quem elas são, estão tentando se tornar alguém. Elas nem mesmo sabem quem elas são neste momento! Elas não conhecem os seus seres - mas elas têm um objetivo de vir a ser. Vir a ser é a doença da alma. O ser é você e descobrir o seu ser é o começo da vida. Então cada momento é uma nova descoberta, cada momento traz uma alegria. Um novo mistério abre as suas portas, um novo amor começa a crescer em você, uma nova compaixão que você nunca sentiu antes, uma nova sensibilidade a respeito da beleza, a respeito da bondade.
Você se torna tão sensível que até a menor folha de grama passa a ter uma importância imensa para você. Sua sensibilidade torna claro para você que essa pequena folha de grama é tão importante para a existência quanto a maior estrela; sem esse folha de grama, a existência seria menos do que é. E essa pequena folha de grama é única, ela é insubstituível, ela tem a sua própria individualidade.
E essa sensibilidade criará novas amizades para você - amizades com árvores, com pássaros, com animais, com montanhas, com rios, com oceanos, com as estrelas. A vida se torna mais rica enquanto o amor cresce, enquanto a amizade cresce...
Quando você se torna mais sensível, a vida se torna maior. Ela não é um pequeno poço, ela se torna oceânica. Ela não está confinada a você, sua esposa e seus filhos - ela não é confinada de jeito algum. Toda essa existência se torna a sua família e a não ser que toda essa existência seja a sua família, você não conheceu o que é a vida. - porque homem algum é uma ilha, nós estamos todos conectados. Nós somos um vasto continente, unidos de mil maneiras. E se o nosso coração não está cheio de amor pelo todo, na mesma proporção a nossa vida é diminuída.
A meditação lhe traz sensibilidade, uma grande sensação de pertencer ao mundo. Este é o nosso mundo - as estrelas são nossas e nós não somos estrangeiros aqui. Nós pertencemos intrinsecamente à existência. Nós somos parte dela, nós somos o coração dela.
Em segundo lugar, a meditação irá lhe trazer um grande silêncio - porque todo o lixo do conhecimento foi embora, pensamentos que são partes do conhecimento foram embora também... Um imenso silêncio e você é surpreendido - esse silêncio é a única música que existe. Toda música é um esforço para manifestar esse silêncio de algum modo.
Os videntes do antigo oriente foram muito enfáticos a respeito da questão de que todas as grandes artes - música, poesia, dança, pintura, escultura - são todas nascidas da meditação. Elas são um esforço para, de algum modo, trazer o incompreensível para o mundo do conhecimento, para aqueles que não estão prontos para a peregrinação - presentes para aqueles que ainda não estão prontos para partirem na peregrinação. Talvez uma canção possa despertar um desejo de ir em busca da fonte, talvez uma estátua.
Na próxima vez que em você entrar em um templo de Gautama Buda ou de Mahavira, sente-se silenciosamente e olhe a estátua... porque a estátua foi feita de tal forma, em tal proporção que se você olhá-la, você cairá em silêncio. É uma estátua de meditação; não é a respeito de Gautama Buda ou de Mahavira...
Naquele estado oceânico, o corpo toma uma certa postura. Você próprio já observou isso, mas não estava alerta. Quando você está com raiva, você observou? seu corpo tomou uma certa postura. Na raiva você não pode manter as suas mãos abertas: na raiva, a mão se fecha. Na raiva você não pode sorrir - ou você pode? Com uma certa emoção, o corpo tem que seguir uma certa postura. Pequenas coisas estão profundamente relacionadas no interior...
Uma certa ciência secreta foi usada por séculos, de modo que as gerações futuras pudessem entrar em contato com as experiências das gerações mais velhas - não através de livros, não através de palavras, mas através de algo que vai mais profundo - através do silêncio, através da meditação, através da paz. À medida que seu silêncio cresce, sua amizade cresce, seu amor cresce; sua vida se torna uma dança, momento a momento, uma alegria, uma celebração.
Você já pensou sobre o porquê, em todo o mundo, em toda cultura, em toda sociedade, existem uns poucos dias no ano para a celebração? Esses poucos dias para a celebração são apenas uma compensação - porque essas sociedades tiraram toda a celebração de sua vida e se nada é dado para você em compensação, sua vida pode tornar-se um perigo para a cultura. Toda cultura criou alguma compensação e assim você não se sentirá completamente perdido na miséria, na tristeza... Mas essas compensações são falsas. Mas no seu mundo interior pode existir uma continuidade de luz, canções, alegria.
Sempre lembre-se que a sociedade o compensa quando ela sente que a repressão pode explodir em uma situação perigosa se não for compensada. A sociedade encontra algum jeito de lhe permitir soltar a repressão. Mas isso não é a verdadeira celebração, e não pode ser verdadeira. A verdadeira celebração deveria vir de sua vida, na sua vida.
E a celebração não pode estar de acordo com o calendário, que no primeiro dia de novembro você irá celebrar. Estranho, o ano todo você é miserável e no primeiro dia de novembro, de repente, você sai da miséria, dançando. Ou a miséria era falsa ou o primeiro de novembro é falso.; ambos não podem ser verdadeiros. E uma vez que o primeiro de novembro se vai, você está de volta em seu buraco negro, todo mundo em sua miséria, todo mundo em sua ansiedade.
A vida deveria ser uma celebração contínua, um festival de luzes por todo o ano. Somente então você pode se desenvolver, você pode florir. Transforme pequenas coisas em celebração... Tudo o que você faz deveria expressar a si próprio; deveria ter a sua assinatura. Então a vida se torna uma celebração contínua.
Inclusive se você adoece e você está deitado na cama, você fará daqueles momentos de repouso, momentos de beleza e alegria, momentos de relaxamento e descanso, momentos de meditação, momentos para ouvir música ou poesia. Não há necessidade de ficar triste porque você está doente. Você deveria estar feliz porque todo mundo está no escritório e você está na cama como um rei, relaxando - alguém está preparando chá para você, o samovar está cantando uma canção, um amigo se oferece para vir e tocar flauta para você. Essas coisas são mais importantes do que qualquer remédio. Quando você está doente, chame um médico. Mas, mais importante, chame aqueles que o amam porque não existe remédio mais importante que o amor. Chame aqueles que podem criar beleza, música, poesia à sua volta, porque não existe nada que cure como uma atmosfera de celebração.
O medicamento é o mais baixo tipo de tratamento. Mas parece que nós esquecemos tudo, assim nós temos que depender dos medicamentos e ficar rabugentos e tristes - como se você estivesse perdendo uma grande alegria que havia quando você estava no escritório! No escritório você era miserável - simplesmente um dia de folga, mas você também se agarra à miséria, você não a deixa ir.
Faça todas as coisas criativas, faça o melhor a partir do pior - isso é o que eu chamo de arte. E se um homem viveu toda a vida fazendo a todo momento uma beleza, um amor, um desfrute, naturalmente a sua morte será o supremo pico no empenho de toda a sua vida.
Os últimos toques... sua morte não será feia como ordinariamente acontece todo dia com todo mundo. Se a morte é feia, isso significa que toda a sua vida foi um desperdício. A morte deveria ser uma aceitação pacífica, uma entrada amorosa no desconhecido, um alegre despedir-se dos velhos amigos, do velho mundo...
Comece com a meditação e muitas coisas crescerão em você - silêncio, serenidade, êxtase, sensibilidade. E o que quer que venha com a meditação, tente trazer para a sua vida. Compartilhe isso, porque tudo o que é compartilhado cresce mais rápido. E quando você atingir o momento da morte, você saberá que não existe morte. Você pode dizer adeus, não existe nenhuma necessidade de lágrima de tristeza - talvez lágrimas de felicidade, mas não de tristeza."
OSHO, O Livro da Cura
Copyright © 2006 OSHO INTERNATIONAL FOUNDATION, Suiça.
Todos os direitos reservados.
Meditação
A coragem de estar só e silencioso
Querido Osho,
Eu sempre estou com medo de estar só, porque quando estou só, começo a querer saber quem eu sou. Parece que se eu investigar mais fundo, irei descobrir que eu não sou a pessoa que acreditei ser nos últimos vinte e seis anos, mas um ser presente no momento do nascimento e talvez também no momento anterior. Por alguma razão isso me assusta completamente. Parece um tipo de insanidade e faz com que eu me perca nas coisas externas a fim de me sentir mais segura.
Osho, quem eu sou, e por que o medo?
Surabhi, não é apenas o seu medo, é o medo de todo mundo. Porque ninguém é aquilo que deveria ser pela própria existência.
A sociedade, a cultura, a religião, a educação, todos têm conspirado contra inocentes crianças.
Eles têm todo o poder – a criança é indefesa e dependente. Assim, tudo o que querem fazer com ela, eles dão um jeito e fazem.
Eles não permitem que criança alguma se desenvolva para o seu destino natural.
Todo o esforço deles é para fazer dos seres humanos, utilidades. Quem sabe, se deixarmos uma criança desenvolver por si mesma, se ela terá ou não alguma utilidade para os interesses velados. A sociedade não está preparada para correr esse risco. Ela agarra a criança e começa a moldá-la em alguma coisa necessária para a sociedade.
Sob certo sentido, ela mata a alma da criança e lhe dá uma falsa identidade, para ela nunca ver a sua alma, o seu ser.
A falsa identidade é um substituto. Mas esse substituto é útil apenas na mesma multidão que deu essa falsa identidade a você. No momento em que você está só, o falso começa a se desmontar e o que é verdadeiro e foi reprimido começa a se expressar.
Por isso o medo de estar só.
Ninguém quer estar só. Todo mundo quer pertencer a uma multidão – e não apenas uma multidão, mas a muitas multidões. A pessoa pertence a uma multidão religiosa, a um partido político, a um Rotary Club... E existem muitos outros pequenos grupos para se pertencer também.
É preciso estar apoiado vinte e quatro horas por dia, porque o falso, sem apoio, não consegue ficar de pé. No momento em que estiver só, começa a sensação de uma loucura estranha.
Surabhi, é sobre isto que você está perguntando – porque por vinte e seis anos você acreditou ser alguém, e então, de repente, num momento de solidão, você começou a perceber que você não era aquilo. Isso cria medo: então quem você é?
E vinte e seis anos de repressão... Levará algum tempo para que o verdadeiro se expresse.
O intervalo entre os dois tem sido chamado pelos místicos de ‘a noite escura da alma’ – uma expressão muito apropriada. Você não é mais o falso, e você ainda não é o verdadeiro. Você está no limbo, você não sabe quem você é.
Particularmente no Ocidente – e Surabhi é ocidental – o problema é ainda mais complicado, porque eles não desenvolveram nenhuma metodologia para descobrir o verdadeiro, o mais cedo possível, de modo que a noite escura da alma possa ser encurtada.
O Ocidente nada conhece a respeito de meditação.
E meditação é apenas um nome para o estar só, silencioso, esperando pela manifestação do verdadeiro. Não é um ato, é um relaxamento silencioso – porque qualquer coisa que você faça tem sua origem na sua falsa personalidade. Tudo o que você fez por vinte e seis anos teve sua origem ali; este é o seu velho hábito.
Hábitos são duros de morrer.
Havia um grande místico na Índia, Eknath. Ele estava indo para uma peregrinação santa com todos os seus discípulos – seriam uma jornada de três a seis meses.
Um homem chegou até ele, jogou-se a seus pés e disse, ‘Eu sei que não sou merecedor. Você sabe bem disso, todo mundo me conhece. Mas eu sei que a sua compaixão é maior do que o meu não-merecimento. Por favor, aceite-me também como um dos membros de seu grupo que está indo para a peregrinação santa. ‘
Eknath disse, ‘Você é um ladrão – e não apenas um ladrão comum, mas um ladrão mestre. Você nunca foi pego e todos sabem que você é um ladrão. Eu certamente me sentiria bem levando você comigo, mas eu também tenho que pensar nas outras cinqüenta pessoas que estão indo comigo. Você terá que me fazer uma promessa – e eu não estou pedindo por nada mais que, apenas durante aquele tempo de três a seis meses em
que nós estivermos na peregrinação, você não roube. Depois disso, será sua a decisão. Uma vez que nós tenhamos voltado para casa, você estará livre de sua promessa. ‘
O homem disse, ‘Eu estou absolutamente pronto para prometer, e eu estou imensamente agradecido pela sua compaixão.’ As outras cinqüenta pessoas ficaram desconfiadas. Confiar em um ladrão...
Mas elas não podiam dizer coisa alguma ao Eknath. Ele era o mestre.
A peregrinação começou e desde a primeira noite aconteceram problemas. Na manhã seguinte havia um caos – o casaco de alguém tinha sumido, assim como a camisa de um outro, e também o dinheiro de outro.
E todo mundo estava gritando, ‘Onde está o meu dinheiro?’ E todos eles foram contar ao Eknath, ‘Nós estávamos desconfiados desde o começo em que você trouxe esse homem consigo. Um hábito de uma vida inteira...’
Mas eles começaram a procurar e então descobriram que as coisas não tinham sido roubadas. O dinheiro de alguém tinha sumido, mas foi encontrado na sacola do outro. O casaco de alguém estava faltando, mas foi encontrado na mala do outro. Tudo foi encontrado, mas era um problema desnecessário – todas as manhãs!
E ninguém conseguia conceber – qual poderia ser o sentido disso? E certamente não era o ladrão, porque nada estava sendo roubado.
Na terceira noite, Eknath permaneceu acordado para ver o que acontecia. No meio da noite, o ladrão – devido ao seu hábito – acordava e começava a tirar as coisas de um lugar e colocar no outro. Eknath interrompeu-o e disse, ‘O que você está fazendo? Você se esqueceu de sua promessa?’
Ele disse, ‘Não, eu não esqueci minha promessa. E eu não estou roubando coisa alguma, mas eu não lhe prometi que não iria mudar as coisas de um lugar para o outro. Depois dos seis meses eu terei que ser um ladrão novamente; isto é apenas para praticar. E você deve entender – isto é um hábito de uma vida inteira, e você não consegue abandoná-lo num estalar de dedos. Dê-me um tempo. Você devia entender o meu problema também. Por três dias eu não roubei uma simples coisa – isso é como jejuar! Isto é apenas um substituto, eu estou me mantendo ocupado.
‘Este é o meu horário de trabalho, no meio da noite, assim é muito difícil para eu ficar simplesmente deitado na cama acordado. E tantos idiotas dormindo... E eu não estou fazendo mal a ninguém. De manhã eles encontrarão as suas coisas.’
Eknath disse, ‘Você é um homem estranho. Você vê que toda manhã existe um caos e uma ou duas horas são desperdiçadas desnecessariamente para se encontrar as coisas – onde você as colocou, de que malas elas foram tiradas. Todo mundo tem que abrir tudo e perguntar aos outros... ‘A quem isto pertence?’
O ladrão disse, ‘Essa concessão você tem que me fazer.’
Surabhi, vinte e seis anos de uma falsa personalidade imposta por pessoas que você amou, que você respeitou... E eles não estavam fazendo alguma coisa intencionalmente ruim para você. A intenção deles era boa, apenas a consciência deles era nula. Elas não eram pessoas conscientes – seus pais, seus professores, seus sacerdotes, seus políticos – elas não eram pessoas conscientes, eles eram inconscientes.
E mesmo uma boa intenção nas mãos de uma pessoa inconsciente pode se tornar venenosa.
Assim, sempre que você está só, surge um medo profundo, porque de repente o falso começa a desaparecer.
E o verdadeiro precisa de um certo tempo. Você o perdeu há vinte e seis anos. Você precisará ter alguma consideração com o fato de que terá que fazer uma ponte sobre esse intervalo de vinte e seis anos.
Nesse medo – de que ‘eu estou perdendo a mim mesma, meu senso, minha sanidade, minha mente – tudo’, porque o ‘eu’ que lhe foi dado pelos outros consiste em todas essas coisas – parece que você vai enlouquecer. Você começa imediatamente a fazer alguma coisa simplesmente para se manter ocupada. Se não houver pessoas, pelo menos existe alguma ação. Assim o falso permanece ocupado e não começa a desaparecer.
Por isso as pessoas têm a maior dificuldade nos feriados de finais de semana. Por cinco dias elas trabalham, esperando que no final de semana possam relaxar. Mas o final de semana é o pior tempo em todo o mundo – mais acidentes acontecem nos finais de semana, mais pessoas se suicidam, mais assassinatos, mais roubos, mais estupros. Estranho... E essas pessoas estavam ocupadas por cinco dias e não havia problema algum. Mas o final de semana, de repente, lhes dá uma escolha, ou estar ocupado com alguma coisa ou relaxar, mas relaxar é espantoso; a falsa personalidade desaparece.
Mantenha-se ocupado, faça alguma coisa estúpida. As pessoas estão correndo para as praias, para-choques colados nos para-choques, num trânsito com filas quilométricas. E se você lhes perguntar para onde elas estão indo, elas estão indo para longe da multidão – e toda a multidão está indo com elas. Elas estão indo procurar um espaço solitário e silencioso – todas elas.
Na verdade, se elas permanecessem em casa, elas estariam mais solitárias e silenciosas – porque todos os idiotas foram em busca de um lugar solitário e silencioso. E eles estão correndo como loucos, porque dois dias se acabarão logo e eles têm que chegar lá – não pergunte aonde!
E nas praias você vê... Estão tão apinhadas de gente, nem mesmo os shoppings estão tão lotados. E muito estranhamente, as pessoas estão se sentindo muito à vontade, tomando um banho de sol. Dez mil pessoas numa pequena praia tomando um banho de sol, relaxando.
A mesma pessoa na mesma praia, sozinha não seria capaz de relaxar. Mas, você sabe, milhares de outras pessoas estão relaxando, todas ao redor dela. As mesmas pessoas estiveram nos escritórios, as mesmas pessoas estiveram nas ruas, estiveram nos shoppings, e agora as mesmas pessoas estão na praia.
A multidão é essencial para o falso ‘eu’ existir.
No momento em que ele está só, você começa a ficar nervosa.
É aqui que se deve compreender um pouco a respeito de meditação.
Não fique preocupada, porque aquilo que pode desaparecer, merece desaparecer. Não faz sentido agarrar-se àquilo – aquilo não é seu, aquilo não é você.
Quando o falso tiver ido, você é aquele ser fresco, inocente e puro que crescerá em seu lugar.
Nenhuma outra pessoa pode responder a sua pergunta ‘Quem sou eu?’ – Você saberá.
Todas as técnicas de meditação são uma ajuda para destruir o falso. Elas não lhe dão o verdadeiro – o verdadeiro não pode ser dado.
Aquilo que pode ser dado não pode ser verdadeiro.
Você já tem o verdadeiro; apenas o falso tem que ser jogado fora.
Isso pode ser dito de uma maneira diferente: o mestre lhe tira coisas que você de fato não tem e lhe dá aquilo que você já tem.
Meditação é apenas uma coragem para estar só e silenciosa.
Aos poucos, você começa a sentir uma qualidade em si mesma, uma nova vida, uma nova beleza, uma nova inteligência – que não é tomada de empréstimo de ninguém, que cresce dentro de você, que tem raízes na sua existência.
E se você não for uma covarde, começará a fruir, a florescer.
Somente o bravo, o corajoso, as pessoas que têm firmeza, podem ser religiosas. Não os freqüentadores de igrejas – esses são covardes. Não os hindus, não os muçulmanos, não os cristãos – eles são contra a busca. A mesma multidão, eles estão tentando tornar suas falsas identidades mais consolidadas.
Você nasceu. Você veio ao mundo com vida, com consciência, com uma tremenda sensitividade. Apenas olhe uma pequena criança – veja os seus olhos, o frescor. Tudo aquilo foi coberto por uma falsa personalidade.
Não há necessidade alguma de ter medo.
Você pode perder apenas aquilo que tem que ser perdido. E é bom que perca logo – porque quanto mais tempo ficar, mais forte aquilo se torna.
E ninguém sabe coisa alguma a respeito do amanhã.
Não morra antes de realizar o seu autêntico ser.
Somente umas poucas pessoas são afortunadas, aquelas que viveram com ser autêntico e que morreram com ser autêntico - porque elas sabem que a vida é eterna e que a morte é uma ficção.
Osho – Beyond Enlightenment – capítulo 18
Tradução: Sw. Bodhi Champak
Copyright © 2006 OSHO INTERNATIONAL FOUNDATION, Suiça.
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segunda-feira, 17 de maio de 2010
2010 - o amagedon
O que é 2012? O que vai acontecer com o nosso Planeta
Conforme o ano de 2012 se aproxima, cientistas, religiosos e místicos do mundo inteiro correm atrás de pistas deixadas por civilizações e profetas do passado explicando como será o fim dos tempos. Em diversas culturas ancestrais o ano de 2012 é marcado nos calendários como o 'Armagedom', o 'apocalipse', o 'fim do mundo', 'o juízo final', 'o fim de um ciclo' e, nos mais otimistas, 'o ano em que esta era terminará e outra, melhor, será iniciada'. Maias, Egípcios, Celtas, Hopis, Nostradamus e diversos profetas, Chineses e Budistas, WebBots, Cientistas e Religiosos das mais diferentes crenças dizem que o mundo como o conhecemos pode estar com os dias contados.
Veja a seguir algumas teorias do que poderá ocorrer em 2012, antes ou depois. Algumas teorias possuem base científica, outras são espiritualistas e místicas. Recomenda-se bom senso na leitura.
Segundo a cosmologia Maia, o Planeta Terra possui 5 grandes ciclos ou eras, cada um com cerca de 5.125 anos. Para eles, 4 já passaram. "Os 4 ciclos anteriores terminaram em destruição. A profecia maia do juízo final refere-se ao último dia do 5º ciclo, ou seja, 21 de dezembro de 2012." diz Steven Alten. O quinto e atual ciclo também terminará em destruição? O que irá desencadeá-la? A resposta pode estar em um raro fenômeno cósmico que os maias previram a mais de 2.000 anos. "A profecia maia para 2012 baseia-se em um alinhamento astronômico. Em dezembro de 2012, o sol do solstício vai se alinhar com o centro de nossa galáxia. É um raro alinhamento cósmico. Acontece uma vez a cada 26.000 anos" diz John Major Jenkins, autor do livro Maya Cosmogenese 2012.
A cada 26.000 anos o sol se alinha com o centro da Via Láctea. Ao mesmo tempo ocorre outro raro fenômeno astrológico, uma mudança do eixo da terra em relação a esfera celeste. O fenômeno se chama Precessão. A data exata disto tudo é 21 de dezembro de 2012. "A Terra oscila lentamente sobre seu eixo mudando nossa orientação angular em relação a galáxia. Uma precessão completa leva 26.000 anos." diz John Major Jenkins.
Mas o que de fato acontecerá na fatídica data de 21 de dezembro de 2012? Para muitos será o dia da aniquilação da raça humana devido a uma inversão dos pólos da Terra. Como isso seria possível? Devido a distúrbios nos campos magnéticos do Sol que, gerando colossais tormentas solares, afetarão a polaridade de todo o nosso planeta. Resultado: o campo magnético terrestre se inverterá imediatamente, com conseqüências catastróficas para a humanidade. Violentos terremotos demolirão todos os edifícios, alimentando tsunamis colossais e atividade vulcânica intensa. Na verdade, a crosta terrestre deslizará, arremessando continentes a milhares de quilômetros de sua localização atual.
Até já estão sendo desenvolvidos novos mapas da geografia terrestres após as alterações físicas que supostamente ocorrerão. Especula-se que a Europa e a América do Norte sofrerão um deslocamento de milhares de quilômetros em direção ao Norte, e seu clima se tornará polar.
Para a surpresa de muitos, em 2008 apareceu um Crop Circle (círculos nas plantações) indicando a formação planetária em 2012 e talvez querendo nos alertar para algo que ocorrerá em 21/12/2012.
Outros falam que grandes cataclismos serão gerados devido a passagem de um astro/cometa/planeta perto da Terra. Seria o “abominável da desolação” de Jesus, a “abominação desoladora” do profeta Daniel, a “grande estrela ardente com um facho, chamada Absinto” do Apocalipse de João, a “grande estrela“, “o grande rei do terror“, “o monstro” ou “o novo corpo celeste” de Nostradamus, o “astro Intruso” ou “planeta higienizador” de Ramatis, o “planeta chupão” citado por Chico Xavier, ou o “Planeta X” procurado pelos astrônomos, ou o “12º planeta” de Zecharia Sitchin, ou o “Nibiru/ Marduk” dos Sumérios, ou ainda o “Hercólubus” da turma da Gnose.
A edição 148 da Revista UFO, de dezembro de 2008, veiculou extenso artigo sobre o suposto astro Nibiru, intitulado Nibiru: Perigo Iminente, do professor universitário e autor Salvatore De Salvo, consultor da UFO, defendendo sua existência e a iminência de um desastre na Terra quando de sua passagem, esperada para 2012. Embora esta visão catastrófica tenha sido contestada pelo Ufólogo Marco Antonio Petit na edição 151 da Revista UFO, de março de 2009, Salvatore voltou a ratificar o alerta sobre a aproximação de Nibiru num artigo publicado pelo site da Revista Ufo em abril de 2009. No programa Fantástico da Rede Globo de 1 de março de 2009 o tema 2012 e Nibiru foi abordado muito rapidamente. Como se poderia esperar de uma emissóra de TV aberta e destinada a grande massa (povão) infelizmente o tema foi tratado com deboche e visto como um "Hoax" (boato fraudulento), sem que tenha havido qualquer investigação aprofundada por parte da emissora (o site porque2012.com apareceu rapidamente nesta reportagem).
Parece loucura, mas talvez seja verdade que o Sol tenha uma companheira mortal que ameace a vida em nosso planeta. A hipotética companheira do sol foi sugerida pela primeira vez em 1985 por Whitmire e Matese, que a batizaram de Nêmesis, a deusa da vingança. Seria até mesmo possível que esta "estrela da morte" já estivesse presente em algum catálogo estelar, sem que ninguém tivesse notado algo incomum. Entre os defensores da existência de Nêmesis estão geólogos que apostam que a cada 26 ou 30 milhões de anos ocorrem extinções em massa da vida na Terra, paralelamente ao surgimento de uma grande cratera de impacto (ou várias delas). Registros geológicos de fato indicam uma enorme cratera de impacto no mar do Caribe, com 65 milhões de anos, do final do período cretáceo, coincidindo com o fim do reinado dos dinossauros Esse evento teria aberto caminho para que nossos antepassados mamíferos tomassem conta do planeta e nossa própria espécie pudesse evoluir. Um ou mais cometas teria atingido a Terra, argumentam, envolvendo-a numa nuvem de poeira durante meses.
A ideia de um planeta gigante e desconhecido passar perto da Terra ou até mesmo chocar-se pode parecer absurda, mas a ciência indica que temos com o que nos preocupar. Estamos falando de asteróides. Um asteroide (2003 QQ47) de pouco mais de um quilômetro de diâmetro estaria a caminho da Terra e poderia colidir com o planeta em 21 de março de 2014, segundo astrônomos da agência britânica responsável pelo monitoramento de objetos potencialmente perigosos para o planeta. Outro risco seria o asteróide VD17 2004 descoberto em 27 de novembro de 2004, que possui aproximadamente 500 metros de comprimento e um bilhão de toneladas. A Nasa declarou que o VD17 2004 poderia colidir com a Terra no início do próximo século, e com o impacto causaria a liberação de 10 mil megatons de energia (o equivalente à explosão de todas as armas nucleares existentes no planeta) causando a destruição em massa do planeta. O 2004 VD17 é o asteróide com as maiores chances de entrar em colisão com a Terra. As chances de uma colisão com a Terra, em 4 de maio de 2102, foram avaliadas na ocasião como uma possibilidade de uma em 3.000.Novas observações e cálculos complementares aumentaram o risco a "pouco menos de um por 1.000". Outro asteroide que põe medo nos cientistas é o chamado Apophis. Segundo os cientistas, há uma pequena possibilidade dele entrar em rota de colisão com a Terra nas próximas décadas. Recentemente a Nasa disse que não tem condições de detectar e destruir asteróides.
Para os cientistas da NASA a data de 2012 será marcada por violentas tormentas solares e pelo degelo total do Pólo Norte. Para os governos e a ONU algo terrível está para ocorrer com nosso planeta, por isso foi inaugurado no início de 2008 o “cofre do fim do mundo” que visa abrigar sementes de todas as variedades conhecidas no mundo de plantas com valor alimentício. Na 14ª Conferência das Nações Unidas sobre a mudança climática, no início de dezembro de 2008, o ministro polonês do Meio Ambiente, Maciej Nowicki, considerou que a “humanidade com seu comportamento já empurrou o sistema do planeta Terra a seus limites”. “Continuar assim provocaria ameaças de uma intensidade jamais vista: enormes secas e inundações, ciclones devastadores, pandemia de doenças tropicais e até conflitos armados e migrações sem precedentes”, lançou, pedindo aos negociadores que não “cedam a interesses particulares obscuros neste momento em que devemos modificar a direção perigosa que a humanidade tomou”. Veja aqui a notícia completa. Críticas à comunidade financeira internacional dominaram o discurso do presidente da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em junho de 2009, Miguel d"Escoto, na abertura da conferência sobre a crise mundial disse: 'Devemos evitar que a crise (financeira) se transforme em tragédia humanitária, e os humanos acabem como os dinossauros.'. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, alertou, na terceira Conferência da ONU sobre o Clima que, segundo ele, o aquecimento global está colocando o mundo num abismo. "Estamos pisando fundo no acelerador e caminhamos para o abismo", denunciou Ban.
A Revista Science publicou um artigo em 26-junho de 2009 informando que os cientistas são unânimes em dizer que não estamos preparados para a próxima máxima solar que acontecerá entre 2012 e 2013. Uma grande tempestade solar poderá trazer consequências assustadoras para a humanidade.Danos à rede de força e sistemas de comunicação poderão ser catastróficos, falam os cientistas, com efeitos que podem levar ao descontrole governamental da situação. As previsões são baseadas em uma grande tempestade solar de 1859 que fez com que os fios dos telégrafos entrassem em curto nos EUA e Europa, levando a grandes incêndios. Possivelmente foi a pior em 200 anos, de acordo com um novo estudo. Com o advento das redes de energia, comunicação e satélites atuais temos muito mais em risco.“Uma repetição contemporânea do evento [de 1859] causaria distúrbios sócio-econômicos significativamente mais extensos”, concluíram os pesquisadores. A cada 11 anos, quando o sol entra na sua fase mais ativa, ele pode enviar tempestades magnéticas poderosas que desligam satélites, ameaçam a segurança dos astronautas e até interrompem sistemas de comunicação na Terra. Um artigo do canal americano FOXNEWS disse: "Uma brutal tempestadade solar poderia 'apagar' os EUA por meses". Para piorar a situação, cientistas da NASA informaram em 2003 que foram descobertos "buracos" no campo magnético da Terra, o que pode indicar que nosso escudo protetor contra as tempestades solares não suportará a máxima solar que vai ocorrer por volta de 2012. Recentemente um estudo mostrou que o sol bombardeia a Terra com rajadas de partículas - o chamado vento solar - mesmo quando sua atividade parece estar em baixa. Se isso for verdade, a Terra pode sofrer grandes impactos mesmo diante de um período de mínimo solar.
Para os WebBots algo devastador vai ocorrer em 2012. Segundo seus idealizadores, os WebBots parecem indicar algum evento ligado a descarga de plasma que poderá atingir nosso Planeta por volta de 2012. Isso poderia sugerir uma explosão de raios gama ou algum evento ligado a tormentas solares que poderá nos atingir por volta de 2012 (como já falamos antes). Especula-se também que será por volta de 2012 que o mega vulcão de Yellowstone entrará em erupção e destruirá metade dos EUA, além de afetar drasticamente o clima de todo o Planeta. Também especula-se que a Costa Leste dos EUA poderia ser atingida por um grande tsunami ocasionado por uma explosão vulcânica próximo às Ilhas Canárias. Este evento, segundo alguns cientistas. atingiria também a costa norte e nordeste brasileira.
Especialistas consideram possível que nos próximos anos aconteça o temível "Terremoto do Tokai" no Japão, um mega terremoto de proporções catastróficas. Outra possibilidade real que aterroriza os cientistas é a ocorrência de uma mega terremoto mortal em Los Angeles, o chamado "Big One". Segundo alguns cientistas, há sinais que indicam que este evento inevitável se aproxima.
Alguns estudiosos acreditam que 2012 é a data final para acharmos uma solução para o inevitável fim do petróleo que poderá ocorrer nas próximas décadas. Caso isso não seja feito o mundo poderá entrar em uma imensa recessão global e posterior colapso econômico. As nações irão lutar entre sí pela última gota de petróleo. Isto poderá desencadear uma guerra no planeta e o fim da civilização como a conhecemos, alertam estes estudiosos.
O 'Código da Bíblia' parece indicar que o fim dos tempos chegou após o atentado de 11 de setembro de 2001 e poderia culminar com a queda de um asteróide ou guerra atômica no ano de 2012. Já para o Timewave Zero a data de 21 de dezembro de 2012 marca o equilíbrio, o fim dos velhos paradigmas, o novo começo, onde nada será mais como era anteriormente.
Estudiosos do "Livro Perdido de Nostradamus" fazem interpretações do que seria um aviso de Nostradamus sobre o período que vai de 1999 até 2012. Segundo estas interpretações, Nostradamus parece nos avisar sobre um evento de grande magnitude que pode ocorrer por volta de 2012 em nosso Planeta.
Para alguns monges tibetanos a data de 2012 marcará o "fim dos dias", podendo ocorrer uma guerra atômica por volta deste ano. Ainda segundo este monges, o mundo não será totalmente destruído, já que haverá uma intervenção extraterrestre.
A data de 21 de dezembro de 2012 é também a data mágica para os índios Hopis do Arizona. "A Profecia Hopi é uma tradição oral de histórias que, no dizer dos índios, previram a chegada do homem branco, as guerras mundiais e as armas nucleares. Eles prevêem também que o tempo acabará quando a humanidade passar para o 'quinto mundo'", relata Richard Boylan em Earth Mother Crying: Journal of Prophecies of Native Peoples Worldwide. Os Hopis escondem ciosamente suas profecias do público em geral, a ponto de às vezes processarem aqueles que as divulgam. No entanto, sabe-se que o Calendário Hopi combina basicamente com o dos maias: ambos marcam o começo do Quinto Mundo, ou Idade, para 21/12/2012
Algumas fontes sugerem que estamos atualmente nos aproximando do final do Kali Yuga (Idade do Ferro) que, segundo a tradição Hindu, é a última e mais negativa das quatro eras evolucionárias do grande ciclo manvantárico. Existiu uma Idade de Ouro (Satya Yuga), mas à medida que o tempo avançou, o planeta entrou numa espiral descendente negativa e a qualidade de vida em cada Yuga (Idade ou Era) tornou-se gradualmente removida do conhecimento da verdade e da lei natural. O Kali Yuga é caracterizado pela intoxicação, prostituição, matança de animais, destruição da natureza e pelo vício do jogo. Esta é a era onde a gratificação dos sentidos é a meta da existência, onde se acredita somente no que se vê, onde não existe misericórdia e onde Deus se tornou um mito. Existem guerras, o vício e a ignorância são dominantes e a verdadeira virtude é praticamente inexistente. Os líderes que governam a Terra são violentos e corruptos e o mundo tornou-se completamente pervertido. Segundo os preceitos do hinduísmo, Kalki, o 10º e final avatar de Vishnu, virá montado num cavalo branco, manuseando uma espada flamejante com a qual irá derrotar o mal e restaurar o dharma, dando início a um novo ciclo, uma nova Idade de Ouro ou Satya Yuga. No “Brahma-Vaivarta Purana”, que é um texto religioso Hindu, o senhor Krishna diz a Ganga Devi que uma nova Idade de Ouro irá começar 5 000 anos depois do início do Kali Yuga e que esta durará 10 000 anos. Esta previsão da chegada de um novo mundo é também profetizada pelos maias. O calendário maia começou com o 5º Grande Ciclo em 3113 a.C. e terminará em 21 de Dezembro de 2012. O Kali Yuga Hindu começou em 18 de Fevereiro de 3102 a.C. Só existe uma diferença de 11 anos entre o começo do Kali Yuga e o começo do 5º Grande Ciclo dos maias. Os antigos Hindus utilizaram principalmente calendários lunares, mas também calendários solares. Se o calendário lunar normal equivale a 354,36 dias por ano, então seriam 5270 anos lunares desde que começou o Kali Yuga até à data de 21 Dezembro de 2012. São cerca de 5113 anos solares de 365,24 dias por ano desde o início do Kali Yuga até ao Solstício de Inverno de 2012. Desta forma, o calendário Maia parece corroborar o calendário Hindu. Quer por anos solares ou lunares, de acordo com as antigas escrituras Hindus, parece ter chegado o tempo da profecia de Krishna se realizar. Uma idade de ouro pode assim começar em 2012. É impressionante porque ambos os calendários começam mais ou menos ao mesmo tempo, há cerca de 5000 anos atrás e ambos prevêem um novo mundo totalmente diferente, uma Idade de Ouro que se iniciará cerca de 5000 anos depois do começo dos mesmos. E não deixa de ser espantoso porque, historicamente, estas duas culturas antigas não tiveram nenhum tipo de contato. Mais uma vez parece existir alguma verdade por detrás disto.
Para Howard Menger, famoso contatado por seres extraterrestres dos anos 50, os et's teriam lhe contado que retornariam à Terra em 2012. Curiosamente o sacerdote Maia Chilam Balam diz o mesmo. Segundo ele, o fim deste katum, que terminará em 2012, será marcado pelo retorno da divindade Suprema à Terra, anunciando uma nova era, nas relações humanas. O Livro Sagrado Maia do CHILAM BALAM, diz: "Ao final do último Katun (1992-2012) haverá um tempo em que estarão imersos na escuridão, mas logo virão os homens do Sol trazendo o sinal futuro. Despertará a Terra pelo norte e o poente, o ITZA despertará". Podemos ver que esta profecia Maia é compatível com os religiosos que aguardam pela volta do messias ou pelos estudiosos dos discos voadores que esperam o grande contato extraterrestre. Todos falam que este evento ocorrerá o mais breve possível.
Os religiosos e espiritualistas esperam pelo "Juízo Final" ou "Armagedon", a separação espiritual do “joio e do trigo” ou a "batalha final entre Deus e Satã", que se dará com a chegada de um messias (ou numa visão mais moderna dos extraterrestres) e colapso total da civilização humana baseada no materialismo/ egoísmo (colapso do sistema econômico) e início de um "novo mundo", uma nova civilização voltada ao espiritualismo, amor e fraternidade. Nesta mesma linha de “juízo final”, outros falam que a chegada dos extraterrestres se dará após um cataclismo provocado pela passagem do “segundo sol” (como já falamos anteriormente).
Estudiosos do Calendário Maia como o espiritualista Fernando Malkun também defendem a teoria que a data será marcada por uma mudança de consciência: o fim do medo.
Não podemos esquecer que na visão espiritualista do “fim do mundo”, o lado material (catástrofes, fim do dinheiro, materialismo, consumismo, etc) é colocado em segundo plano. Não que isso não acontecerá. Eles falam que sim, mas o que vai separar um mundo do outro é uma mudança consciencial: a consciência egoísta e individualista “sou ser humano, pertenço ao planeta Terra” morrerá e nascerá a consciência universalista “sou a encarnação de um espírito, pertenço ao Universo”. Lembrando que para os espíritas e muitos espiritualistas os reprovados no “juízo final”, ou seja, aqueles que não mudarem a consciência frente as últimas “provas”, serão exilados no Nibiru/ Planet X e terão que recomeçar do zero todo o processo de reencarnação, enquanto que os aprovados para a nova Terra vão estar livres de recordações do passado e qualquer traço de egoísmo e individualismo. Serão os habitantes da nova Terra, do "mundo de regeneração", como os espíritas falam.
Como viu, muitos têm a sua versão do que vai ocorrer por volta de 2012. Mas se notar você vai ver que não será o “fim do mundo”, mas o fim de “um tipo de mundo”, da nossa civilização, sociedade, raça. Como sempre aconteceu, uma nova raça mais desenvolvida vai surgir após a extinção da velha.
Não nos restam dúvidas que nossa civilização está à beira do colapso. Nunca antes estivemos mergulhados em tantas crises ao mesmo tempo: superpopulação humana, pobreza e desigualdade social, crise financeira mundial, crise alimentar, crise energética, escassez de água e petróleo, consumismo frenético, ameaças de terrorismo e guerras nucleares, o reaparecimento de doenças mortais, escândalos envolvendo políticos, quedas de governos, mudanças climáticas e o aumento impressionante das catástrofes naturais e da extinção de espécies, além do agravamento da violência e distúrbios civis. Qualquer um que usar a inteligência deve compreender que, independentemente das profecias de 2012 se realizarem, nossa sociedade está caminhando a passos largos em direção ao precipício. Basta ser um bom observador e perceber isso. Por mais absurdo que possa parecer, isso não é nem um pouco irracional. Se voltar no tempo verá que grandes civilizações entraram em colapso quando atingiram o auge intelectual e tecnológico. Num só golpe elas desaparecerem da face da Terra, deixando apenas perguntas sem respostas e um grande mistério.
http://www.buscativo.com.br/ Postado por: Notícias do Mundo
domingo, 16 de maio de 2010
- OSHO * ALÉM DA PSICOLOGIA
Pergunta a Osho: Frequentemente, quando estou profundamente relaxado, um forte sentimento de morte surge em mim. Nesses momentos, eu me sinto como parte de todo o cosmos, e quero desaparecer nele. Por um lado, é uma bela sensação e eu fico muito grato por ela; por outro lado, desconfio disso: talvez eu não tenha dito "sim" a mim mesmo, ao meu ser, se o desejo de morrer é tão forte. Isso é um desejo suicida?
Não se trata de um desejo suicida.
Uma coisa básica sobre suicídio é que ele surge somente nas pessoas que estão muito apegadas à vida. E quando elas fracassam no seu apego, a mente se move para o polo oposto. A função da mente é a de "ou/ou": ou ela quer tudo, ou ela não quer nada.
A ânsia pela vida não pode ser realizada totalmente, porque a vida, como tal, é uma coisa temporal; ela está fadada a acabar num certo ponto. Você não pode ter uma linha somente com o começo; num lugar ou noutro, fatalmente haverá um fim.
Assim, as pessoas que cometem suicídio não são contrárias à vida — somente aparentam ser. Elas querem a vida na sua totalidade, elas querem apossar-se dela toda e, quando fracassam — estão fadadas a fracassar —, então, da frustração, do fracasso, elas começam a pensar em morte.
Aí então, o suicídio é a única alternativa. Elas não se sentirão satisfeitas seja com o que quer que a vida lhes ofereça — querem mais e cada vez mais e mais. A vida é curta e a série de desejos de ter cada vez mais e mais é infinita, então o fracasso é certo. Num lugar ou noutro, chega-se fatalmente a um momento em que elas sentem que foram trapaceadas pela vida.
Ninguém as está trapaceando — elas trapacearam a si mesmas. Elas andaram pedindo em demasia, e estiveram somente pedindo, não estiveram dando nada, nem mesmo agradecimentos. Na raiva, na ira, como vingança, o pêndulo da mente se move para o outro lado — contudo, elas não sabem contra quem estão se vingando. Elas estão matando a si mesmas — isso não destrói a vida, não destrói a existência.
Sendo assim, esta sua experiência não é de natureza suicida. É algo similar ao suicídio, mas em um nível diferente e vindo de uma dimensão totalmente diferente.
Quando você está relaxado, quando não existe nenhuma tensão em você, quando não há nenhum desejo, quando a mente está tão silenciosa quanto um lago sem ondulações, surge em você um profundo sentimento de desaparecer naquele momento, porque a vida não lhe deu nada melhor do que isto. Houve momentos de felicidade, de prazer, mas aquele é algo muito além da felicidade e do prazer: é pura bem-aventurança.
Sair dele é realmente penoso. A pessoa tem que ir mais fundo, e ela vê que ir mais fundo significa desaparecer. A maior parte dela já desapareceu no relaxamento, no silêncio, na ausência de desejos. A maior parte da sua personalidade já morreu, apenas um pequeno fiapo de ego ainda está ali dependurado ao redor.
E ela gostaria de dar um salto para fora do círculo do ego, porque, se o relaxamento, mesmo com o ego, pode trazer tanta bênção, a pessoa não pode nem imaginar qual seria o resultado se tudo se dissolvesse, de modo que ela pudesse dizer: "Não sou e a existência é."
Isso não é instinto suicida. Isso basicamente é o que se quer dizer por libertação espiritual: é a libertação do ego, do desejo, até mesmo do desejo pela vida. É a total liberação, é a absoluta liberdade.
Mas, nesta situação, esta questão está fadada a surgir em todo mundo. A questão está surgindo não da sua inteligência: a questão está surgindo da sua covardia. Você realmente quer uma desculpa para não se dissolver, não se evaporar dentro do infinito.
Imediatamente, a mente lhe dá a ideia de que o suicídio é isso — "Não cometa suicídio. Suicídio é pecado, suicídio é um crime. Retorne!". E você começa a retornar. E "retornar" significa tornar-se tenso novamente, novamente cheio de ansiedades, novamente cheio de desejos. Novamente todo o trágico drama da sua vida...
Isso é o seu medo da total dissolução. Mas você não quer aceitar isso como medo, assim, você lhe dá um nome condenatório — suicídio. Não tem nada a ver com suicídio; isso é realmente entrar mais fundo dentro da vida.
A vida possui duas dimensões. Uma é horizontal — na qual todos vocês estão vivendo, na qual vocês estão sempre pedindo por mais e cada vez mais e mais. A quantidade não é a questão; nenhuma quantidade vai satisfazê-los.
A linha horizontal é a linha quantitativa. Você pode ir seguindo sem parar. Ela é como o horizonte — à medida que você segue adiante, o horizonte continua recuando. A distância entre você e a meta do seu "cada vez mais", a meta do desejo, permanece sempre a mesma.
Ela era a mesma de quando você era uma criança, era a mesma de quando você era jovem, será a mesma quando você for idoso. A distância permanecerá a mesma até o seu último suspiro.
A linha horizontal é uma ilusão. O horizonte não existe, somente aparenta — lá, talvez a apenas algumas milhas de distância, o céu esteja encontrando-se com a terra. Eles não se encontram jamais. E a partir do horizonte vem a linha horizontal — sem fim, porque a meta é ilusória; você não pode torná-la realidade.
E a sua paciência é limitada, seu período de vida é limitado. Um dia, você percebe que tudo parece fútil, sem significado: "Estou me arrastando sem necessidade, me torturando, chegando a lugar nenhum..." Aí então o oposto surge em você — "Destruir-se. Não vale a pena viver, porque a vida promete, mas jamais dá o prometido."
Mas a vida tem uma outra linha — uma linha vertical. A linha vertical se move em uma dimensão totalmente diferente. Em tal experiência, por um momento, você vira sua face na direção vertical.
Você não está pedindo — eis por que está recebendo.
Você não está desejando — eis por que tanto torna-se disponível a você.
Você não tem uma meta — eis por que você se aproxima tanto dela.
Devido a não haver nenhum desejo, nenhuma meta, nenhuma pergunta, nenhum pedido, você não tem qualquer espécie de tensão — você está completamente relaxado.
Nesse estado relaxado está o encontro com a consciência.
O medo surge no momento em que você chega ao ponto de dissolver sua última parte, porque, então, será irrevogável: você não será capaz de retornar.
Já contei muitas vezes um belo poema de Rabindranath Tagore. O poeta estava procurando por Deus há milhares de vidas. Ele o via às vezes, lá longe, próximo a uma estrela, e ele começou a mover-se naquele caminho, mas, no momento em que chegou àquela estrela, Deus mudou-se para outro lugar.
Mas ele continuou procurando e procurando — ele estava determinado a descobrir a casa de Deus — e a surpresa das surpresas foi que, certo dia, ele de fato chegou a uma casa onde na porta estava escrito: "Casa de Deus".
Você pode compreender o seu êxtase, pode compreender sua alegria. Ele corre escada acima e, bem na hora em que ia bater à porta, de repente sua mão gela. Surge-lhe uma ideia: "Se por acaso esta for realmente a casa de Deus, então, estou morto, minha busca acabou. Fiquei identificado com a minha busca, com a minha procura. Eu não sei fazer mais nada... Se a porta se abrir e eu encontrar-me com Deus, estou morto... — acabou-se a busca. E depois? Depois há uma eternidade entediante — nenhum excitamento, nenhuma descoberta, nenhum desafio novo, pois não pode haver nenhum desafio maior do que Deus."
Ele começou a tremer de medo, tirou os sapatos dos pés e desceu de volta os lindos degraus de mármore. Ele tirou os sapatos, de modo que não fosse feito nenhum barulho, pois o seu medo era até de fazer barulho nos degraus... Deus podia abrir a porta, embora ele nem tivesse batido. E, então, ele correu tão depressa quanto jamais correra antes.
Ele pensava que estava correndo atrás de Deus tão depressa quanto podia, mas nesse dia, subitamente, ele encontrou a energia que jamais tivera antes. Correu como jamais tinha corrido, sem olhar para trás.
O poema termina assim: "Eu ainda estou procurando por Deus. Conheço sua casa, assim a evito e busco em outro lugar. A excitação é grande, o desafio é grande e, na minha busca, eu prossigo, continuo a existir. Deus é um perigo — eu seria aniquilado. Mas agora eu não tenho medo nem de Deus, porque conheço Sua casa. Sendo assim, deixando de lado a Sua casa, continuo procurando por Ele, ao redor de todo o universo. E lá no fundo eu sei que minha busca não é por Deus: minha busca é para nutrir o meu ego."
Eu coloco Rabindranath Tagore como um dos maiores religiosos do nosso século, embora ele não seja, comumente, relacionado à religião. Mas somente um homem religioso de enorme experiência poderia escrever este poema; não é apenas uma poesia comum: ela contém uma grande verdade.
E é isso o que a sua questão está levantando. Relaxado, você chega a um momento em que você sente que vai desaparecer, e então você pensa: "Talvez isto seja um instinto suicida."; e retorna ao seu velho mundo miserável. Mas esse mundo miserável possui uma coisa: ele protege o seu ego, permite-lhe ser.
Esta é uma estranha situação: a bem-aventurança não permite você; você tem de desaparecer. É por isso que você não vê muitas pessoas abençoadas no mundo. A miséria nutre o seu ego — é por isso que você vê tanta gente miserável no mundo. O ponto central, básico, é o ego.
Sendo assim, você não chegou a um ponto de suicídio. Você chegou a um ponto de nirvana, de cessação, de desaparição, do apagar da vela. Esta é a última experiência. Se você puder juntar coragem... só mais um passo... A existência está apenas a um passo distante de você.
Não dê ouvidos ao lixo da sua mente, dizendo que isto é suicídio. Você não está bebendo veneno, nem se dependurando numa árvore, e nem tampouco dando um tiro de revólver em si mesmo — onde o suicídio?
Você está simplesmente tornando-se mais tênue e cada vez mais e mais tênue. E chega um momento em que você está tão diluído e tão espalhado por toda a existência, que você não pode dizer que você é, mas pode dizer que a existência é.
A isto chamamos de iluminação, não de suicídio.
A isto chamamos de realização da suprema verdade. Mas você tem de pagar o preço. E o preço não é nada, senão o abandono do ego. Sendo assim, quando um tal momento vier, não hesite. Dançando, desapareça... com uma grande gargalhada, desapareça; com canções em seus lábios, desapareça.
Eu não sou um teórico, isto aqui não é uma filosofia minha. Eu cheguei à mesma linha limítrofe muitas vezes, e retornei. Eu também encontrei a casa de Deus muitas vezes e não pude bater. Jesus tem alguns dizeres... Um dos dizeres é este: "Bata, e a porta se abrirá para você." Se esta frase tem algum sentido, este é o sentido que estou lhe dando agora.
Assim, quando esse momento vier, regozije-se e dissolva-se. É da natureza humana — e compreensível — que muitas vezes você retorne. Mas essas muitas vezes não contam. Uma só vez, junte toda a coragem e dê um salto.
Você será, mas de modo tão novo, que não poderá conectá-lo com o velho. Será uma descontinuidade. O velho era tão frágil, tão restrito, tão medíocre... e o novo é tão vasto... De uma pequenina gota de orvalho, você tornou-se o oceano.
Mas até mesmo uma gota de orvalho, ao escorregar de uma folha de lótus, treme por um momento, tenta agarrar-se um pouco mais, porque ela já pode ver o oceano... uma vez que tenha caído da folha de lótus, acabou-se.
Sim, de certo modo, ela não mais será — como uma gota de orvalho, ela terá deixado de ser. Mas isso não é uma perda. Você será oceânico.
E todos os outros oceanos são limitados.
O oceano da existência é ilimitado.
Osho, em "Além da Psicologia — Discursos no Uruguai"
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